Um encontro sediado na Unicamp retoma a discussão sobre a segurança humana em contextos de desastres. As catástrofes hoje vêm exigindo, tanto dos governantes quanto da sociedade, políticas de prevenção e ações que contemplem as diferentes situações de exposição. O Programa de Estudos “População, Ambiente e Desenvolvimento: Segurança Humana em Contextos de Desastres” é um desses espaços, dentro da Academia, que reúne gestores de diferentes partes do Brasil até quarta-feira para darem sua contribuição a essa problemática. O evento, que está em sua quarta edição, é coordenado pelo Núcleo de Estudos da População (Nepo) da Unicamp e pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres (Neped) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A seguir uma entrevista com o professor Roberto Luiz do Carmo, coordenador do programa.

Portal Unicamp – O que será abordado nesse programa de estudos?
Roberto – Esse encontro diz respeito a um convite que foi feito para pessoas e instituições que trabalham com a questão da segurança humana e os desastres socioambientais no Brasil. A gente tem aqui alguns dos principais agentes institucionais, além da sociedade civil e de membros da Academia que vivenciaram em seu trabalho de pesquisa, em sua ação, uma certa responsabilidade na tomada de decisões em momentos de desastre. A ideia, ao trazer essas pessoas, essas instituições, é fornecer alguns elementos que têm emergido durante essa parceria Nepo e Neped para pensar a segurança humana, mas a partir de uma dimensão social. Esse é um diferencial.

Portal Unicamp – Como isso vem sendo planejado?
Roberto – Estamos trazendo no encontro elementos que dizem mais respeito às dimensões humanas. Logo, discute-se a demografia, as organizações sociais, as questões conceituais sobre a segurança humana, e uma ampla abordagem é feita acerca da vulnerabilidade, com a qual temos trabalhado. É preciso verificar como essa vulnerabilidade se configura num momento antes e depois dos desastres: Será aquela situação de fato de vulnerabilidade como entendia-se? Que tipo de implicação houve numa situação concreta de desastre? É o enfoque mais específico do curso, realmente as dimensões humanas.

Portal - Na sua opinião, as discussão já avançaram para o aspecto prático?
Roberto – A intenção desse programa de estudos é avançar e organizar um material que sirva como um baseline, uma referência básica para as discussões que serão feitas daqui para a frente. Então existe uma legislação que está sendo feita no âmbito da Defesa Civil e ações que estão sendo realizadas. Mas falta ainda uma reflexão mais pontual. Acho que a Academia pode ajudar a resolver bastante isso, dando subsídios e gerando um produto final, ao longo desses três dias. Pretendemos sinalizar para um produto que possa ser difundido para todos os municípios do Brasil e que ajude a trabalhar melhor a segurança humana nos contextos de desastre.

Portal – Quem participa dessas atividades?
Roberto – Gestores e organizações da sociedade civil. São cerca de 40 participantes, juntando os externos e os nossos que estão acompanhando daqui mesmo.

Portal – Quais temas serão debatidos?
Roberto - Procuraremos abordar a relação população, ambiente e desenvolvimento até questões mais relacionadas a desastres, a partir de uma perspectiva das Ciências Sociais, como a segurança humana nos diferentes contextos de desastres; a vulnerabilidade: aspectos conceituais e aspectos práticos da operacionalização do seu conceito.

Portal – Quem são os promotores do evento?
Roberto – A Rede Clima é o grande catalisador desse evento, no sentido de que possibilita um ambiente para juntar essas pessoas, essas instituições, de modo a fazer com que essa informação circule e seja divulgada, trazendo um ganho mais significativo em termos de organização das informações. Esse é o papel de catalisadora. Já o programa é uma iniciativa conjunta das equipes do Nepo e Neped para apresentar a síntese teórica e conceitual sobre o tema e organizar uma discussão qualificada com os convidados.
 
Portal – Quem vocês convidaram?
Roberto – Os convidados são representantes da Defesa Civil ou Assistência Social de cidades recentemente afetadas nos últimos dois anos por desastres naturais nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Além destes, teremos representantes nas esferas Estadual (Defesa Civil e Assistência Social) e também um promotor público de cada Estado; e Federal, como a Secretaria Geral da Presidência da República, Secretaria de Vigilância em Saúde, Itamaraty - SG Fome e Ministério da Defesa na Esfera Federal.