Evento debate Patrimônio Material
e Imaterial e Divulgação Científica

13/11/2012 - 14:46

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Mesa de abertura

Mesa de abertura

A professora Raquel Funari

A professora Raquel Funari

O jornalista Reinaldo Lopes

O jornalista Reinaldo Lopes

Quem não se comunica se trumbica. A célebre frase do apresentador de TV Abelardo Barbosa, o Chacrinha, foi lembrada na manhã desta terça-feira (13) pelo arqueólogo Paulo Zanettini, um dos conferencistas convidados para participar do evento Fóruns Permanentes Arte, Cultura e Educação, que tratou do tema “Patrimônio Material e Imaterial e Divulgação Científica”. De acordo com ele, a divulgação de assuntos relacionados à arqueologia para além da academia é fundamental para ajudar a sociedade a conhecer melhor a sua história.

Segundo Zanettini, as pessoas precisam saber, entre outros aspectos, que a arqueologia não é feita somente nos museus ou sítios ligados a civilizações antigas, nem tampouco está relacionada à figura do personagem Indiana Jones. “Hoje, os arqueólogos estão trabalhando nos canais de esgoto dos centros urbanos e nos canteiros de obras de barragens e rodovias. Eles desenvolvem estudos preventivos para evitar que o patrimônio histórico seja perdido ou negligenciado, de modo a ser devolvido à sociedade”, lembrou.

Outro palestrante, o jornalista Reinaldo José Lopes, editor de Ciência e Saúde do jornal Folha de S. Paulo, também destacou a importância da divulgação científica, observando que a atividade ajuda a prestar contas à sociedade sobre o investimento público em ciência e contribui para que o cidadão, de posse de informações qualificadas, possa influenciar nas discussões sobre temas de interesse geral nessa área. “No caso específico da arqueologia, a divulgação científica ajuda as pessoas a compreenderem o próprio passado”, pontuou.

A historiadora Raquel Funari, colaboradora do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, que trabalha a questão do patrimônio histórico com crianças e adolescentes, destacou que a divulgação científica não deve ser exercida somente por jornalistas. “Os cientistas também podem contribuir para que a ciência chegue a um público mais amplo, escrevendo artigos, produzindo livros e elaborando cartilhas”, sugeriu. A docente defendeu, nas abordagens sobre arqueologia, o emprego de termos como “vestígios ou artefatos arqueológicos” e não “caquinhos”, para que o tema não seja banalizado.

A colocação de Raquel Funari foi rebatida por Reinaldo Lopes, que considerou o uso de termos correntes mais apropriado para atingir o grande público. “Não vejo nada demais em dizer que algumas peças arqueológicas são cacos, pois muitas vezes é o que eles são de fato. Obviamente, o uso de termos correntes não impede que o texto explique de forma aprofundada os processos e metodologias, inclusive com o uso de expressões menos corriqueiras”, disse.

Participaram da mesa de abertura do evento a professora Carmen Zink Bolonhini, que representou o coordenador geral da Unicamp, professor Edgar Salvadori De Decca; o professor Pedro Paulo Funari, coordenador do Centro de Estudos Avançados (CEAv) da Unicamp; a professora Aline Carvalho, coordenadora do Laboratório de Arqueologia Pública Paulo Duarte (LAP) da Unicamp e uma das organizadoras do fórum; e a professora Vera Toledo, pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp (Labjor), outra organizadora dos debates.