Tecnologia desenvolvida na
Unicamp inova indústria de alimentos

20/12/2012 - 10:45

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Professor Daniel Arellano e o pesquisador Rodrigo Gonçalves

Professor Daniel Arellano e o pesquisador Rodrigo Gonçalves

João Gustavo Oreana, responsável pelo laboratório de desenvolvimento e pesquisa da empresa Brejeiro

João Gustavo Oreana, responsável pelo laboratório de desenvolvimento e pesquisa da empresa Brejeiro

Renato Grimaldi

Renato Grimaldi

Pesquisadores do Laboratório de Óleos e Gorduras da Faculdade de Engenharia dos Alimentos da Unicamp (FEA) desenvolveram uma nova tecnologia denominada Nitryx-MIX™, que chega ao mercado em forma de produto. A tecnologia – desenvolvida pelos pesquisadores Daniel Barrera Arellano e Renato Grimaldi, da FEA; Rodrigo Gonçalves e Fernando Gomide, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp (FEEC) – consiste em uma ferramenta baseada em inteligência artificial que tem como finalidade formular produtos com base em gorduras interesterificadas ou hidrogenadas. Dessa maneira, após concedidas as matérias-primas disponíveis, o produto encontra a formulação que maximiza sua performance nutricional e minimiza o custo, sendo uma inovação na área alimentícia.

A patente da tecnologia foi depositada no ano de 2008 e, em 2012, foi licenciada para a empresa Nitryx, que tem como sócio fundador o professor Rodrigo Gonçalves, um dos inventores da tecnologia. De acordo com Rodrigo, foram necessários 15 anos de pesquisa consubstanciada em teses de mestrado e doutorado para a criação de uma tecnologia viável comercialmente. “Ao longo dos anos, a equipe aperfeiçoou os algoritmos e os testou em diferentes cenários operacionais. Após o depósito da patente, foram necessários alguns testes adicionais para garantir o desempenho da tecnologia em produtos low-trans”, afirma.

O pesquisador ainda explica que a fabricação de diversos alimentos consumidos pela população é feita através da mistura de diferentes gorduras de origem animal ou vegetal. “Estas gorduras passam por processos de hidrogenação ou interesterificação e são misturadas em proporções bem determinadas para possuírem características específicas. Adicionalmente, deseja-se que o produto tenha certas características nutricionais, como baixo teor de ácidos graxos trans e saturados”. Rodrigo afirma que a formulação de produtos low-trans e low-sat é um grande desafio para a indústria alimentícia. “É nesse cenário que se destaca o Nitryx-Mix™, considerada uma peça chave nessa formulação. O produto quebra os paradigmas necessários para dar mais um salto de qualidade nutricional em nossos alimentos”, ressalta.

Após a realização de testes e constatações, o processo de licenciamento da tecnologia foi um passo natural, já que a Nitryx acompanha o produto desde o início e suportou todas as fases de seu amadurecimento.  Esse processo foi feito por intermédio da Agência de Inovação Inova Unicamp, que auxiliou no depósito do pedido de patente e na formatação do contrato de licenciamento. De acordo com Patricia Magalhães de Toledo, diretora de propriedade intelectual e transferência de tecnologia da Inova Unicamp, um dos escopos da Agência é auxiliar o pesquisador da Unicamp inclusive após o depósito da patente. “A Inova atua com o objetivo de estimular a relação universidade-empresa e a inovação na Unicamp em diversos âmbitos. Um deles é o auxílio ativo no processo de licenciamento de uma tecnologia para uma empresa. Dessa maneira, é possível dar andamento ao desenvolvimento da tecnologia para disponibilizá-la ao mercado e, assim, trazer benefícios diretos à sociedade”, completa.

Atualmente, a Nitryx está em fase de comercialização do Nitryx-Mix™ para seu primeiro cliente; trata-se da Brejeiro, empresa do setor alimentício que pretende usufruir dos benefícios do produto. A Brejeiro iniciou suas atividades guiadas pelos princípios de qualidade e inovação e possui a soja como matéria-prima essencial de grande parte de seus produtos. Nesse sentido, a tecnologia oriunda da Unicamp despertou interesse da empresa. “Por possuir a soja e produzir seus derivados, a Brejeiro teve interesse em aderir à tecnologia para que pudesse reduzir a quantidade de óleo de palma utilizada na produção de gorduras”, explica Sonali de Oliveira Silva, assessora de imprensa da Brejeiro. Para João Gustavo Oreana, responsável pelo laboratório de desenvolvimento e pesquisa da empresa Brejeiro, as precisões nas fórmulas de gordura obtidas pelo Nitryx-MIX™ possibilitam a produção ideal para cada tipo de cliente. “A diminuição de ácidos graxos saturados, o aumento de ácidos graxos polisaturados e a ausência de gordura trans são algumas das vantagens para o consumidor final desse produto”.

A curto prazo, a empresa Brejeiro tem por objetivo desenvolver esta nova ferramenta e disponibilizar amostras para teste em plantas aos clientes. De acordo com o inventor Rodrigo, as perspectivas para novas comercializações do Nitryx-Mix™ também são positivas. “O objetivo é atingir o mercado global com o produto, já que todas as empresas que produzem matérias-primas e produtos finalizados baseados em gorduras são potenciais clientes desse produto”, finaliza.