Mapeando micro-organismos da cana

04/02/2013 - 17:20

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Recepção aos representantes da UPM e da Repsol

Recepção aos representantes da UPM e da Repsol

Paulo Arruda: um mistério a desvendar

Paulo Arruda: um mistério a desvendar

Gonzalo Leon: centro conjunto de bioenergia

Gonzalo Leon: centro conjunto de bioenergia

A Unicamp e a Universidade Politécnica de Madri (UPM) estão dando início a um projeto conjunto de pesquisa cuja temática é inédita inclusive no plano mundial: a investigação dos micro-organismos de uma planta importante, a cana-de-açúcar. O reitor Fernando Costa recebeu nesta segunda-feira uma delegação de representantes da UPM e da Repsol Sinopec Brasil, companhia energética que vai apoiar financeiramente o projeto denominado Sacaroma – o primeiro dentro do acordo de cooperação firmado pelas duas instituições de pesquisa no final de 2011.

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Fernando Costa  Gonzalo Leon
Paulo Arruda  Ronaldo Pilli

O professor Paulo Arruda vai executar o projeto pela Unicamp, tendo como parceiro o professor Juan Imperial, do Centro de Biotecnologia e Genômica de Plantas da UPM. Arruda explica que embora estas pesquisas sejam intensas em biomédicas, por conta da relação entre algumas enfermidades e a população de micro-organismos que habitam o ser humano, o microbioma de plantas é uma área totalmente desconhecida. “Estamos ansiosos para desvendar esse mistério, através de um projeto que certamente vai ajudar a construir um novo olhar para as plantas e os processos agrícolas.”

Salientando o alto interesse na cana-de-açúcar para a produção de bioenergia, Paulo Arruda aponta benefícios que as tecnologias avançadas em genômica e bioinformática para mapear seus micro-organismos podem oferecer. “Será possível desvendar mecanismos benéficos – e maléficos – para o seu desenvolvimento, produtividade e resposta ao ambiente, que muitas vezes dependem da composição de micro-organismos que existem dentro da planta, colonizando as raízes e a superfície em particular.”

Para o pesquisador da Unicamp, as informações podem levar a tecnologias que viabilizem uma agricultura mais sustentável, baseada em micro-organismos capazes de absorver nutrientes do solo, fixar o nitrogênio da atmosfera e, com isso, diminuir o impacto da adição de adubos químicos. “Temos interesse particular nos fixadores de nitrogênio. A cana-de-açúcar consegue suprir suas necessidades do nutriente, que é encontrado em quantidade bem maior na planta do que na forma de adubo. A pergunta é: de onde vem tanto nitrogênio? Provavelmente da fixação biológica feita por micro-organismos.”

No Lactad
A pedido do reitor Fernando Costa, Paulo Arruda observou que o projeto Sacaroma chega no momento da inauguração, no próximo mês, da sede do Laboratório Central de Tecnologias de Alto Desempenho (Lactad), que já vem disponibilizando à comunidade interna equipamentos de alto custo e complexidade. “Todo o trabalho será executado nesta nova ‘facility’, uma unidade de genômica e bioinformática com sequenciadores de segunda geração. A Unicamp hoje possui essa competência internalizada para dar suporte ao projeto. Vamos casar uma ideia muito interessante com o apoio deste laboratório de tecnologia de alto desempenho.”

Os equipamentos do Lactad foram adquiridos através do Programa Multiusuários da Fapesp. O professor Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, elogiou a parceria. “A colaboração da Unicamp com a Universidade Politécnica de Madrid é um grande passo para o avanço da pesquisa em bioenergia. O projeto indica que a intensidade da cooperação científica na Unicamp tem crescido. A infraestrutura construída no Lactad é fundamental para essa cooperação e temos certeza de que essa ‘facility’ dará grande contribuição à pesquisa na área em São Paulo, inclusive pelo pioneirismo de sua forma de operação.”

Pelo lado da instituição espanhola, o professor Gonzalo Leon, vice-presidente para Programas Estratégicos, afirmou que o projeto Sacaroma marca o início efetivo de um plano estratégico com a Unicamp para a criação progressiva de um centro conjunto de bioenergia. “Amanhã teremos uma reunião buscando um acordo de colaboração entre o Ministério de Economia e Competividade da Espanha e a Fapesp, precisamente para a criação de laboratórios de atividades conjuntas entre os dois países. E a ideia é utilizar este exemplo da Unicamp.”