Secretária municipal sugere em fórum
aglutinação de políticas para deficiente

07/03/2013 - 11:02

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Professora Núbia Bernardes, organização

Professora Núbia Bernardes, organização

Mesa do Fórum de Ensino Superior

Mesa do Fórum de Ensino Superior

Público no Centro de Convenções

Público no Centro de Convenções

Os músicos Vilson Zattera e Mateus Berger

Os músicos Vilson Zattera e Mateus Berger

A secretária municipal Emmanuelle

A secretária municipal Emmanuelle

Aqui é um berço da mudança de mentalidade e um dos importantes espaços de fomento para políticas públicas de inclusão de pessoas com deficiência. Este foi um dos aspectos abordados pela secretária municipal do Direito das Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida Emmanuelle Garrido Alkmin Leão, durante discurso proferido no Fórum de Ensino Superior na manhã desta quinta-feira, no Centro de Convenções da Unicamp. Portadora de uma deficiência visual, Emmanuelle é movida por desafios cotidianos. Um deles foi ter se graduado em Direito em 2001. "Dois anos depois, mudava o Código Civil, o que exigiu nova adaptação, assim como ocorreu com a acessibilidade", comentou. 

Segundo a palestrante, que hoje atua ativamente junto ao município de Campinas, a política pública deve ser fomentada pelo Estado e proposta pela sociedade. E felizmente, em sua opinião, o tema inclusão tem feito parte das pautas do governo. "São atividades de 20-30 anos. Não há como desprezar essas práticas e o que estamos experimentando no momento. Mesmo no município, o Estado também se faz presente", afirmou. "E o melhor: quando as melhorias vão para as pessoas com deficiência, elas também vão para outras pessoas", salientou.

Emmanuelle adotou um discurso literário que, conforme ela, só foi conseguido graças à leitura e o acesso ao conhecimento. "Sonho que vai chegar um ponto em que a dicussão sobre a acessibilidade será praticamente desnecessária, tal o avanço. Daí logicamente será mais cômodo viver numa sociedade em que envelhecer equivalerá a ganhar experiência", pontuou. "Um governo bom transforma em boa a vida das pessoas. Além disso, formar governantes que lidam com acessibilidade significa que no exercício do poder estarão aptos ao cargo. Parabenizo a Unicamp que forma muitos dos governantes do país. Vocês produzem conhecimento de base e o governo o aplica. A isso chamo aglutinação."

A palestrante ressaltou a incapacidade de entender o mundo se não se tem condições de fazer leitura, a qual não precisa ocorrer tão-somente no papel. Relembrou a destruição da Biblioteca de Alexandria pelo fogo. "Quem não pensou que, se não tivéssemos aquele acervo incorporado à vida dos leitores, como seria?", refletiu. Através da leitura de clássicos, Emmanuelle disse ter aprendido um "olhar oblíquo e dissimulado" com Machado de Assis, "dar um beijo no retrato" com José de Alencar e "que a metafísica é uma consequência de estar maldisposto" com Fernando Pessoa, entre outros escritores. "Aprendi que, para aprender palavras, preciso emprestá-las dos poetas, e estas permitem reflexão e aglutinação. Sem ler, jamais teria como conversar com vocês hoje", observou. "Mas às vezes é preciso dar um passo atrás, na visão tradicional, para a inclusão. É preciso ter numa mesa de debates deficientes que vivenciam sua deficiência no dia a dia. Quero ver deficientes brincando com as palavras e sentindo o que é uma dança através da leitura."

Emmanuelle defendeu que a sociedade precisa trabalhar na direção de reduzir as limitações do deficiente, de acordo com as recomendações da ONU. "É ser, na diferença, igual", enfatizou. Ela recordou a estória do Patinho Feio que se tornou um belíssimo cisne. Indagou por que o cisne não pode se tornar o Patinho Feio? Outra coisa: quando ele se tornou um cisne foi morar com outros cisnes. Com isso, a igualdade formal parecia mantida e a felicidade também. "Que tal abrir mão da igualdade formal de modo que os patinhos feios andem em meio aos cisnes e os cisnes em meio aos patinhos feios", convidou a secretária.

O Fórum de Ensino Superior foi promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) e organizado pela Biblioteca Central "Cesar Lattes", Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) e Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied). Teve como tema "Bibliotecas acessíveis no Ensino Superior" e de transcorrer ao longo do dia. O evento contou com uma apresentação de Vilson Zattera, ao violão, e de Mateus Berger Kuschinck, à flauta, ambos músicos da Unicamp. Assista ao vivo o Fórum desta quinta-feira.