Docente do
IFGW escreve
na PNAS sobre
as ‘espécies
em anel’

12/03/2013 - 09:31

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Simulação focando o pássaro Greenish Warbler

Simulação focando o pássaro Greenish Warbler

Marcus Aguiar, um dos autores do artigo na PNAS

Marcus Aguiar, um dos autores do artigo na PNAS

A prestigiosa revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), dos EUA, acaba de publicar artigo assinado por autores brasileiros que simula a evolução das chamadas “espécies em anel”.  Os pesquisadores criaram programas de computação que permitem prever, a partir de dados reais de uma espécie de pássaro, como ela vai gradualmente evoluir em espécies distintas no horizonte de 30 mil anos. Trata-se do Greenish Warbler (Phylloscopus trochiloides), uma ave cantante que habita florestas na Sibéria e em torno do Planalto Tibetano – seu nome pode ser traduzido para o português como Felosa Esverdeada.

O professor Marcus Aloizio Martinez de Aguiar, do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp, assina o artigo com Ayana de Brito Martins, bióloga e sua aluna de doutorado pela USP, e Yaneer Bar-Yam, do New England Complex Systems Institute. “Esse trabalho está relacionado com um anterior, publicado na Nature e que o Jornal da Unicamp também registrou. Nele, já mostrávamos que novas espécies podem se formar de uma maneira diferente. A mais aceita pelos biólogos é baseada na divisão geográfica de uma população em duas partes, devido, por exemplo, ao surgimento de rios ou montanhas. É o mecanismo de especiação alopátrica, em que as duas populações vão evoluindo independentemente, adquirindo características diferentes.”

Marcus Aguiar afirma, entretanto, que cresce o número de evidências de outras formas de especiação, como a simpátrica, onde não ocorre o isolamento geográfico, ou onde o  isolamento é apenas parcial. Segundo o docente do IFGW, na mesma época em que seu trabalho foi publicado na Nature (em meados de 2009), surgiu o interesse por um tema veiculado na Science sobre pássaros restritos ao sul do Planalto Tibetano durante o último período glacial. “O confinamento ocorria devido à glaciação e, ao final dela, os pássaros foram acompanhando a expansão da floresta, pelo leste e oeste do Platô. Eles foram se diferenciando durante a expansão e, quando as duas frentes se encontraram no norte, os indivíduos do leste já não conseguiam se acasalar com os do oeste: já eram duas espécies distintas, mas olhando ao longo desse anel vemos uma espécie só, uma variação contínua. Essas características definem as espécies em anel”.

A publicação na PNAS refere-se à simulação do processo de formação deste anel de pássaros na Ásia, o que exigiu várias modificações nos programas de computador originais. Nos programas, o genoma dos indivíduos, que controla várias de suas características, é codificado como uma sequência binária. “No caso das felosas, o canto é a característica principal que permite o reconhecimento de indivíduos da espécie. Quando o canto é parecido, eles se reconhecem e a reprodução é possível. Pássaros que vivem na mesma área cantam de modo similar, mas o canto se diferencia à medida que a distancia entre os pássaros aumenta. Dessa forma, os pássaros do norte que se originaram da expansão pelo leste não reproduzem com os vieram pelo oeste, já que o canto ficou muito diferente. Esse processo é descrito pelo programa. O interessante é que, com o modelo, podemos observar o que vai acontecer no futuro. E a nossa previsão é de que esse anel de pássaros vai realmente ‘especiar’ – se quebrar em espécies distintas – dentro de aproximadamente trinta mil anos”.

O artigo na PNAS pode ser conferido em https://www.pnas.org/content/early/2013/03/06/1217034110.abstract

Comentários

Muito bom e interessante a notícia

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