Doenças negligenciadas são foco de
colaboração internacional para pesquisa

18/03/2013 - 17:23

DNDi em reunião no Instituto de Química

Doença de Chagas, leishmaniose e malária estão entre as chamadas doenças negligenciadas que foram pauta das reuniões ocorridas na quinta-feira (14), na Unicamp, com a organização iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (Drugs for Neglected Diseases initiative – DNDi). O reitor Fernando Costa recebeu a comitiva da organização, juntamente com o pró-reitor de extensão João Frederico da Costa Azevedo Meyer, que depois seguiu para o Instituto de Química, onde a aguardavam os professores Antônio C. Herrera Braga, vice-diretor do Instituto, e Luiz Carlos Dias, principal responsável pelas pesquisas nessa área realizadas na Universidade . A visita teve como objetivo acertar os detalhes do convênio que está sendo firmado entre as duas instituições.

A Unicamp já vem trabalhando, desde 2008, com a Organização Mundial da Saúde, em um projeto relacionado à preparação de compostos para a doença de Chagas. Segundo o professor o Luiz Carlos Dias, a parceria com a DNDi é uma continuação desse projeto, começando com a doença de Chagas, com possível extensão para outras doenças, como leishmaniose.

“Nossa organização trabalha para desenvolver medicamentos para doenças negligenciadas, que são doenças relacionadas à pobreza, e não há interesse do mercado”, destaca Fabiana Alves, gerente de projetos da DNDi,““começamos o projeto que envolve uma primeira fase de descoberta de novos compostos, seguida de modificação destes compostos para se melhorar sua atividade ou segurança. Há um primeiro momento em que se descobre compostos que tem potencial e depois seguimos em frente até o desenvolvimento clínico.” A DNDi é uma organização de pesquisa e desenvolvimento sem fins lucrativos, com sede em Genebra, Suíça, que trabalha para oferecer novos tratamentos para doenças negligenciadas.

O diálogo com a Unicamp começou há aproximadamente um ano, em julho 2012, em Cambridge, e é  pioneiro na América Latina por envolver a pesquisa desde essa fase mais inicial. “Esperamos a partir dessa colaboração encontrar moléculas que são muito difíceis de serem encontradas e que futuramente podem se tornar medicamentos.”, afirma Eric Stobbaerts, diretor da DNDi do escritório regional da América Latina. Até o momento, as parcerias realizadas com países como Bolívia e Argentina abrangeram apenas a fase de desenvolvimento clínico.

Dias explica que trata-se de uma colaboração complementar, uma vez que a equipe da Unicamp  tem a expertise na área de síntese química de compostos, enquanto a DNDi deverá promover o acesso a bibliotecas de compostos de seus parceiros, que incluem organizações como o TDR/OMS, instituições acadêmicas e mais recentemente acesso a bibliotecas de compostos de indústrias farmacêuticas. Ele destaca a abertura para trabalhar com uma grande diversidade de séries de compostos, com diferentes mecanismos de ação, que podem ser otimizados para responder às necessidades dos pacientes afetados pelas doenças negligenciadas – em geral que possam ser administrados por via oral, de boa eficácia, baixa toxicidade e de baixo custo.

Stobbaerts enfatiza a os benefícios em trazer conhecimentos gerados fora do país para a Unicamp onde se encontra a “excelência científica”, do Brasil, nesse momento. “Para nós é também usufruir do conhecimento e da tecnologia que existem aqui no Brasil, um pais onde estas doenças continuam sendo endêmicas”, reflete.  “Esperamos que este tratamento que venha a ser descoberto, que será uma inovação, venha a ser disponibilizado à população do Brasil, da América Latina e, porque não, do resto do mundo.”