Aposentados da Unicamp contam
por que vão continuar trabalhando
12/04/2013 - 09:48
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Hoje não preciso mais acordar com pressa para ir à Unicamp. Chegou afinal a minha aposentadoria. O que fazer? A dúvida de alguns traz para outros uma grande certeza: "não vou querer parar; vou arranjar outra coisa para fazer". Esse é o caso de tanta gente. É também o caso de Anália Costa Carneiro, a primeira costureira do Hospital de Clínicas (HC), onde trabalhou por 28 anos. Vai continuar trabalhando e conta como foi o começo na Universidade.
Ela veio do Hospital Irmãos Penteado, no centro de Campinas, para ajudar na instalação do Setor de Costura do HC. Seu início na Unicamp foi assim. Quando chegou aqui, em 1984, uma de suas primeiras missões foi buscar na região máquinas modernas que se adequassem ao trabalho desenvolvido no hospital. Mas não foi só isso. Teve que procurar uma modelagem específica para fazer roupas para o Centro Cirúrgico. O ritmo da costura, garante, foi frenético, pela grande demanda de trabalho para uma pessoa só, situação corrigida apenas com novas contratações. "Felizmente chegaram de uma única vez oito costureiras profissionais, para fazer aventais, lençóis, fronhas para os leitos, camisolas. Mas, até chegar a esse ponto, alguns dias tive a clara sensação de dormir e não me desligar do barulho do tec-tec das máquinas", observa.
A costureira informa que também esteve presente quando fecharam as portas do Setor de Costura em 2011, pois o HC terceirizou a atividade. Continuou trabalhando mesmo assim. Não abdicou da máquina de costura e ali permaneceu realizando tarefas internas até se aposentar no ano passado.
Agora em carreira-solo, ela decidiu que não vai parar de novo, ainda que venha a guardar a antiga máquina de costura. É que, com alguma economia feita ao longo desses anos, conseguiu adquirir, desta vez, uma moderna máquina de bordar fraldas. "Fraldas são um mercado em expansão", repara. Além do dinheiro da aposentadoria, também terá um ganho para despesas-extras. "A Universidade me ofereceu muito. Vim para cá apenas com um curso básico de costura. Consegui me destacar porque 'meti a cabeça' nesse aprendizado. Hoje sou bem conhecida no hospital e muitos me procuram para dar um alô", revela.
A também funcionária do HC, Neusa Aparecida Amadio, acaba de se aposentar. Esteve na ativa desde 1984, prestando serviços relevantes sempre à área médica. Como secretária, passou pela Departamento de Patologia Clínica, onde deu os primeiros passos, e seguiu para a Superintendência do hospital, de onde não saiu mais. Só para se aposentar. Cuidou da Coordenadoria de Assistência e auxiliou todos os médicos que ali trabalharam, fazendo a ponte com pacientes e funcionários. "Foram anos de muita responsabilidade, mas também de grandes amizades", relata. Seu último chefe foi o atual superintendente do HC, o reumatologista Manoel Bértolo. "Vejo que são importantes para um chefe nessa função ter muita sabedoria e calma. O Dr. Manoel fez isso o tempo todo", ressalta.
Neusa já planeja fazer, nos próximos meses, algumas reciclagens na área de Direito, curso no qual se graduou. Passados tantos anos sem se dedicar a essa profissão, ela agora pretende advogar para dar voz àqueles que não dispõem de instrumentos para isso. "É uma forma de poder ajudar e também de ocupar o meu precioso tempo para uma boa causa", salienta. Enquanto isso não acontece, vai estudando e pondo em dia suas leituras para resgatar o tempo que não atuou na Advocacia.
Outro que se aposentou recentemente foi o professor-arquiteto Jayme Cheque Jr., ex-diretor do Centro Superior de Educação Tecnológica (Ceset) de Limeira na gestão 2002-2006. Ele ingressou nesse Centro no ano de 1980, que então era uma modalidade da Engenharia Civil, mas que hoje passou à Faculdade de Tecnologia (FT). "Foram 32 anos de experiência fantástica", realça o docente. Sua maior gratidão foi ver o Ceset transformado em uma Faculdade. "Agora temos assento no Conselho Universitário (Consu) da Unicamp", comenta.
Cheque Jr. diz que, em sua carreira, fez tudo o que podia pelo Ceset e procurou fazer o mesmo por Limeira, como secretário que foi de Planejamento do município de 1996-2000. Seus planos daqui para frente são outros, entretanto também envolvem continuar trabalhando. "Não devo parar, porque tenho um escritório de Arquitetura na cidade, junto com uma de minhas filhas. Vejo que hoje tenho condições de dar até maiores contribuições à sociedade, e muito graças à Universidade Estadual de Campinas. Esse trabalho foi fundamental e inesquecível", finaliza.