Todo mundo pode aprender, diz
educadora em Fórum Permanente
17/04/2013 - 10:58
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"É preciso cuidado ao trabalhar com adultos para não dar a entender que eles não têm condições de aprender. Todo mundo pode aprender." O discurso é da professora aposentada da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, Sônia Giubilei, feito nesta quarta-feira (17) durante o Fórum Permanente Desafios do Magistério, com o tema A Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Contexto Brasileiro.
A docente, que já trabalhou em escola pública e privada até chegar à Universidade, sempre foi favorável a uma educação inclusiva e uma admiradora do educador Paulo Freire, fazendo várias citações dele ao longo de sua fala a professores, alunos e interessados, que lotaram o Centro de Convenções da Universidade.
Sônia Giubilei recordou as poucas ações no país para a educação de jovens e adultos, como o antigo Madureza, o atual EJA e o curso Supletivo, previsto na legislação. "Infelizmente o Brasil não foi feito para pensar naqueles que não sabem ler e nem escrever", lamenta a docente, que refletiu com um olhar 'no adulto' ao longo desse processo.
"Aprendizagem não tem data marcada para começar e nem para terminar, embora muitos digam que os velhinhos não precisam de atenção; vão morrer mesmo", disse ela reproduzindo Paulo Freire. Sônia Giubilei lembrou ainda a obra À Sombra desta Mangueira do mesmo autor enfatizando que "somos velhos ou moços mais pelo que pensamos e que o melhor tempo para os que têm 22, 70, 80 e 90 é o tempo que se vive".
A palestrante é uma defensora da escolarização continuada e, para ela, ser democrático implica garantir o acesso e a permanência da criança no ensino formal. "É conseguir que a escolarização seja uma dádiva, de forma que as crianças de amanhã não sejam alunos da EJA", ressalva. Por outro lado, em sua opinião cabe ao educador um comprometimento com sua atividade de modo a não se apegar aos pacotes conteudistas, que em nada contribuem para uma educação crítica e libertadora. "É uma contradição adotar modelos rígidos, verticais, em que o adulto só tem o dever de estudar e de ficar submisso. Sejam educadores problematizadores: dividam seus problemas e angústias. Essa é uma forma de ajudar a educar o adulto", realçou.
A estrutura e funcionamento da EJA no Brasil, a partir de 1996, tem se configurado especialmente em espaços escolares e, recentemente, passa a ser vinculada à Educação Profissional, diante da possibilidade de integração à modalidade. No entanto, o antecedente histórico da Educação de Adultos (EA) bem como os pressupostos teóricos, analíticos que embasam a modalidade EJA têm se pautado nas experiências educativas de espaços não escolares, constituídas por meio da educação popular. Esse pressuposto ainda representa um desafio.
A série de Fóruns Permanentes é promovida pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) e o Fórum Desafios do Magistérios é organizado pela FE e pela Rede Anhanguera de Comunicação (RAC). Veja a programação do evento do dia, que prossegue até as 17 horas.
Comentários
fórum permanente EJA - 17/04/13
Sou um grande fã do trabalho da professora Sonia à frente do GEPEJA, mas confesso que saí do nosso encontro desta quarta-feira um pouco frustrado.
Acredito que discutiu-se muito sobre a legislação para EJA e ficou um pouco a desejar a atual situação de quem está trabalhando com esta modalidade de ensino.
Sou professor no CEEJA de Americana há quase 20 anos e sinto falta de uma discussão mais objetiva sobre a EJA, como ações que estão dando resultado, materiais pedagógicos adequados e capacitações específicas para os professores que trabalham com jovens e adultos.