Painel retrata a história

19/04/2013 - 15:30

 

Pastilha por pastilha num desenho lógico: a ata, Zeferino e o jovem campus.  As minúcias dos movimentos dos pedreiros que “decoram” o novo painel da Praça das Bandeiras fazem lembrar a letra da música Construção do compositor brasileiro Chico Buarque (Tijolo por tijolo num desenho lógico). Enquanto o texto da ata da inauguração da Cidade Universitária se amplia e depois se dilui em outra imagem, olhares curiosos param para olhar e tentar decifrar o que virá em seguida. Logo, o mosaico assinado pelo artista plástico Mauro Fuke vai representar um momento importante da história da Unicamp: o lançamento da pedra fundamental do campus, que aconteceu na praça em 1966. A proposta (acima) sana as especulações e adianta o resultado final da obra de Fuke, ganhador de vários prêmios e autor de muitos painéis em mosaico e esculturas urbanas.

Antes de virem parar na Unicamp, as pastilhas de 2 por 2 centímetros foram montadas, uma a uma, em placas numeradas a partir de um programa desenvolvido pelo artista. Este transforma as fotografias em pontos coloridos capazes de representar imagens sem distorções, segundo Flávia Brito Garboggini, arquiteta da Coordenadoria de Projetos e Obras (CPO) da Unicamp e responsável pela concepção e desenvolvimento do Projeto de Requalificação da Praça. Para compor o painel, foram necessárias 250 mil pastilhas.

De acordo com Flávia, desde o início da concepção do projeto de revitalização, a transformação da antiga arcada existente em frente do prédio da Reitoria 6 em um paredão curvo era avaliada. A proposta era valorizar o espaço com a obra de um artista contemporâneo e que representasse um fato importante relacionado à história da Universidade. Ao apreciar um mosaico em pastilhas assinado por Fuke no aeroporto de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, ela decidiu submeter a ideia de contratá-lo à Reitoria da Unicamp, que abraçou a proposta. “Houve uma grande disposição da Reitoria em valorizar os espaços de uso coletivo mais representativos da universidade com obras de artistas contemporâneos”, acentua. A Praça do Ciclo Básico que atualmente está sendo requalificada, também ganhará, em breve, uma escultura urbana que ocupará o centro do espelho d’água, segundo Flávia.

O novo ambiente da Praça das Bandeiras deve trazer uma nova visibilidade para o local. “Antes, mal se percebia o significado daquele lugar. Com a requalificação, ela assume uma nova identidade. Além de se tornar acessível a todos, uma vez que rota podotátil foi incorporada ao desenho de piso, o espaço, a partir de pequenas intervenções,  propicia oportunidades de estar e convívio aos usuários da área, que é bastante movimentada”, acrescenta.

A escolha pelo trabalho de Fuke respeita a diretriz da Reitoria, por meio da CPO, de valorizar os espaços de uso coletivo nos campi da Unicamp. Segundo Flávia, a proposta é criar uma linguagem urbanística para todos os campi.  Exemplo disso, é a padronização das calçadas em piso de bloco intertravado, como já aconteceu na Praça das Bandeiras, na Praça do Ciclo Básico, no campus da FCA em Limeira e nas novas quadras do Polo Científico, assim como a introdução de amplos cruzamentos em nível nos trechos das vias com maior fluxo de pedestres, como foi feito em frente do prédio principal da Reitoria e da Praça do Restaurante Universitário (RU). “Mesmo podendo circular nestes lugares, o motorista percebe que a prioridade não é sua, mas sim do pedestre.”, acrescenta Flávia.

O primeiro local púbico a contar com o talento de Fuke foi um muro de contenção de um viaduto, em Porto Alegre, no qual foram utilizados azulejos em 10 por 10. Esta obra, assim como a que encantou Flávia no aeroporto atraíram vários convites ao artista. Formado pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, participou de várias exposições no Brasil e é conhecido por suas esculturas e designs. Conheça outros trabalhos de Mauro Fuke.


 

Comentários

Parabéns!! Flávia e Mauro: maravilhosa ideia! E também loas aos caprichosos artesãos/funcionários que sem querer fizeram tudo surgir! Orgulho à história da Unicamp e de Campinas!