Livro aborda presença de brasileiras
nos mercados transnacionais do sexo
01/07/2013 - 16:16
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A pesquisadora Adriana Piscitelli, integrante do Núcleo de Estudos de Gênero (PAGU) da Unicamp, acaba de lançar o livro Trânsitos: Brasileiras nos mercados transnacionais do sexo, publicado pelo Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM) e pela Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (EdUerj). A obra, resultado de 12 anos de pesquisas desenvolvidas pela autora sobre o tema, aborda diversas questões relacionadas à vida das mulheres que viajaram ao exterior, principalmente para os países do Sul da Europa, para atuar no mercado do sexo.
Um dos principais pontos abordados por Adriana no livro é a diferença entre a situação dessas mulheres e aquelas submetidas ao tráfico de pessoas, como foi recentemente mostrado por uma novela. “Para que o tráfico se configure, as vítimas têm que ter sido objeto de fraude, engano, violência ou abuso de uma situação de vulnerabilidade. As mulheres retratadas no livro são migrantes como quaisquer outras. A diferença é que em vez de trabalhar numa lanchonete, por exemplo, elas vão para a prostituição deliberada ou ocasionalmente”, explica.
A maioria dessas mulheres, continua a pesquisadora, mantém fortes vínculos com os amigos e familiares no Brasil e, frequentemente, envia remessas de dinheiro para cá. Além disso, a exemplo de boa parte dos migrantes, muitas têm como projeto de vida retornar ao país com economias suficientes para montar um empreendimento ou assegurar a independência financeira.
Adriana afirma que, no início de suas pesquisas, o destino preferido dessas mulheres era o Sul da Europa, principalmente Espanha e Itália. “Com a crise financeira que se abateu sobre o continente, várias delas têm tentado mudar para outros países, como Bélgica e Holanda. Além disso, a crise também tem desestimulado a ida de brasileiras para o exterior para ingressar no mercado do sexo”, revela.
Pesquisa desenvolvida pela orientanda de mestrado de Adriana em Antropologia Social, Aline Tavares, apurou que mulheres que atuam no Jardim Itatinga [maior zona de prostituição de Campinas], preferem continuar trabalhando no Brasil, pois o preço do programa na Europa - 20 euros, cobrados na rua – não compensa o investimento da viagem.
De acordo com Adriana, o livro Trânsitos: Brasileiras nos mercados transnacionais do sexo foi escrito em linguagem direta e acessível, o que faz com que ele possa ser lido por qualquer pessoa interessada na temática.