No CAEB, Magna defende novos
paradigmas para a pesquisa
22/07/2013 - 15:32
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Teve início na tarde desta segunda-feira (22) o XI Congresso Aberto aos Estudantes de Biologia (CAEB), evento que prossegue até a próxima sexta-feira (26) nas dependências da Unicamp. Durante a cerimônia de abertura, ocorrida no Centro de Convenções, o pró-reitor de Graduação, Luís Alberto Magna, que representou o reitor José Tadeu Jorge, deu as boas-vindas aos congressistas e os conclamou a inserir seus estudos e pesquisas no esforço para a resolução dos grandes problemas brasileiros. Também participaram da mesa de autoridades a diretora do Instituto de Biologia (IB), Shirlei Maria Recco Pimentel, a coordenadora de Graduação do IB; Maria Silvia Viccari Gatti; e o coordenador geral do evento, o aluno André Gardelino Savino.
De acordo com Magna, como ainda é um país em formação, o Brasil apresenta muitas carências. Tais deficiências, prosseguiu o pró-reitor de Graduação, precisam ser superadas com o auxílio do conhecimento gerado pelas universidades, especialmente as públicas. “Atualmente, as pesquisas atendem aos paradigmas ditados pelas revistas científicas estrangeiras. Ocorre que esses ditames estão voltados às necessidades dos países onde essas publicações estão sediadas. Penso que é o momento de dirigirmos os nossos esforços para as necessidades nacionais. Por que não desenvolvermos pesquisas que tratem de problemas como a subnutrição, a melhoria do saneamento básico e o controle de doenças parasitárias, apenas para ficar em alguns exemplos?”, questionou.
Esse tipo de opção, finalizou Magna, “possivelmente não renderia publicações em revistas de alto impacto, mas certamente contribuiria para a formulação de importantes políticas públicas para o país”. Tanto a diretora quanto a coordenadora de Graduação do IB destacaram a importância do CAEB para a formação dos estudantes de Biologia e elogiaram a organização do evento. “Sem educação e sem ciência e tecnologia não há desenvolvimento. O CAEB tem o mérito de refletir sobre esses temas”, disse a professora Shirlei Pimentel.
O XI CAEB contará com uma ampla programação ao longo dos próximos dias. Os cerca de 950 inscritos, vindos de 13 estados brasileiros, poderão observar 148 trabalhos, participar de 20 minicursos e acompanhar 24 palestras e três mesas-redondas. O evento contará, ainda, com atividades artísticas e culturais, como a exibição de filmes e um concurso de fotografia. A programação completa pode ser conferida neste link.
Comentários
subnutrição, diarreia e parasitose no BRasil
Sim, houve uma grande mudança de paradigma na pesquisa nacional em saúde nos últimos quarenta anos, pois a grande maioria da nossa população apresenta os mesmos problemas de países ocidentais. Os dados do Ministério da Saúde mostram que hoje os problemas nacionais são obesidade, doenças cardiovasculares e câncer. E a pesquisa do país deve sim continuar neste caminho pois hoje não só estamos competindo com grupos internacionais, como adquirimos respeito acadêmico
A propósito do artigo do Pro.
A propósito do artigo do Pro. Magna sobre os novos paradigmas da Pesquisa, quero comentar o que segue.
O Prof. Magna está absolutamente certo quando diz que “Atualmente, as pesquisas atendem aos paradigmas ditados pelas revistas científicas estrangeiras. Ocorre que esses ditames estão voltados às necessidades dos países onde essas publicações estão sediadas. Penso que é o momento de dirigirmos os nossos esforços para as necessidades nacionais. Por que não desenvolvermos pesquisas que tratem de problemas como a subnutrição, a melhoria do saneamento básico e o controle de doenças parasitárias, apenas para ficar em alguns exemplos?”.
Infelizmente, são poucos os acadêmicos que têm visão semelhante e compreendem que, como ainda disse o Prof. Magna, o deslocamento de parte da prioridade da pesquisa acadêmica para a solução dos importantes problemas do Brasil "...contribuiria para a formulação de importantes políticas públicas para o país”. Vejamos, p.ex., a questão da inclusão social. O modo como hoje são implementadas as políticas de inclusão no Brasil não contribui, como poderia, para gerar impactos que potencializem o esforço que o próprio governo vem fazendo. Dos quase 40% do PIB que o governo arrecada, mais da metade é gasto comprando das empresas os bens e serviços (transporte, energia, educação, saúde, segurança, comunicação, habitação, etc.) que chegam aos cidadãos através das políticas públicas.
O “Minha casa minha vida”, por exemplo, entregou 97% os recursos às empreiteiras (que estão entre as que mais corrompem), sem considerar que 54% das casas brasileiras são construídas pelos seus próprios moradores (e entre os mais pobres, provavelmente, 100%). Outras oportunidades de gerar trabalho e renda, mobilizando outros agentes econômico-produtivos através da utilização do poder de compra do Estado, não são ainda percebidas.
Há que se identificar e explorar oportunidades associadas a programas governamentais. O fato de que o
Brasil é líder mundial em reciclagem de alumínio evidencia a possibilidade de estender a cadeia produtiva do alumínio, que hoje termina na venda da sucata aos atravessadores, até as esquadrias,
fogões, móveis, etc., para as casas que serão construídas.
Orientar as compras públicas para os empreendimentos que, operando em redes de Economia Solidária e com Tecnologia Social, em unidades de pequena escala, autogestionárias, com propriedade coletiva
dos meios de produção e pouco demandantes de qualificação formal, é algo que se pode fazer para potencializar a geração de trabalho e renda mediante a produção desses bens. Uma iniciativa já em
curso é a que obriga as prefeituras a adquirir 30% da alimentação escolar da agricultura familiar.
Para concluir, assumindo a minha condição de educadores universitários, há que se reconhecer que o governo pode avançar na política de educação porque, apesar da oposição de alguns setores, ela favorece, ao mesmo tempo, trabalhadores e empresários.
Mas há que se ressaltar que para os trabalhadores, que dela se têm de alguma forma beneficiado, que o foco no emprego e no salário é incapaz de promover a inclusão "neodesenvolvimentista" que se vem
propondo.
É ai que a Extensão Universitária indissociada da Pesquisa pode contribuir muito para impulsionar a Economia Solidária e a Tecnologia Social, e ao incorporar nos curriculos universitários as disciplinas de Ciência, Tecnologia e Sociedade na formação de profissionais que possam materializar a proposta.