Claudia Noemi
integra elenco
do musical
'New York
New York'
23/08/2013 - 09:58
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Quase sempre, alguém olha para Claudia Noemi e pergunta: “Você é cantora?” Sim, ela é, e neste momento saboreia a proeza de ser uma das cantoras do elenco do musical New York New York, que estreará sua próxima turnê no Teatro Municipal de Paulínia, em 27 de setembro.
Inspirado no filme de Martin Scorsese, estrelado por Liza Minnelli e Robert De Niro, em 1977, o musical que tem como protagonistas a atriz Alessandra Maestrini e o ator e cantor Juan Alba, conta a história da música New York New York. O espetáculo é dirigido por José Possi Neto, responsável também pelo musical Crazy for you, estrelado por Claudia Raia.
Além de Paulínia, a turnê envolve as cidades de Ribeirão Preto, Uberlândia, Belo Horizonte e Curitiba. Estar no palco ao lado de artistas talentosos, trabalhando com o preparador vocal Marconi Araújo e interpretando uma história aclamada pelo público no final da década de 1970, é a realização de um sonho para Cláudia, que está decidida a se dedicar ao teatro musical.
Graduada em canto lírico pelo Departamento de Música do Instituto de Artes da Unicamp, ela revela ter gravado, de brincadeira, a ária Sing, Sing, Sing, de Louis Prima, com alguns amigos depois de assistir à temporada realizada em São Paulo, em 2012. “Agora estou no elenco. Não imaginava que isso pudesse acontecer. Eu me encontrei vocalmente no teatro musical. Sempre achei bom cantar erudita, mas não me identificava. Estou muito feliz.”
A professora que apostou no talento de Claudia para a técnica do teatro musical, Andréia Vitfer, é a segunda regente do musical O Rei Leão. Segundo a cantora, nunca tinha pensado seriamente em teatro musical, mas, durante a graduação, a professora de canto Suzel Cabral deixou um recado em sua página no orkut dizendo que precisava de afrodescendentes para o musical A Cor Púrpura, filme de Steven Spielberg dos anos 1980 para o qual foi feita uma adaptação na Broadway, em 1997. “É meu filme preferido. O cartaz de meu recital de formatura foi inspirado nesta obra. Passei no teste, mas infelizmente a produção não teve continuidade”, declara.
Na Unicamp, Claudia teve como professora a cantora Adriana Giarola. No recital de formatura, apresentou obras de Schumann, Fauré e arranjos no estilo negro spirituals. Ela decidiu deixar o canto lírico no momento em que estudava com um dos professores mais procurados, Inácio De Nonno. “Disse a ele que não queria mais. Não por ele, que é maravilhoso, mas por causa de minha identificação mesmo.”
Em São Paulo, cidade que começa a adotar como local de trabalho, encontrou em Andréia Vitfer uma espécie de mãe, que não só ensina a cantar, mas dá o apoio necessário para fazer o que gosta. “Agora me adotou como assistente dela e me manda alguns alunos. Ela é doutora em música e me prepara para ser uma coaching como ela. Quero ser uma das propagadoras do método Vitfer, que ela está desenvolvendo.”
A experiência como professora de canto teve início no primeiro ano de graduação, mas se intensificou em São Paulo, no ano passado, quando começou a ser procurada por atores e bailarinos decididos a cantar, fazer música e atuar em musicais. Hoje 80% de seus alunos são da área de dança e teatro. “Isso vai se espalhando, e estou muito feliz. As coisas estão caminhando para onde quero. Não tenho busca desesperada. Vou com calma. E as coisas estão fluindo.” Este ano, uma de suas alunas foi selecionada para um musical infantil da mesma produtora do New York New York. “É um orgulho”.
Cantar bem é uma exigência para qualquer profissional que escolha o canto como profissão, mas o teatro musical tem suas especificidades, na opinião de Claudia. “Teatro musical exige que cante bem, dance bem, atue bem e tenha características físicas necessárias para o personagem. Não adianta eu querer ser uma princesa. Nunca vou ser. Mas também o personagem que interpreto no New York New York a cantora que faz princesa nunca será”, reconhece.
“Quando entrei na Unicamp, não sabia onde estava me metendo”, brinca Cláudia. A naturalidade com o canto a tornou líder de louvor na Igreja Presbiteriana, em Sumaré (SP). Começou a estudar piano aos 7 anos e, na igreja, na época, era a pessoa que mais entendia de música. “Sabia muito pouco, mas fui pegando gosto”, declara.
Com o tempo, dentro da hierarquia do ministério de canto, começou a se apresentar num grupo regional de músicos. O desejo de passar no vestibular para cursar medicina foi superado pelas atividades musicais na igreja, ao lado da mãe e dos irmãos. Mesmo sendo boa aluna e atenta à preparação para o vestibular, dedicou mais tempo à música, e não conseguiu ser aprovada. Então, entendeu que estava mais para a música do que para a medicina, mas o empurrão definitivo foi dado por uma colega no curso pré-vestibular, que disse: “Faça música.”
Encorajada, informou os pais e se matriculou em um conservatório para intensificar a preparação para o exame de aptidão em música na Unicamp. O pai sugeriu que gravasse um CD, mas Cláudia o convenceu que a música, para ela, era muito mais que guardar um CD na gaveta. “Quero ver como é, experimentar, cantar. Quero pro meu dia a dia.”
A interpretação da peça Mio Bambino Caro; uma música de Schubert; e uma música brasileira na audição, com preparação do professor André Minutti, fez com que Cláudia fosse a única aluna aceita para o instrumento canto no Vestibular 2002. “Nunca tinha estudado percepção, solfejo. Estudei teoria por conta. Um dia eu acordei achando que tivesse dado certo. Atingi a nota exigida e fui a única pessoa aprovada em canto lírico em 2002.”
Aquilo tudo era novo para Claudia, que confessa ter se esforçado muito, naquele primeiro ano, para se encontrar no universo da música na academia. Nunca lamentou. Sempre buscou o que precisava com sorriso no rosto. “Sempre fui muito curiosa. Como cheguei à Unicamp com pouca informação, fui atrás de saber. A exigência da Adriana me ajudou a aprender logo, inclusive a língua alemã. Lembro que em meu primeiro recital de canto não conseguia movimentar do pescoço pra baixo. Travei. Cantei Amarilli mia bela toda errada. Mas sempre levei tudo como show, apesar de serem atividades avaliatórias.”
Antes de chegar à Unicamp, Claudia acompanhava alguns concursos de calouros pela TV, e sonhava em poder cantar para várias pessoas. Responde com clareza e um largo sorriso que seria hipocrisia dizer que os concursos de talento, como do programa de TV Raul Gil, não a influenciaram a querer cantar. "Sonhava em estar lá e ouvir as mesmas coisas que o júri dizia a calouras como Leilah Moreno, por exemplo.” Porém, não havia se animado a se inscrever, pelo fato de ser cantora lírica e não ver relação entre o formato do programa e o canto lírico.
Em 2012, uma situação adversa a fez buscar soluções em vez de lamúrias. “Estava sem emprego, longe de casa, sem perspectiva e decidi investir no que tinha à mão naquele momento.” Rapidamente, enviou um vídeo para participar da seleção para o concurso Mulheres que Brilham, da Bombril, do mesmo programa. Logo em seguida, recebeu a resposta positiva. “O programa de Raul Gil parecia uma oportunidade.”
Fez apenas uma exibição em 2012 e, em 2013 fez duas importantes apresentações. A primeira delas, com a música Son of a preacher man (John Hurley/Ronnie Wilkins), teve unanimidade do júri, mas a segunda, com a música Quando fui chuva (Maria Gadú), a desclassificou, ainda que por mais uma vez tivesse sido elogiada pelo gerente de marketing da Sony Music, André Pacheco. “Claudia, talvez você nunca cante algo que não me agrade”, disse o gerente. Na primeira atuação, Pacheco havia feito um comentário pertinente: “Impressionante sua força e seu carisma. Eu adoraria levar você pra casa, mas, como não posso, quero te levar para a Sony”.
Claudia vê a TV como um canal de divulgação do trabalho do artista. “Em que outro lugar eu seria assistida por mais de 30 mil pessoas sem pagar um real? Na televisão, muitas pessoas me viram. Não tenho intenção de ser uma popstar, mas quero mostrar meu trabalho, viver dignamente do que gosto. Não paguei nada, a produção é excepcional, a banda é boa. Cheguei e estava tudo pronto, o figurino, o arranjo. Fiquei muito feliz.”
Claudia diz não se abalar com as críticas pelo fato de se apresentar num programa de auditório. “Estou fazendo meu trabalho. Sempre minha atenção foi cantar para o maior número de pessoas possível. Quero cantar para o máximo de pessoas que der pra eu cantar. Se eu puder estar no Maracanã cantando para o máximo de pessoas é isso que quero.” Pelo jeito vai ter de responder muito à pergunta já habitual ouvida na saída da entrevista: “Você é cantora? Já a vi cantando”, gritou um dos palhaços do “Encontro Geraldo Riso”, em Barão Geraldo.
O menino doente
Um momento especial na trajetória de Claudia foi uma mensagem, por e-mail, da pianista Maria Teresa Madeira, pela interpretação da canção O Menino Doente, de Osvaldo Lacerda e Manuel Bandeira. “Esta gravação, que teve o Leonardo de Oliveira (também da Unicamp) ao piano, foi feita durante um festival num curso de verão em Brasília, em que tivemos como professora Maria Teresa Madeira. Foi um momento especial porque escolhi essa música para mim e, depois da gravação, ela enviou uma mensagem linda elogiando meu trabalho. Guardo até hoje.”
Uma das coisas que faz questão de lembrar agora que encontrou seu caminho na música é de agradecer às pessoas que participaram de sua formação, desde os primeiros passos. “É a parte gostosa do perfil, não é? Muitas pessoas se não me empurraram, me apoiaram. Não tem como não reconhecer e agradecer o que as pessoas fizeram por mim.”
Quanto ao dom de cantar, a artista pontua: “Não escolhemos o instrumento. Ele que nos escolhe.” Para seus alunos de canto, sempre deixa claro que a voz é um instrumento que não se separa do instrumentista. “Não tem como dizer: esta é minha voz, e esta sou eu. Ela é parte do corpo do cantor, não tem como se esconder atrás dela, ou seja, não tem como cantar sem estar se mostrando.”
Por este motivo faz questão de orientar os jovens candidatos sobre a realidade da profissão. “Quer fazer música, relaxe, sua vida não vai ter rotina. Vai ter de bater perna para encontrar as coisas que você precisará fazer. Vai ter de inventar projeto para poder trabalhar. Vai ter de buscar incentivos do governo para fazer uma coisa boa. Basta um pouco de coragem. Precisa estudar muito, trabalhar muito e abrir mão de muita coisa. Não tem nenhum glamour. Nem maresia, mas acho que eu não estaria tão feliz como estou agora se não fosse pela música. Minha dedicação por ela está diretamente ligada ao amor pelo que faço”, conclui.
Com direção artística do maestro Fábio Gomes de Oliveira e Julianne Daud, intérprete de Carmen Miranda, o musical New York New York ficará em cartaz no Teatro Municipal de Paulínia nos dias 27, 28 e 29 de setembro. Os ensaios também acontecerão em Paulínia.
Assista ao vídeo de apresentação de Claudia Noemi no Consurso Mulheres que Brilham.
Ouça o áudio de Menino Doente
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Fantástica! Estarei lá!!
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