Quando se fala em criatividade, característica que tem sido muito cobrada principalmente dos professores, logo pensa-se em inovação, algo novo para ensinar. Pesquisas sobre criatividade na escola, para o senso comum, encerra o conceito de que ela é um dom, é para poucos escolhidos e é distante das pessoas comuns, porque elas não são capazes de ser criativas. Para outros, envolve uma relação com a arte. Mas o que de fato é ser criativo?

Para a pedagoga, psicóloga e doutora na área de avaliação da Puccamp Cristina Bachert, no contexto escolar, criatividade está mais relacionada à resolução de problemas. “Também faz alusão ao conhecimento que se tem sobre os temas ministrados, as vivências de cada um e depende do ambiente propício para a criação do novo, para fazer melhor do que já existe”, salientou a professora durante o Fórum Permanente Desafios do Magistério realizado nesta quarta-feira (16) no Centro de Convenções da Unicamp. Esse evento é promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) e organizado em parceria com a Faculdade de Educação (FE), Associação de Leitura do Brasil (ALB) e o Grupo Rede Anhanguera de Comunicação (RAC).

Segundo Cristina, o processo criativo se dá a partir do surgimento de um problema. Daí faz-se um brainstorming sobre o que é possível fazer, seleciona-se o que é mais viável, buscam-se estratégias para atingir objetivos e realiza-se inclusive o compartilhamento com outras pessoas, as quais podem ajudar a analisar o que tem potencial para ser melhorado. “Mas os problemas não têm fim. Resolvo um e aparecem outros. Apesar de ser desestimulante que novos problemas surjam, aumenta-se o repertório de conhecimentos acerca da situação”, comenta Cristina.

Agora, como ter certeza do que é, ou não, criatividade? Conforme a estudiosa, ser criativo traz a noção do novo, do bom e do relevante (é preciso ter significado). Ela perguntou à plateia, presente no Fórum, o que cabe ensinar hoje na escola. Além dos conteúdos de Matemática, Português, História e Geografia, atualmente o que se requer dos alunos é que eles pensem, aprendam a se comunicar, desenvolvam pensamento lógico e tenham disciplina, entre outras habilidades. “O conteúdo (no caso as disciplinas) é o meio para desenvolver essa criatividade”, explica.

A educação tradicional, em sua opinião, já não está dando mais conta de preparar os alunos para o mundo de rapidez e para situações mais complexas. "Mais do que nunca, hoje é preciso empregar um modelo de educação criativa que considere as pessoas com as quais se convive. Por essa razão, é fundamental criar vínculos com todos: colegas, professores e alunos”, incentiva Cristina.