Diretora da
Galeria do
Museu
da AL expõe
na Unicamp

01/11/2013 - 16:51

 

 

A artista Ângela Barbour abre a exposição Diário de percurso, na Galeria de Arte da Unicamp, nesta segunda-feira (4). Durante o desenvolvimento de sua tese de doutorado, intitulada De olhos fechados, a paisagem invisível entre o público e o privado, Ângela realizou diversas imersões e intervenções no Antigo Desinfectórios Centrais de São Paulo, inaugurado em 1893, onde atualmente funciona o Museu de Saúde Pública Emílio Ribas. São essas intervenções e performances, assim como imagens e registros colhidos no doutorado, que compõem o espaço da Galeria de Arte da Unicamp até 13 de novembro.

Esther
, trabalho em que a artista representa uma mala de viagem responsável por contar as histórias dos objetos nela incluídos também faz parte da exposição, assim como Caixas de São Marcos, performance realizada no Condomínio Cultural Novo Mundo, antigo Hospital São Marcos. Esta parte da exposição retrata a experiência em ateliê residência desenvolvido no local.

Somente em 2013, para surpresa de sua criadora, Esther percorreu cinco países da América do Sul: Argentina, Peru, Venezuela, Cuba e Brasil. A Unicamp foi prestigiada duas vezes com a “mala” que transforma histórias reais em obra de arte. Esther representa muito bem a proposta da tese, segundo Ângela. “A ideia é pesquisar como tratar esteticamente essa busca do homem, que faz com que saia de seu lugar, como os imigrantes dos Desinfectórios, e vá para outros lugares. Meu objetivo é debater sobre essa busca do ser humano e os sofrimentos que decorrem dessa busca. Como se transforma em beleza? É esta minha pergunta”, reforça Ângela.

Diretora da Galeria de Arte do Museu da América Latina, Ângela declara que este trabalho de imersão, de busca das impressões do outro, teve início em 2004, quando desenvolveu um trabalho de produção de imagens com deficientes visuais. A iniciativa resultou em um livro de imagens táteis que faz parte d acervo do Museu de Louvre, na França.

Ao chegar à Unicamp para desenvolver o trabalho, decidiu, ao lado da orientadora Lygia Eluf, mergulhar no universo dos Desinfectórios, onde imigrantes doentes se separavam da família; do Hospital São Marcos, das pessoas que circularam nos ambientes em que levou Esther, para tirar elementos que se transformassem em obra de arte. As texturas, as cores, a disposição das obras, na Galeria de Arte da Unicamp, mostram que isso possível. “Os estrangeiros chegavam, com esperança de nova vida, e ficavam de quarentena naquele prédio, que, cm o tempo, tornou-se interessante.” A artista também visitou locais de recepção de imigrantes na Argentina e concluiu que a história se repetia também naquele país.

Ficou de fato imersa nesses lugares, o tempo todo observando e questionando tudo o que via. Comprava objetos das pessoas com as quais conversava, a partir da história que contavam sobre tais objetos. “Lembro-me de uma senhora que tive de comprar sua camisola, pois vendo seu rosto queimado, questionei não somente sobre a camisola, mas também sobre as cicatrizes. As duas tinham uma relação, pois a camisola foi comprada para seu casamento, mas como sofreu queimadura e ficou longo período internada em hospital, não se casou, e a camisola não teve serventia.” Essa é uma das histórias que a poética visual trata de preencher por intermédio da arte de Ângela Barbour, que recebe como um presente a oportunidade de doutorar-se na Unicamp. “Por tudo, pelo trabalho acadêmico, pelas exposições, pela acolhida e pela beleza do campus”, conclui.

Serviço

Exposição

Diário de Percurso

De 4 a 13 de novembro

Das 9 às 17 horas

Na Galeria de Arte da Unicamp