Publicação de um artigo internacional
exige uma boa história, diz especialista

05/12/2013 - 11:27

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Professor Volpato

Professor Volpato

Orientações durante a ministração

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Alunos desenvolvem artigo em sala de aula

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Cátia Alberto produz tese na FCM

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Dificuldades de escrita que emergem da falta de domínio do vernáculo não são o único empecilho para quem escreve um artigo ou um texto de teor científico. Os autores enfrentam obstáculos ainda para normatizar e para padronizar o conteúdo consoante ao que rege a metodologia. Na manhã desta quinta-feira (5), o projeto Espaço da Escrita da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) trouxe um especialista da Unesp-Botucatu, o professor Gilson Luiz Volpato, para abordar a Redação Científica Internacional em workshop realizado na sala FD-3 da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp.

Segundo Volpato, esse curso tem o intuito de ensinar ao aluno um método de construção de um artigo de nível internacional. Trata-se de um método desenhado a partir de fragmentos extraídos de outros autores da literatura e de criações dele mesmo. O professor ministra a teoria, as pessoas aprendem o método e até o acham interessante. Mas ter o método em mente e colocá-lo na prática tem uma longa distância, admite ele.

Para quebrar essa distância, o curso lecionado permite que o aluno reveja o método teórico e coloque-o na prática. “Explico um trecho da teoria e ele vai ao seu manuscrito e interage com o texto. Vêm as dúvidas, e a gente as esclarece em conjunto, para que todos compreendam. Mais uma vez explico outro trecho sobre o que eles farão com a teoria. Vão à prática. De novo, ao surgirem dúvidas, eles perguntam e eu respondo coletivamente. Em dois dias, eles fecham o artigo inteiro", conta Volpato.

Para o professor, um fator que interfere muito na escrita é que se requer do sujeito que ele conte uma boa história. Não tem como escrever sem esse predicativo, diz o docente. O relato ainda exige inclusive uma boa base de conhecimento sobre Filosofia da Ciência, além, é claro, de metodologia. Aí começam os problemas, avisa o professor. "Muitas vezes o participante não sabe o quanto pode avançar nas conclusões. Então nosso curso procura dar subsídios para que ele monte essa história e a apresente com clareza. Também vamos discutir estilo de redação e como elaborar uma frase. Partimos do específico para chegar ao conjunto."

O professor explica que o trabalho é desenvolvido com os artigos que os pesquisadores pretendem publicar. Não envolve uma simulação. "Trabalhamos com a situação real", garante. Neste ano, o curso atingiu cerca de 500 participantes, entre alunos de pós-graduação, pesquisadores e docentes. Cada qual comparece às aulas trazendo o seu manuscrito.

A escrita brasileira, em relação às exigências internacionais, opina o professor, está ainda muito aquém do esperado. "Tentamos publicar histórias que não obedecem a uma lógica e que são muito prolixas. E na 'ciência boa' internacional não se alcança este tipo de publicação. Para escrever um texto objetivo, tem que conhecer bem o conteúdo e verificar o que o torna publicável", revela.

Este é o segundo curso do Espaço da Escrita do qual Cátia Alberto participa. Cátia é da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), do programa de pós-graduação do Departamento de Pediatria da Unicamp. Em processo de tese de doutorado (defesa será em 2014), a pós-graduando está achando esse curso muito produtivo. "Os professores têm ampla experiência com a escrita científica e transmitem os conceitos com grande objetividade. Pretendo fazer mais cursos desses em outras oportunidades", afirmou. Seu estudo de doutorado aborda a sexualidade e a fibrose cística. No momento está com um artigo em andamento e acaba de iniciar outro. "Creio que o que aprendi aqui será de valia", qualifica.

Volpato comenta que no início do curso faz aos participantes duas perguntas básicas: "o que sua história muda na ciência?" e "por que o mundo se interessaria por ela? Já aí derrubam-se alguns argumentos". Também dependendo da resposta, a pessoa observa se de fato tinha uma boa história para narrar, ou não. Esse curso auxilia o aluno a descobrir a sua própria história e, em um novo projeto, pensar em algo mais ousado ainda. O próximo curso do Espaço da Escrita ocorrerá no dia 12 de dezembro, no auditório 5 da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Trará dois especialistas da Editora Elsevier. Será o último evento do ano, informa Cíntia Valim, tradutora do Espaço da Escrita.