Espaço de
Arte abre
três mostras
neste início
de fevereiro

30/01/2014 - 16:04

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"Capitu", de Natália Martins, na AFPU

“Rios, ruas, árvores, casas”, de Mario Borges

“Rios, ruas, árvores, casas”, de Mario Borges

Fabio Cerqueira, Natália Martins e Mario Borges

Fabio Cerqueira, Natália Martins e Mario Borges

Vicente Bernabeu traz

Vicente Bernabeu traz "Mental Rest" ao Cecom

A Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural (CDC) da Unicamp está abrindo três exposições neste início de fevereiro, dentro do Projeto Espaço de Arte, que foi idealizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac) para apresentar obras de artistas convidados e da casa aos diferentes públicos atendidos pela Universidade. 

Assim, Natália Martins expõe as fotografias de “Capitu”, no Espaço Integração da AFPU (Agência de Formação Profissional da Unicamp), de 3 de fevereiro a 7 de março; Mario Gravem Borges leva “Rios, ruas, árvores, casas” aos frequentadores do CIS-Guanabara (Centro Cultural de Inclusão e Integração Social), no bairro Botafogo, de 6 a 28 de fevereiro; e Vicente Bernabeu traz a série “Mental Rest” para o Cecom (Centro de Saúde da Comunidade), de 5 a 11 de março. 

“O Projeto Espaço de Arte existe há algum tempo, mas era apresentado apenas na CDC (saguão do Centro de Convenções), onde costuma ser grande o fluxo de pessoas. Até que outros órgãos da Unicamp nos procuraram, interessados em montar exposições também em seus espaços. Daí, essa ideia de ocupar qualquer ambiente ou parede livre”, explica Fabio Cerqueira, curador das três mostras. 

Segundo Cerqueira, o projeto está aberto a artistas interessados em expor suas obras no campus, ao mesmo tempo em que se buscam nomes de expressão, como no ano passado, quando foram expostas obras cedidas pelo Instituto Thomaz Perina, um dos ícones das artes de Campinas.  “A seleção dos artistas se dá conforme os espaços disponíveis e o tipo de público que os frequenta, a fim de oferecer a exposição mais adequada. Por exemplo: no Cecom, onde o fluxo é de pessoas com problemas de saúde, a opção é por temas mais relaxantes, como nas obras de Vicente Bernabeu”. 

Os olhos de Capitu 

Formada em artes visuais pela Unicamp, Natália Martins mostra “Capitu” por meio de fotografias baseadas na descrição do olhar da personagem de “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. “Fotografei seis mulheres, desde uma menina de sete anos até uma senhora de 50. São fotos na penumbra, para transmitir a ideia de mistério que envolve a personagem. A sugestão é que a idade passa, muda o aspecto físico, mas as expressões continuam sendo carregadas pela pessoa.” 

Na opinião de Natália, uma das passagens mais marcantes do livro é quando Bentinho descreve os olhos de Capitu: que possuía “olhos de cigana oblíqua e dissimulada” e que está presente no início da história e é relembrada várias vezes. “Há de se pensar aqui que os olhares trazem a essência do ser humano e representam um elemento que continua o mesmo, independente da faixa etária.” 

Mobiliário existencial 

Com o título “Rios, ruas, árvores, casas”, Mario Gravem Borges pretende lembrar o “mobiliário existencial” que todos possuem. “Todos moram numa casa, que tem uma árvore em frente, numa rua glosada em literatura – é a materialidade da vida, material do que na realidade é espiritual. Quero aceitar o fato de que a pintura continua representando isso. Penduramos de tudo na parede e isso nunca vai mudar, nem precisa. A arte contemporânea, as instalações são maravilhosas e abrem um horizonte importante de reflexões. Mas nem por isso vou deixar de pendurar meus quadros na parede.” 

Com um currículo vasto, que inclui exposições em Londres, onde morou por 20 anos, o campineiro Mario Borges resolveu voltar à sua cidade no início dos anos 1990. “Acho bonito ver a arte se capilarizando a partir de uma Universidade que é referência no Brasil. O espaço da Estação Guanabara é maravilhoso e os meus quadros estarão organizados a partir deste espaço, que vai ser a minha casa. Haverá quadros já exibidos, inclusive na própria CDC, e outros que ficarão prontos dois dias antes de pendurá-los.” 

Sensação de paz 

O paulistano Vicente Bernabeu sempre esteve envolvido com arte, participando de exposições e workshops, trabalhando em agências publicidade e escritórios de design gráfico pelo país e exterior. Também  desenha bandas de rock ao vivo e faz caricaturas na noite de São Paulo. Na mostra que preparou para o Cecom, entretanto, ele quer causar no observador a curiosidade sobre o que ocorre nas paisagens. “Nada do que aparece está claro. Tudo é obscuro, mas há vida. Os vários planos dão profundidade às obras, com detalhes simples, mas que despertam ainda mais a curiosidade. As telas são intrigantes e ao mesmo tempo trazem uma sensação de paz.”

Embora não possua vínculos com a Unicamp, Bernabeu teve uma conversa com um artista que fez uma exposição no campus e também se interessou. “Entrei em contato com os organizadores e negociamos a mostra por cerca de cinco meses, até conseguirmos realizá-la. Creio que é de extrema importância fazer parte do grupo de artistas que conseguiram um espaço em uma universidade tão renomada como a Unicamp.”