Exposição na FEF resgata práticas
corporais e divertimentos ao ar livre

14/03/2014 - 14:19

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Dulce , André, Evelize e Carmen, da organização

Dulce , André, Evelize e Carmen, da organização

No acervo, a coleção do jornal A Gazeta Esportiva

No acervo, a coleção do jornal A Gazeta Esportiva

“Vida ao ar livre e ordem urbana: práticas corporais e divertimentos junto à natureza (1900-1940) ” é a quinta exposição promovida pela Biblioteca Asdrúbal Ferreira Batista, da Faculdade de Educação Física (FEF), aberta de 14 de março até 6 de junho, das 9h30 às 22 horas. A organização é da professora Carmen Soares, da diretora da Biblioteca Dulce Inês Leocadio e dos pós-graduandos André Dalben, Evelize Quitzau, Fernanda Roveri, Rachel Souza e Daniel Medeiros. A mostra tem o objetivo de chamar a atenção de pesquisadores, estudantes e público em geral para parte do acervo sobre o tema sob a guarda da Biblioteca da FEF.

A professora Carmen Soares afirma que as práticas corporais junto à natureza é um tema de pesquisa que desperta grande interesse nos dias de hoje. “Temos na sala de coleções especiais um importante acervo de jornais e livros da virada do século 19 para o século 20 que se ocupam da natureza na educação do corpo e na relação com a saúde, bem como da própria noção de férias, dos piqueniques e dos lazeres ao ar livre. Um material extremamente rico é a coleção da Gazeta Esportiva em papel, que registra, por exemplo, o dia em que o jornal retomou a famosa Travessia de São Paulo a Nado [um percurso de 5,5 quilômetros no rio Tietê] no começo dos anos 30.”

Segundo a professora da FEF, todo o material já está catalogado e disponível para pesquisadores não apenas da educação física e do esporte, mas que também estudam a história das práticas corporais ou a relação do homem com a natureza. “A exposição foi montada com a equipe da Biblioteca, na pessoa de Dulce Leocadio, uma das principais incentivadoras da criação desta sala e da série de mostras. Mas esta, especialmente, teve a colaboração dos meus orientados de mestrado e doutorado, bolsistas da Fapesp, que trabalham com o tema.”
André Dalben, um dos presentes à abertura da exposição, fez mestrado sobre a criação das colônias no Estado de São Paulo e, agora no doutorado, estendeu o tema para o hemisfério sul. Mais uma doutoranda, Evelize Quitzau, focou o Clube Germânia na iniciação científica e as colônias alemãs em São Paulo no mestrado, sendo que no doutorado pesquisa a relação da ginástica alemã como parte da sociabilidade destes imigrantes, notadamente no Sul e Sudeste. “Vemos poucas citações da ginástica, quando ela teve peso relevante na vida associativa destes grupos”, observa Carmen Soares.

Para os organizadores da mostra, a vida ao ar livre, assim como a valorização dos elementos que constituem a natureza – o sol, o ar puro da montanha, a água – compõe o ideário médico e pedagógico brasileiro desde fins do século XIX. “Lugares em meio à natureza são assim inventados  e novos significados de seus elementos se operam. A montanha, a praia, os parques e jardins; a criação de espaços ao ar livre nas escolas para o uso de jogos e exercícios corporais diversos, as margens dos rios utilizadas para passeios, piqueniques, brincadeiras e, também, para a construção de clubes, são o resultado desse novo desenho dado à natureza pela vida urbana.”