Números do PAAIS se destacam
em encontro sobre inclusão

17/03/2014 - 15:56

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O pró-reitor de Graduação, Luis Alberto Magna

O pró-reitor de Graduação, Luis Alberto Magna

Mesa de abertura do evento

Mesa de abertura do evento

O aumento de 20% no número de estudantes oriundos da rede pública matriculados na graduação da Unicamp em 2014 foi um dos destaques do o evento "Inclusão e acesso no ensino superior - Lições transnacionais para pesquisa, politica e prática", realizado nesta segunda-feira (17), na Faculdade de Educação (FE). O encontro, que reuniu especialistas do Brasil e exterior, discutiu cenários e alternativas para ampliar a inclusão social em instituições de ensino superior. A Unicamp conta com dois programas de inclusão: o Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social da Unicamp (PAAIS) e o Programa de Formação Interdisciplinar Superior (Profis).

O pró-reitor de Graduação, Luis Alberto Magna, apresentou dados mostrando que em 2014 a Unicamp recebeu 37% de matriculados vindos de escolas públicas, contra 30,7% no ano passado. A diferença positiva, segundo ele, veio graças ao aumento do bônus oferecido a esses candidatos no vestibular através do PAAIS. A partir do Vestibular 2014, o programa dobrou os pontos e passou a oferecer 60 pontos a mais na nota final de candidatos da rede pública de ensino e 80 pontos a mais para aqueles que, além de terem cursado ensino médio público, se autodeclararam pretos, pardos ou indígenas. Criado há dez anos, o PAAIS acrescentava, até o ano anterior, 30 ou 40 pontos à nota final dos candidatos de escolas públicas.

Segundo os dados apresentados, o crescimento do número de estudantes egressos da rede pública foi constatado inclusive em cursos de alta demanda. Os cinco cursos mais concorridos (Medicina, Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Midialogia e Engenharia Química) registraram aumento tanto de estudantes de escola pública como de autodeclarados pretos, pardos ou indígenas. Na Medicina, curso mais concorrido, com 145 candidatos por vaga, o número de matriculados de escola pública dobrou em relação ao ano anterior, passando de 14,5% para 33,3%. Em Arquitetura, esse percentual subiu de 3% para 30%; em Engenharia Civil foi de 10% para 31%; Midialogia passou de 16% para 30%; e Engenharia Química aumentou de 16% para 24%.

“Os números indicam que o PAAIS é um programa bem sucedido não apenas do ponto de vista quantitativo, mas também qualitativo”, observou Magna. Segundo ele, desde 2005 foram realizados estudos para avaliar o desempenho dos alunos beneficiados pelo PAAIS. “Os resultados demonstraram que, uma vez vencida a barreira de ingresso, o desempenho dos estudantes contemplados pelo programa é tão bom quanto o dos demais e, em alguns casos, até melhor”, explicou o pró-reitor. Por essa razão, a Unicamp decidiu desenvolver um trabalho junto às escolas da rede pública, para incentivar ainda mais a participação dos estudantes.

Em relação ao Profis, Magna destacou que se trata de uma iniciativa importante, mas que ainda necessita de ajustes. A seleção de estudantes para as 120 vagas do curso não é feita através do vestibular, mas com base nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Para cada escola pública de ensino médio do município de Campinas é garantida uma vaga. Os selecionados fazem um curso multidisciplinar de dois anos na universidade. Aqueles que apresentarem melhor desempenho podem escolher uma vaga na graduação. “Em média, 50% dos concluintes efetivamente ingressam na graduação, índice que precisa ser melhorado”, observa o pró-reitor.

Organizado pelo professor Marcelo Knobel, do Instituto de Física da Unicamp, o evento reuniu um publico significativo no auditório da FE. “A expansão da demanda por ensino superior tem colocado em constante evidência a questão do acesso e da inclusão”, observou Knobel. “Questões como garantir a diversidade de inclusão étnica e socioeconômica, bem como discussões sobre como responder a estas demandas de maneira igualitária contando com orçamentos públicos limitados tornam-se vitais e conferem ao tema um caráter multidisciplinar”, completou.

“Discutir boas ideias para ampliar a inclusão no ensino superior é algo importantíssimo, já que isso traz impactos diretos na sociedade como um todo”, disse o diretor da FE, Luiz Carlos de Freitas. Segundo ele, o pano de fundo dessa questão está ligado à melhor distribuição de trabalho e renda. “Cerca de 60% das variáveis que afetam a inclusão estão fora da escola”, destacou. A abertura do encontro contou ainda com a participação de Ana Maria Carneiro, do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (Nepp); Maria Conceição da Costa, do Instituto de Geociências (IG), e Walter Allen, da Universidade da Califórnia.