A revista Perspective, publicada pelo Instituto Nacional de História da Arte da França (INHA), instituição suprauniversitária com grande alcance mundial, decidiu dedicar uma edição à história da arte que se faz no Brasil. Nesse número destacam-se professores do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. La revue de l’INHA é semestral e a segunda edição de 2013, Le Brésil, traz artigos de Jorge Coli, Nelson Aquilar, Luiz Marques e Pedro Paulo Funari, todos do IFCH, e de autores de outras universidades brasileiras. 

O INHA tem a missão de contribuir para o desenvolvimento e a cooperação científica internacional no campo da história da arte, sendo a Perspective um dos seus veículos para este fim. A revista vem recorrendo a recortes geográficos para realizar um inventário sobre o atual estágio da pesquisa em história da arte no mundo, tendo abordado a produção na Holanda e Espanha nos números anteriores. 

O professor Jorge Coli, diretor do IFCH e autor do artigo de abertura – “Criação e promoção da brasilidade: arte e implicações nacionais” –, destaca a apresentação elogiosa do professor Philippe Sénéchal, diretor de Estudos e Pesquisa do instituto francês, ao comentar algumas peculiaridades da história da arte no Brasil. “Sénéchal observa que a história da arte em nosso país é recente, o que é verdade, pois creio que a primeira especialização nesta área foi a da Unicamp, criada em 1989. Até então era sempre considerada uma disciplina acessória, para a formação de artistas ou arquitetos, e nunca como disciplina acadêmica em si mesma.” 

O diretor do IFCH foi particularmente elogiado pelo colega do INHA, para quem “foi necessária a obstinação, entre outros, de um Jorge Coli em Campinas para que a história da arte fosse reconhecida [no Brasil] como um campo de pesquisa específico”. “Philippe Sénéchal informa que a história da arte passou a ser ensinada no país inteiro, embora limitada com frequência ao âmbito da pesquisa de pós-graduação. Isto também é verdade. A Unifesp foi uma das primeiras universidades a ter um curso de graduação em história da arte; ainda não temos na Unicamp, o que lamento muito.” 

Em seu longo artigo, Jorge Coli discorreu sobre o aspecto ideológico do nacionalismo vinculado às artes e à produção da história da arte no Brasil. Nelson Aguilar é coautor de artigo sobre o Museu Afro Brasil; Luiz Marques questiona se existe uma arte brasileira; e Pedro Paulo Funari comenta sobre a arqueologia brasileira nos últimos vinte anos. “A Perspective, que circula internacionalmente e tem grande penetração inclusive nos Estados Unidos, sublinhou as qualidades da nossa produção. E, dispensando a falsa modéstia, acho que produzimos história da arte realmente de qualidade dentro do IFCH.”