No vestibular da Fuvest de 1994, o estudante Teddy tentava resolver uma questão de geografia sobre a poluição em Cubatão. O enunciado trazia um texto de apoio cujo autor era bastante conhecido do jovem: Daniel Hogan. Teddy precisou deixar a sala por alguns momentos para só então voltar e responder a questão. Quando chegou em casa e conversou com o pai, este lhe disse que ele havia respondido muito bem a questão, afinal Daniel Hogan não era apenas um grande nome das ciências, mas também um pai bastante generoso.

A anedota lembrada por Teddy Hogan foi a maneira que o filho encontrou para homenagear o pai na cerimônia de descerramento da placa que denomina Daniel Hogan uma rua no campus da Unicamp em Campinas nesta quinta-feira, 24. A rua está localizada numa região de expansão do campus, onde será o Centro de Inovação. Começa na Alan Turing, em homenagem ao matemático britânico que é considerado um dos pais da computação, e termina na André Tosello, sendo atravessada pela Oscar Niemeyer.

A denominação da Rua Daniel Hogan é resultado de uma mobilização de docentes, alunos e funcionários do Núcleo de Estudos de População Elza Berquó (Nepo), Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) e Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), unidades nas quais o sociólogo e demógrafo trabalhou e ajudou a fundar na Unicamp. Hogan também exerceu o cargo de pró-reitor de pós-graduação de 2002 a 2005, foi presidente da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP) e era membro da Academia Brasileira de Ciências.

No domingo, 27 de abril, fará quatro anos que o docente e pesquisador faleceu. A placa que cobria o nome da rua foi descerrada pela esposa Rosane e os filhos Teddy e Margaret Hogan. “Ele foi um grande professor aqui que fez muita diferença, veio dos Estados Unidos para fazer diferença. Primeiro se dedicou à pesquisa sobre migração interna em São Paulo e depois foi um dos primeiros professores estrangeiros da Unicamp e muito respeitado como você pode ver”, afirmou a viúva.

O chefe do departamento de Demografia do IFCH, Roberto Luiz do Carmo, conduziu a cerimônia com vários depoimentos que lembraram a atuação de Hogan e seu legado à ciência. O docente salientou o pioneirismo do sociólogo e demógrafo nas pesquisas que relacionavam estudos de população e ambiente. “A homenagem de hoje representa a concretização dessa ligação que o Daniel tinha com a Universidade e também evidencia a importância dele para a instituição”.

A professora Lúcia da Costa Ferreira, falando em nome do Nepam, destacou os compromissos deixados pelo demógrafo a serem realizados “no casamento das pesquisas nas áreas dos sistemas sociais e biológicos, no sentido de compreender a realidade ambiental”.

Já o atual diretor do IFCH, Jorge Coli, ressaltou o quanto foram essenciais os investimentos que Hogan fez na pós-graduação, especialmente para o instituto. “Daniel era uma pessoa elegante, de alma elegante. Sua postura solidificava as relações entre as pessoas e as tornavam mais harmoniosas”, disse.

No dia 30, quarta-feira, haverá outra cerimônia em homenagem ao demógrafo. Será o descerramento da placa da biblioteca da FCA, em Limeira, que também recebeu o nome de Daniel Hogan. Será inaugurado no mesmo dia um espaço interno da biblioteca, com cerca de 3 mil volumes, entre periódicos e livros doados pela família e que pertenciam ao pesquisador.