Novos docentes assimilam a filosofia
da Unicamp em encontro de três dias
07/08/2014 - 15:11
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- Images:João Batista Marques (PRG)
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Perto de 60 professores contratados pela Unicamp em 2014 participam da primeira etapa do projeto Acolhimento de Novos Docentes, que acontece de quinta-feira a sábado no Hotel Fazenda Solar das Andorinhas, nos arredores do campus. O projeto é organizado pelo Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)², da Pró-Reitoria de Graduação (PRG), com o propósito de facilitar a adaptação dos novos docentes às condições institucionais da Universidade e assessorá-los no planejamento e execução do trabalho acadêmico durante o primeiro semestre.
O professor Sérgio Leite, coordenador do (EA)², lembra que responde por um órgão da PRG cuja função é propor e desenvolver políticas para a melhoria da qualidade do ensino de graduação. “Esta proposta que estamos encaminhando é que os docentes recém-contratados sejam recebidos da melhor forma e iniciem suas atividades já dentro da filosofia de trabalho da Unicamp. O programa de acolhimento ainda é uma novidade para nós, mas não em outras grandes universidades do mundo. Neste primeiro momento, vamos promover três dias de discussão sobre o que o docente ingressante precisar saber sobre a nossa Universidade, nosso aluno e nosso ensino. Na segunda parte, eles serão convidados a participar de grupos de trabalho durante o semestre, a fim de aprofundar a questão pedagógica.”
Os conteúdos programados para esses três dias referem-se à estrutura geral da Universidade e da unidade de cada novo docente, recursos e serviços disponíveis, carreira, plano de aposentadoria, fontes de recursos e outros informes. E, no plano pedagógico, sobre o processo de ensino e aprendizagem; o papel do aluno como sujeito ativo deste processo; o professor como principal agente mediador entre o aluno e os conteúdos de ensino; as dimensões cognitiva e afetiva do processo; e as principais decisões que o professor deve enfrentar no planejamento e desenvolvimento do seu curso.
Coube à professora Beatriz Jansen Ferreira, coordenadora de Projetos do (EA)², conceder a palestra de abertura, sobre os desafios e perspectivas da graduação no país. “Vamos falar das dificuldades trazidas pelo abandono da graduação nos últimos quinze ou vinte anos e dos sérios reflexos disso na qualidade dos recursos humanos que estamos formando. Há um movimento não só brasileiro, mas mundial, para a criação de espaços de apoio ao ensino e aprendizagem, bem como de esforços para que a atividade de ensino tenha a mesma valorização institucional dada à pesquisa.”
A respeito desta desvalorização da graduação, Beatriz Ferreira cita um exemplo da Unicamp, que forma 110 médicos por ano, causando enorme impacto social, mas que isso nada vale para a carreira do docente enquanto atividade de ensino. “Mas se o docente publicar um paper na Noruega, o reflexo em sua carreira será importante. É situação no mínimo inadequada, mas possível de inverter institucionalmente, como na última reforma curricular da medicina, quando todos os docentes envolvidos no processo – revendo disciplinas, construindo módulos – tiveram a mesma pontuação de uma publicação. Os órgãos de fomento também começam a discutir a questão e já existe uma linha da Capes visando à formação de recursos humanos em saúde que possui o mesmo peso de outras linhas de pesquisa.”
Contratado em abril para o Instituto de Economia, o professor Renato Garcia, que vai dar aulas de microeconomia para a graduação e de política industrial na pós-graduação, elogiou o projeto Acolhimento de Novos Docentes. “É uma iniciativa interessante, pois muitos professores que chegam à Universidade trazem uma experiência importante em pesquisa, mas não em docência. Há coisas importantes que todo docente deveria saber, como perfil do aluno, regimento da instituição e aspectos ligados ao planejamento de uma disciplina, o que geralmente vamos aprendendo apenas ao longo da experiência.”