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Hiperautoria: fenômeno da ciência atual dificulta avaliação da produção bibliográfica

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Abertura do Fórum Permanente organizado pelo Laboratório de Empreendedorismo, Inovação e Comércio Internacional (LEICI), da FCA Unicamp

 

Texto e fotos | Cristiane Kämpf

 

Segundo a revista Nature, em notícia publicada no dia 13 de maio, um artigo sobre o genôma da drosófila tem causado um burburinho na internet após apresentar 1014 pesquisadores como co-autores da pesquisa. A revista dá exemplos de como o assunto repercutiu entre cientistas de diversas universidades, muitos questionando a necessidade e legitimidade de tantos autores relacionados a um mesmo estudo. O fenômeno da hiperautoria, entretanto, tem se tornado cada vez mais comum na ciência praticada atualmente e é uma tendência presente em todas as áreas do conhecimento. Este assunto foi abordado pelo professor Jesús P. Mena-Chalco, da Universidade Federal do ABC (UFABC), durante o Fórum Permanente "Indicadores de desempenho: a quem interessa medir o quê? O desafio da medição como ferramenta de gestão", organizado pelo Laboratório de Empreendedorismo, Inovação e Comércio Internacional (LEICI) na última quinta-feira, dia 28, na FCA.

"A ciência moderna, denominada por alguns teóricos de e-science, é cada vez mais colaborativa e depende da análise de um grande volume de dados relacionados a experimentos cada vez mais complexos, os quais normalmente envolvem diversos pesquisadores de muitos países. Estamos presenciando o surgimento de um novo paradigma da ciência, que unifica teoria, experimentação e simulação – mudaram as ferramentas, o tratamento dos dados, a colaboração, a forma de publicar e a forma de avaliar esta publicação", avaliou Chalco.

Segundo o docente, tais alterações provocam uma mudança no próprio processo de pensamento científico: anteriormente, o cientista formulava uma hipótese, realizava experimentos para checar sua validade e fazia a análise dos resultados. Atualmente, há a formulação de hipótese e a busca de sua confirmação no banco de dados. Outra informação interessante disponibilizada por Chalco é a que demostra o crescimento da co-autoria até mesmo na matemática, área na qual, tradicionalmente, os trabalhos apresentavam somente um único autor: na década de 40, mais de 90% dos trabalhos científicos tinham somente um autor e, em 2012, segundo os dados da Sociedade Americana de Matemática, este percentual caiu para 50%, sendo que 10% dos artigos apresentam três ou mais co-autores.

O evento, com cobertura da Rádio e TV Unicamp (assista o vídeo), se estendeu durante todo o dia, das 9 da manhã as 21h, e foi acompanhado por docentes e alunos da Faculdade. Houve ainda palestras sobre Medição de desempenho na gestão de cadeias de suprimentos (Prof. Sílvio Roberto Ignácio Pires, UNIMEP); indicadores de desempenho na cadeia produtiva (Sr. Elcio Grassia, Presidente do APIC/Supply Chain Council – LA ); indicadores de ecossistemas empreendedores: o caso do GEDI (Prof. Erkko Autio, Imperial College Business School) e indicadores de gestão da inovação (Prof. Ruy de Quadros Carvalho, DPCT-UNICAMP). O próximo Fórum Permanente ocorre na FCA Unicamp dia 21 de outubro com o tema "Desafios públicos e privados das mudanças climáticas".

 

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O professor Jesus Mena-Chalco, da UFABC, durante sua palestra no fórum, na última quinta-feira