A defesa da educação pública de qualidade marcou as falas das autoridades e conferencistas que participaram, na manhã desta segunda-feira (15), das atividades de abertura do V Seminário de Educação Brasileira (SEB), organizado pelo Centro de Estudos Educação e Sociedade (Cedes). O evento, que prossegue até a quarta-feira, está sendo realizado no Centro de Convenções da Unicamp. Ao todo, serão apresentados seis simpósios, que se desdobrarão em seis mesas-redondas.

De acordo com a presidente do Cedes, professora Ivany Pino, o V SEB tratará de diversos temas relacionados à política pública na educação, entre eles a questão da institucionalização do Sistema Nacional de Educação (SNE). O SNE, observou a docente, precisa considerar, por exemplo, a grande desigualdade da sociedade brasileira, aspecto que afeta de forma pronunciada a educação.

Para o diretor da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, professor Luiz Carlos de Freitas, tanto a educação quanto o magistério vivem atualmente um momento crítico, ambos alvo de constantes ataques. “Por isso é muito significativo que o V SEB promova uma reflexão sobre esses pontos”, afirmou. Ao apresentar a palestra de abertura do evento, o professor Eduardo Fagnani, do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, considerou que o pano de fundo do problema da educação no Brasil está relacionado com o passado escravocrata, com o capitalismo tardio e com a curta experiência democrática do país.

Conforme Fagnani, a igualdade ainda é um mito em terras brasileiras. O economista observou que a educação enfrenta problemas endógenos e exógenos. “Entre as questões externas está o subdesenvolvimento do país. Nós ainda enfrentamos problemas graves do ponto de vista social. Temos dificuldades nos setores de mobilidade, saneamento básico, saúde etc. Vale lembrar que o subdesenvolvimento é um forte limitador da aprendizagem. Uma criança desnutrida tem o seu desenvolvimento cerebral afetado, o que invariavelmente vai comprometer o seu aprendizado”, ponderou.

Na opinião de Fagnani, é urgente que o subdesenvolvimento social, educacional e cultural do Brasil seja enfrentado. “Para isso, nós precisamos construir um novo projeto de nação, um novo projeto de desenvolvimento. A educação precisa ser pensada a partir da perspectiva do desenvolvimento. O grande desafio do campo progressista é apresentar propostas para transformar a sociedade. Atualmente, a luta política está fragmentada em pautas setoriais. Essa segmentação tem levado os atores políticos a um labirinto de difícil saída”, analisou.

O docente do IE defendeu, ainda, a necessidade de se pensar em ações específicas que concorram para a construção de uma sociedade mais igualitária. “Precisamos promover o bem-estar da sociedade por meio de uma melhor distribuição da riqueza e da desmercantilização dos serviços sociais, entre eles a educação”. Também durante a abertura do V SEB, o Cedes homenageou dois de seus associados, os professores Dermeval Saviani e Eloisa de Mattos Hofling. A programação completa do evento pode ser conferida neste link.