Um bate-papo com jovens
inovadores e premiados

19/08/2015 - 13:38

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O 2º Encontro de Gestão de Pessoas e Saberes

O 2º Encontro de Gestão de Pessoas e Saberes

Tadeu Jorge preside mesa de abertura do evento

Tadeu Jorge preside mesa de abertura do evento

A recepção aos jovens inovadores na FCM

A recepção aos jovens inovadores na FCM

“Jovens inovadores e as iniciativas na gestão pública” foi o tema do 2º Encontro de Gestão Compartilhada de Pessoas e Saberes, que tem como objetivo estimular a discussão sobre a inovação no serviço público. O evento realizado no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), que contou com a presença do reitor José Tadeu Jorge e sua chefia de Gabinete, é organizado pelos quatro órgãos ligados à gestão de pessoas na Universidade: Diretoria Geral de Recursos Humanos (DGRH), Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS), Agência para a Formação Profissional da Unicamp (AFPU) e Centro de Saúde da Comunidade (Cecom). 

A edição deste ano teve como convidados especiais os vencedores do Prêmio Jovens Inspiradores concedido pela revista Veja, Bruno Santos (2013) e Guilherme Lichand (2014), que participaram de um bate-papo com o público sobre suas experiências na gestão pública. “Acredito que a organização foi muito feliz na escolha dos convidados, jovens inovadores que vieram trazer a temática da integração, a possibilidade de compartilhar informações pensando não apenas em cada pessoa, mas no bem-estar coletivo – questões que são a razão de existir de uma universidade”, disse o reitor Tadeu Jorge. 

Bruno Santos é economista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com mestrado em administração pública em Harvard e criador do Projeto Brasil, uma startup que se propõe a melhorar a política brasileira educando e engajando os cidadãos. Ele iniciou sua carreira junto à Presidência da República, auxiliando os governos de Minas Gerais e São Paulo na melhoria de suas redes públicas de ensino e, na Prefeitura de São Paulo, liderou um projeto de desenvolvimento econômico e desburocratização do ambiente de negócios na cidade. Atuou também no governo de Goiás, formatando uma central de resultados de políticas públicas e um consórcio dos estados do Brasil central. 

Guilherme Lichand é economista graduado na Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), mestre em economia pela PUC-Rio e doutorando em economia política e governo em Harvard. Foi pesquisador do Departamento de Redução da Pobreza e Gestão Econômica do Banco Mundial no Brasil. É um dos fundadores da MGov Brasil, consultoria que fornece dados – coletados por meio de chamadas de voz e SMS – sobre temas de interesse social para gestores públicos. Em 2014, foi eleito pela MIT Technology Review entre os 10 inovadores brasileiros com menos de 35 anos. 

“Sou filho de pais de classe média, funcionários públicos, que sempre deram prioridade para a educação. Estudei na melhor e mais cara escola de Belo Horizonte, mas passava a tarde jogando futebol no meio de uma favela”, contou Bruno Santos, questionado sobre a motivação para suas atividades de cunho social. “De manhã, eu me sentia como aquele com menos oportunidades, enquanto os outros viajavam para a Europa e moravam em apartamentos com quadras e piscinas; à tarde, era o contrário, eu é que tinha a chuteira do momento. Isso sempre me incomodou bastante.” 

Optando pelo curso de economia em busca de respostas para suas questões, Bruno Santos identificou o governo como agente-chave deste processo, por conta do orçamento geralmente maior que do setor privado e pelo objetivo de impactar e melhorar os espaços sociais. “Na Prefeitura de São Paulo identifiquei três graves problemas na gestão pública: a interferência política, com interesses pessoais e privados se sobrepondo aos projetos; a distância entre a população e o governo (que dificilmente procura conversar com seu cliente, o cidadão); e a falta de recursos materiais e humanos. Com base nesses três problemas surgiu a ideia do JusBrasil, iniciativa por uma política brasileira participativa, democrática e mais eficiente.” 

Guilherme Lichand, por sua vez, afirmou que nunca planejou ser um empreendedor e que escolheu a economia visando se capacitar para políticas públicas. “No Banco Mundial, em Brasília, tive contato com a realidade dos estados, desde os mais pobres aos mais ricos, mas que tinham algo em comum: por mais que culpemos os gestores e a falta de vontade política, eu via gestores muito interessados em entregar o que o cidadão queria, mas faltavam ferramentas para identificar esta demanda, bem como a sua frequência e a escala corretas. E procurei uma solução para ajudar o gestor a coletar essas informações de maneira mais rápida e precisa.” 

Como todo brasileiro hoje possui um telefone celular, Lichand e seus sócios na MGov Brasil pensaram em soluções para uma comunicação permanente com os cidadãos, a fim de monitorar suas demandas e promover seu engajamento com os gestores públicos: utilizando sistemas de resposta automática, uma voz faz perguntas ao entrevistado, que responde com uma sequência de teclas e ganha créditos para uso do celular. “Temos nove projetos concluídos e três em andamento. O governo potiguar queria acabar com o seu programa mais antigo, que distribui leite para 150 mil famílias, porque funcionava mal. O programa foi redesenhado quando identificamos que ele funcionava muito bem em cidades onde a gestão era local – então, o governo iniciou a sua descentralização.” 

O bate-papo com os dois convidados foi mediado pelo gerente de comunicação da DGRH, Carlos Renato Paraizo; e dele participaram os coordenadores dos quatro órgãos que organizaram o evento: Maria Aparecida Quina de Souza (DGRH), Patrícia Asfora (Cecom), Mauricio Calixto de Andrade (AFPU) e Edison Cardoso Lins (GGBS). Na mesa de abertura estiveram os professores Paulo Cesar Montagner e Osvaldir Pereira Taranto, respectivamente chefe e chefe adjunto do Gabinete do Reitor.