Em favor da redução dos
acidentes e das mortes

22/09/2015 - 15:31

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Simulação de acidentes na Unicamp

Simulação de acidentes na Unicamp

Joanara Pauletti, enfermeira

Joanara Pauletti, enfermeira

Equipes externas à Unicamp

Equipes externas à Unicamp

André Correia, consultor da Rota das Bandeiras

André Correia, consultor da Rota das Bandeiras

Oto Haubrich

Oto Haubrich

Excesso de velocidade, não uso do cinto de segurança e condução do veículo fazendo uso de celular são as infrações mais frequentes no Estado de São Paulo, segundo levantamento do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Medidas preventivas para evitar acidentes por essas e por outras causas têm sido tomadas pelas autoridades constituídas com vistas a reduzir os acidentes e principalmente as mortes por trauma no Brasil. Em 2013, foram 44 mil mortes. Em Campinas, os motociclistas puxaram a fila das vítimas fatais: 71% estavam alcoolizados e 51% morreram durante seus deslocamentos.

Esse tema fez parte das ações de diversos órgãos que se reuniram na Unicamp nesta terça-feira (22) para lembrar a Semana Nacional do Trânsito. Encabeçaram a iniciativa a Prefeitura do Campus, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), a Liga do Trauma da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e a concessionária Rota das Bandeiras. Por volta das 12 horas, hora de sol quente, em diferentes lugares da Universidade, alunos, professores e funcionários foram abordados e receberam panfletos de teor educativo para instruir a população sobre o assunto. Foram distribuídos cerca de 1.000 folhetos.

Palestras no saguão do Ciclo Básico II e uma exposição nas imediações da Praça da Paz com carros e motos batidos foram algumas das atividades programadas para a ocasião. Alunos que compõem a Liga do Trauma da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp conversaram com a população relatando o objetivo da semana. Também as crianças foram alvo no campus. Nas creches da Divisão de Educação Infantil e Complementar (Dedic), foram apresentados teatros de fantoches para um público de 50 crianças em dois períodos e houve música no Ciclo Básico para atrair a atenção dos "passantes".


Acidentes

De acordo com André Correia, consultor de segurança viária da Rota das Bandeiras, 30% dos motoristas que se envolvem em acidentes em São Paulo em geral fazem uso de bebida alcoólica ou de algum tipo de entorpecente. Mas o grande vilão, diz, é a falta de conscientização da população. “Em 90% dos acidentes, a culpa é do motorista, seja por imprudência, por imperícia ou por negligência”, garante ele.

Além do excesso de velocidade, do consumo de bebidas alcoólicas e do uso do celular, estão ainda entre os fatores de maior risco a falta do uso de capacete, do cinto de segurança e de sistema de retenção infantil, bem como comportamentos de risco, como as ultrapassagens proibidas e os rachas nas vias públicas.

O especialista dá alguns conselhos: não dirigir por horas a fio sem parar para descansar, não dirigir o carro com pneu 'careca', não usar o aparelho celular, ainda que conversando com o viva voz, pois observar essas situações pode ajudar a evitar acidentes. "Nos últimos sete anos, os acidentes atribuídos ao celular aumentaram muito. Nos próximos cinco, creio que esse aparelho poderá assumir a liderança no ranking dos acidentes", afirma. "Um agravante é que antigamente as pessoas atendiam o celular, mas hoje não somente atendem como digitam para responder às mensagens instantâneas”, lamenta André.

Joanara Pauletti, enfermeira da Rota das Bandeiras, conta que, na sede onde trabalha, câmeras mostram que muitos motoristas empregam o celular ao volante. “Há muitos jovens distraídos com celulares, perdendo a noção do tempo e do espaço, ignorando o apelo de que em milésimos de segundos ocorrem acidentes como os atropelamentos e os capotamentos. Eles perdem muito [a vida] por pouca coisa [celular]. Ficam conectados 24 horas”, salienta a enfermeira, que atua profissionalmente há três anos, sendo dois em hospitais e um na Rota das Bandeiras. As ocorrências mais comuns na sua unidade, que é uma unidade avançada, são as colisões, capotamentos e quedas de moto. Já o tipo de fratura mais comum é o traumatismo craniano. Por outro lado, ela revela que dificilmente registram-se acidentes associados ao nome dos idosos. "Eles são mais cautelosos, pois têm uma visão diferente da vida”, ressalta.

Habilitação
Otto Haubrich, aluno da Unicamp, acredita que as autoridades devem investir ainda mais em prevenção e melhorar as provas dos Centros de Formação de Condutores (CFC): tornando-as mais rigorosas, mais práticas, não meramente focadas nos aspectos técnicos. Otto tem carteira de habilitação desde 2011 e relata que muitos de seus amigos usam celular no trânsito e bebidas alcoólicas. Ele nota igualmente que muitos jovens hoje dirigem sem ter carteira de motorista, o que pode ser muito perigoso.

No Brasil, além das campanhas de conscientização que ocorrem no país como um todo, existe o evento PARTY – Prevenção do Trauma Relacionado ao Álcool na Juventude. Trata-se de um programa de conscientização realizado junto aos jovens que frequentam escolas públicas de Campinas, com idade entre 15 e 18 anos. A iniciativa é conduzida em conjunto com a Liga do Trauma da Unicamp. São palestras nas escolas e visitas a hospitais para que os jovens tenham contato com pacientes que estão internados por conta de terem sofrido acidentes por trauma.

O PARTY iniciou em 1986 no Centro de Ciências da Saúde de Sunnybrook, no Canadá, com a ajuda de uma enfermeira emergencista, Joanne Banfield. Esse programa busca a prevenção primária do trauma em jovens prestes a obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O modelo a ser seguido é utilizado em todo o mundo e seus resultados são reconhecidos pela comunidade científica internacional.

Comentários

Parabéns pelo trabalho realizado. Essa parceria entre a Universidade e EMDEC é fundamental para a conscientização dos jovens que são a maioria da comunidade universitária.

Email: 
graca@unicamp.br