Editais Vreri
impulsionam
vinda de
docentes e
estudantes

26/10/2015 - 14:55

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O professor Giorgio Basilici, do IG

O professor Giorgio Basilici, do IG

A professora Cinthia Tabchoury, da FOP

A professora Cinthia Tabchoury, da FOP

O professor Carlos Emílio Levy (centro), da FCM

O professor Carlos Emílio Levy (centro), da FCM

O professor Luis Cortez, da Vreri

O professor Luis Cortez, da Vreri

O caminho que leva à internacionalização de uma universidade deve necessariamente ter mão dupla. Assim, tão importante quanto enviar professores, estudantes e funcionários para o exterior é atrair estrangeiros para a instituição, de modo que estes possam contribuir para o desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Com base nesta premissa, a Unicamp lançou em 2015 dois editais com o objetivo de financiar a vinda de docentes e estudantes de pós-graduação de outros países para a instituição. Aqui, eles têm participado de estágios de pesquisa, oferecido cursos em inglês, coorientado teses e realizado pesquisas de campo.

Os dois editais, denominados “Faepex Internacional” e “Intensive Course”, foram lançados em março e com previsão de encerramento em novembro. O primeiro contemplou oito propostas e o segundo, sete, formuladas por professores e pesquisadores da Universidade. O objetivo do Faepex Internacional é financiar a vinda de professores e alunos estrangeiros de pós-graduação. Os docentes vêm para atuar como coorientadores de teses, dentro de acordos formais de cotutela entre a Unicamp e a universidade de origem do convidado. Já os pós-graduandos chegam para participar de atividades de pesquisa.

O Intensive Course, por sua vez, financia a vinda de professores estrangeiros de universidade parceiras, que chegam à Unicamp para ministrar cursos de curta duração no idioma inglês, em temas específicos de diferentes áreas do conhecimento.  “Para nós, os editais são o principal mecanismo que temos de buscar a internacionalização da Universidade”, afirmou recentemente, em entrevista ao Jornal da Unicamp, o professor Luis Cortez, titular da Vice-Reitoria de Relações Internacionais (Vreri).

De acordo com os docentes e pesquisadores que tiveram propostas contempladas pelos editais, a iniciativa tem atingido os objetivos traçados. “O edital foi fundamental para trazer um pesquisador experiente em uma temática emergente no Brasil, mas trabalhada há muito tempo no Leste Europeu. Isso permitiu que um grupo de alunos e professores tivesse contato com as metodologias de estudos em paleossolos [solos do passado], nem sempre utilizadas no Brasil e nos países do Ocidente”, afirma Francisco Sergio Bernardes Ladeira, professor do Instituto de Geociências (IG), que teve proposta contemplada pelo Intensive Course.

Ladeira trouxe ao Brasil o professor Alexander Makeev, do Departamento de Solos do Instituto de Geografia da Universidade Lomonosov, de Moscou. Aqui, Makeev ministrou disciplina de pós-graduação sobre paleossolos e paleoambientes para 31 alunos e professores de quatro universidades. Também realizou palestra e participou de pesquisa de campo em Minas Gerais, São Paulo e Paraná, com duração de uma semana. Atividades do gênero, reforça o professor Ladeira, contribuem para o avanço da metodologia e de procedimentos de análise em uma área emergente no Brasil.

Avaliação semelhante tem o professor Giorgio Basilici, também do IG, que teve proposta contemplada pelo Faepex Internacional. Por meio do edital, ele trouxe para a Unicamp o professor Tapan Chakraborty, do Geological Studies Centre of Indian Statistical Institute of Kolkata (Índia), especialista em rochas e depósitos eólicos (gerados por ventos) e fluviais (gerados por rios). “Este tipo de edital cria a oportunidade de nos relacionarmos diretamente com culturas de outros países e de promovermos trocas de ideias e de conceitos, mediante colaborações científicas”, diz.

Segundo Basilici, Chakraborty aproveitará a sua estada na Unicamp para coorientar uma tese de doutorado, ministrar palestra e participar de atividade de campo em Minas Gerais, que durará duas semanas. “Para mim, editais como o Faepex Internacional são muito importantes para a Universidade. Eles trazem mais resultados que a participação em congressos”, considera.

O professor Carlos Emílio Levy, do Departamento de Patologia Clínica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), que também foi contemplado pelo Faepex Internacional, entende que o edital proporcionou experiências importantes para os alunos de pós-graduação e médicos residentes da área de Pneumologia e Fibrose Cística da FCM e Hospital de Clínicas (HC). “Através dessa iniciativa, tivemos a oportunidade de trazer para a Unicamp o professor Niels Hpiby, docente da Universidade de Copenhague [Dinamarca]. Aqui, ele realizou diversas atividades voltadas à pesquisa, pós-graduação, assistência e estímulo a ações conjuntas entre as duas universidades”, relata.

Hoiby, prossegue Levy, é um dos mais destacados especialistas da Europa nas áreas de Microbiologia e Imunologia da Fibrose Cística, com mais de 600 publicações nas mais conceituadas revistas científicas. “No intensivo programa desenvolvido pelo professor Hoiby, destacamos a apresentação dos projetos de pesquisa em inglês pelos pós-graduandos do Programa de Saúde da Criança e do Adolescente da FCM, por meio da qual o professor Hoiby pôde conhecer nossas linhas de pesquisa e pôde fazer sugestões e comentários sobre os projetos, bem como sobre potenciais colaborações de seu grupo”.

Com proposta contemplada pelo Intensive Course, a professora Cinthia Pereira Machado Tabchoury, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), enfatiza a importância do edital como estratégia para ampliar o grau de internacionalização dos programas de pós-graduação da Universidade, além de possibilitar a formulação de colaborações em pesquisa. A docente convidou para vir ao Brasil o cientista Colin Dawes, professor emérito da Universidade de Manitoba, no Canadá, cuja especialidade é saliva.

Na FOP, Dawes está ministrando uma disciplina com duração de duas semanas e conversando individualmente com alunos e docentes sobre seus artigos e pesquisas. “Ações como esta permitem aos alunos um maior contato e aprendizado com professores estrangeiros, além de estreitar os laços entre pesquisadores de universidades parceiras com vistas a futuras colaborações”, pontua a professora Cinthia.