Não existe uma identidade cultural
única, defende professor português

03/11/2015 - 11:24

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Professor da UTAD, Fernando Moreira

Professor da UTAD, Fernando Moreira

Mesa de abertura do evento

Mesa de abertura do evento

O professor Fernando Moreira, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), disse nesta terça-feira (3) durante o Fórum Permanente Educação e Desafios do Magistério da Unicamp, realizado no Centro de Convenções da Universidade, que é evidente que a identidade cultural de um país se cimenta com o passar do tempo e se fortalece com as marcas que nela vão se misturando a outras culturas.

Fernando Moreira, que é vice-diretor de Ciências da Cultura na UTAD, fez a primeira abordagem da mesa-redonda “Cultura portuguesa e identidades nacionais”, coordenada pela professora da Faculdade de Educação (FE) Dirce Zan, organizadora do Fórum. Também falou sobre o tema, mas tomando como caso paradigmático o Museu de Língua Portuiguesa, sediado em São Paulo, o doutorando da FE Odair Marques da Silva, coordenador do Centro Cultural de Inclusão e Integração Social (CIS-Guanabara).

Segundo o docente da UTAD, a identidade cultural portuguesa, como espaço de autonomia e diversidade, é produto de uma certa globalização que ela mesma fez ao formar uma identidade de país pluricontinental, diferente daquela que hoje se manifesta. A reflexão atual sobre a identidade portuguesa, explicou ele, coloca a tônica na sua organização dicotômica entre dois espaços: Portugal e os outros países (cá e lá, aquém e além), conduzindo à consideração da cultura portuguesa como uma cultura de fronteira apoiada que está na realidade geográfica do país periférico ou semiperiférico.

Na opinião do professor, para se aproximar daquilo que se é, deve-se passar pelo "outro". Fernando diz que “o 'outro' no passado foram todos os povos e civilizações que buscamos e com os quais cruzamos; e hoje é o confronto com a Europa a que sempre Portugal pertenceu, e com todo um mundo que vive uma globalização irreversível e com o qual temos muito que partilhar o que de mais humano há no homem”.

O professor lembrou que o mercado a tudo subjuga e a todos tenta controlar. Mas ele defendeu que a identidade e a universalidade são complementares no plano cultural. “Somos mais nós porque temos semelhanças com outros, beneficiando-se da instabilidade de um equilíbrio entre o eu e o outro”, comentou. “A identidade cultural portuguesa forjou-se no contato, na busca do outro para melhor se conhecer. Somos uma cultura de miscigenação e não acredito numa cultura única.”

Esse Fórum integra a série dos Fóruns Permanentes, promovidos pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) e organizados pela FE e CIS-Guanabara. Acompanhe a programação ao longo do dia.