Heloisa Reis recebe título
de Personalidade do Ano
16/05/2016 - 14:49
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A professora Heloisa Reis, da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp, recebeu no último dia 10 de maio o título de Personalidade Brasileira do Ano na área da Segurança Pública, concedido pelos ministérios do Esporte e da Justiça. Junto com a homenagem, a docente também foi contemplada com a Cruz do Mérito do Empreendedor Juscelino Kubitschek. Considerada a maior autoridade do país no estudo da violência associada ao esporte, Heloisa entende que a concessão do título é um importante reconhecimento ao seu trabalho, mas também ao papel da Universidade como partícipe na elaboração de políticas públicas. Na entrevista que segue, a professora da FEF fala mais sobre suas pesquisas.
Como recebeu a notícia da concessão do título de Personalidade Brasileira do ano na área da Segurança Pública?
Recebi com muita alegria e honra, visto que é o reconhecimento às contribuições que tenho prestado na área da prevenção da violência nos eventos de futebol. É o reconhecimento a uma trajetória dedicada às pesquisas, assim como pelas inúmeras palestras e assessoramentos que prestei aos dois ministérios. Também considero que é um reconhecimento ao papel da universidade e de suas pesquisas, que são fundamentais à formulação de políticas públicas.
Por falar em políticas públicas, como vê as iniciativas voltadas ao controle da violência associada ao esporte no Brasil?
Os avanços são pequenos, considerando que os ministros sempre dão respostas imediatas aos acontecimentos de violência, sem sequer consultar a Consegue [Comissão Nacional de Prevenção da Violência para a Segurança dos Espetáculos Esportivos], que é a principal instância responsável pelo aprimoramento das políticas públicas na área. Ademais, ao não respeitarem a cota de cinco membros de reconhecido saber na área e cota de participação da sociedade civil, as nomeações comprometem o efetivo trabalho da comissão e o consequente avanço das ações. Outro fator muito negativo verificado no último ano foi o crescimento da violência policial associada à criminalização de grupos de torcedores por parte do Estado de São Paulo. Isso pôde ser percebido pela mudança de rumo do Ministério Público e pela persistência de um policiamento repressivo e violento em detrimento de um trabalho preventivo, de inteligência e de mediação.
Não houve qualquer avanço?
O grande avanço foi a organização das entidades representativas dos torcedores com a criação da Anatorg [Associação Nacional das Torcidas Organizados do Brasil], que contou com o total apoio do Ministério do Esporte e com nossa intermediação e apoio. Outro avanço importante foi a recente publicação do “Marco de Segurança do Futebol: guia de recomendações para atuação das forças de segurança pública em praças desportivas”, lançado no dia em que recebi a homenagem. O documento traz no prefácio os agradecimentos e reconhecimento às pesquisas por mim desenvolvidas na Unicamp. Este guia pretende ser o suporte para o trabalho de todas as polícias militares.
Que desafios ainda temos pela frente nessa área?
Um dos desafios é garantir o efetivo funcionamento de um estado democrático, pois é necessária a nomeação de comissões com membros de reconhecida competência na área. Também é preciso criar um novo modelo de Estado que consiga lidar de modo respeitoso e democrático com os movimentos sociais.
Que pesquisas seu grupo está desenvolvendo atualmente?
As pesquisas no grupo estão sendo desenvolvidas de modo individual. Nesse âmbito eu inicio estudos transnacionais com Alemanha, Colômbia e Argentina. Pretendemos analisar como esses países abordam o tema, de modo a avançarmos.