Dona Nelly abriu o pedaço de papel e começou a ler o que havia preparado para a data. Em poucas palavras comparou a trajetória do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti – Caism, à do campeão olímpico Usain Bolt. “Nesse clima de olimpíadas, vibrando com o jamaicano, pensei na carreira do Caism...largas passadas rumo a um percurso bem definido, em direção ao ouro. Entretanto sua carreira não foi solo, vários acompanharam demonstrando intenso período de treinamento bem monitorado pelo saber, dedicação e carinho dos seus mestres”.

A senhora octogenária, mulher do falecido Eduardo Lane, diretor do Caism no período de 1987 a 1983 recebeu, pela dedicação do companheiro, uma placa comemorativa dos 30 anos do Hospital. A celebração foi na manhã desta sexta-feira, 19, no anfiteatro da unidade. Ao lado de Nelly Lane, muitos outros homenageados. Funcionários, ex-diretores, aposentados, todos emocionados com a lembrança de muitos anos de trabalho.

A cerimônia começou com a apresentação do grupo de trompetistas do curso de Música da Unicamp e depois as palavras do pastor João Silvio Rocha e padre Norberto Tortorelo Bonfim, responsáveis pela capelania hospitalar. O superintendente Luís Otávio Zanatta Sarian exaltou que o Caism é fruto de um idealismo empreendedor. “Nós somos uma construção coletiva. Temos um passado para nos orgulhar e motivos para nos animar com o futuro”.

Presidente do Conselho Técnico Administrativo do Caism, a médica Eliana Martorano Amaral apresentou números e fotos que ajudaram a contar a história do Hospital junto ao Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas. Desde a época em que funcionava na Santa Casa, o departamento já formou mais de cinco mil alunos e quase quinhentos residentes. Entre mestres e doutores a pós-graduação no Caism formou mais de seiscentos alunos. “É uma história de pessoas que ‘abraçam a causa’”.

Para o secretário municipal de Saúde, Cármino Antonio de Souza a história do Caism se confunde com a do Hemocentro, também criado pelo ex-reitor José Aristodemo Pinotti e pode ser traduzida em um sucesso extraordinário. “Se hoje nós lemos nos jornais que houve redução na mortalidade infantil em Campinas é também porque temos no Caism uma UTI neonatal que está entre as melhores, até fora do Estado”.

O professor Alvaro Crosta, coordenador geral da Unicamp, também homenageou José Aristodemo Pinotti e o modelo inédito de hospital criado na Universidade. “O Caism é um exemplo perfeito de sinergia entre a formação de pessoas, a geração de conhecimento novo e a aplicação de conhecimentos, isso se dá em elevado nível de excelência”, pontuou. Crosta fez questão de lembrar o diferencial do Caism. “Todo hospital cuida de pessoas mas este tem algo em particular pois aqui vidas são iniciadas”.

Retomando os números apresentados pela presidente do Conselho Técnico Administrativo, Eliana Amaral, o reitor José Tadeu Jorge comentou o quanto é impressionante a quantidade de médicos formados. A fidelidade ao projeto inicial que originou o Hospital, por parte daqueles que sucederam as equipes mais antigas foi apontada por Tadeu Jorge como uma marca do Caism. “Todos seguiram os princípios originais da criação do Caism”. O reitor da Unicamp ainda destacou o quanto é representativo que os recursos humanos formados pelo Hospital não são apenas qualificados, mas preparados para o trabalho. “O Caism executa com primazia as atividades de ensino, pesquisa e assistência”.

Depois da solenidade todos foram ao saguão para o descerramento da placa comemorativa aos 30 anos do Hospital. No local houve a apresentação de um coral de funcionários com diferentes ‘anos de casa’. Eles e elas cantaram músicas que homenageiam a mulher.