João Ernesto de Carvalho
é empossado diretor da FCF
22/08/2016 - 13:56
- Text:
- Images:
- Images Editor:
O professor João Ernesto de Carvalho foi empossado diretor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unicamp, unidade na qual era diretor pró-tempore desde 2014. A cerimônia de posse aconteceu na última sexta-feira (19) no Centro de Convenções da Universidade, diante do reitor José Tadeu Jorge e do coordenador geral da Universidade Alvaro Crósta, dos pró-reitores de Graduação Luís Alberto Magna, de Pesquisa Gláucia Pastore, de Desenvolvimento Universitário Teresa Dib Zambon Atvars, do chefe de Gabinete Paulo César Montagner, do chefe adjunto de Gabinete Osvaldir Pereira Taranto, além de professores, alunos, funcionários e convidados. João Ernesto cumprirá um mandato de 2016 a 2020 à frente da FCF.
A professora Célia Regina Garlipp deixou o cargo de diretora associada pró-tempore da FCF agradecendo o apoio no exercício de sua função, que agora ficará sob a responsabilidade do professor Rodrigo Ramos Catharino. Célia contou que foram momentos muito produtivos e que ela pôde trazer contribuições com a sua formação. “Desejo ao João Ernesto e ao Rodrigo um bom trabalho e saibam que sempre poderão contar comigo”, disse.
Com a palavra o diretor da FCF, ele afirmou que foi uma longa história para a criação do curso de Farmácia e da faculdade, desde 1999. Segundo ele, sem o professor João Alexandre da Rocha Pereira não existiria esse curso e nem essa unidade. Lembrou que o atual reitor da Unicamp foi quem sugeriu em 2000, então professor da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri), a elaboração da proposta de criação da FCF pelo Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas Biológicas e Agrícolas (CPQBA).
“Em 2002, o governador do Estado ofereceu recursos à expansão de cursos no país. O curso de Farmácia da Unicamp foi contemplado e nasceu em gestão compartilhada com o Instituto de Biologia (IB), a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e o Instituto de Química (IQ). Os dez anos seguintes foram dedicados à contratação de docentes, à elaboração de concursos, à instalação de comissões, etc. Em 2014, a proposta de criação da FCF foi aprovada pelo Conselho Universitário (Consu). Recebemos então a incumbência de organizá-la com a professora Célia”, contextualizou João Ernesto.
Ele discursou sobre a conjuntura do país e as ameaças à universidade pública e ao sistema de saúde. Recordou os desafios que a FCF terá para a implantação de um curso de pós-graduação, para a reformulação da grade curricular e para a construção de sua sede própria. Realçou a necessidade de dar formação crítica aos alunos. Abordou o papel relevante dos medicamentos para melhorar a qualidade de vida das pessoas, mas não deixou de apontar que apenas 16% da população, da classe mais alta, consome hoje 78% de todos os medicamentos. Classificou isso de uma barreira gigantesca imposta pelo lucro, assim como ocorre com a indústria de alimentos, cosméticos e agrotóxicos.
Os alimentos, conforme João Ernesto, são produzidos com altos teores de açúcar, gordura e sal, contribuindo de forma significativa para a indústria farmacêutica mundial. Com isso, nota-se um aumento no número de obesos, diabéticos e hipertensos. Por outro lado, a indústria de cosméticos sugere milagres inalcançáveis, lucrando à custa de falsas promessas. Também o uso pesado de agrotóxicos faz do Brasil um dos maiores consumidores do mundo. “Cerca de 500 mil toneladas por ano são despejados no país, já se verificando um aumento na incidência de câncer em cidades do interior de São Paulo. No ano passado, o agrotóxico mais utilizado foi classificado como potencialmente carcinogênico pela Organização Mundial da Saúde”, informou.
Frente a esse panorama, a sua opinião é de que a FCF não deve só se preocupar com a formação de profissionais para a indústria farmacêutica, mas com a formação de farmacêuticos com consciência. “Além de inovação e empreendedorismo, eles devem estar cientes do seu papel social. Não esperamos técnicos de elevado nível, mas cuja preocupação não ultrapasse simplesmente os frascos e comprimidos”, defendeu. “Então essa será uma das nossas missões nos próximos quatro anos.”
O coordenador geral da Universidade Alvaro Crósta sublinhou que esse momento é muito especial para a instituição, por se dar posse à diretoria mais jovem da Unicamp. “É uma unidade vibrante, dinâmica e tem um dos melhores cursos do país. Não é fácil dirigir uma unidade jovem na qual há tudo por fazer, mas essa pode também ser uma grande janela de oportunidades”, pontuou Crósta, que aproveitou para elogiar o discurso de João Ernesto pelo componente de reflexão social.
O reitor da Unicamp relembrou os esforços para que o curso de Farmácia e a FCF fossem implantados. “Houve toda uma fase de maturação e de reflexão, além da competência daqueles que a iniciaram. Essa experiência criou uma história, um espírito de corpo, um espírito de vestir a camisa”, destacou.
Além de recordar a história da FCF, Tadeu Jorge fez uma apreciação ao trabalho da professora Célia Regina Garlipp. “Tinha plena convicção do trabalho dela num momento difícil de implantação de um curso e de uma faculdade", assinalou. O reitor também deu relevo ao trabalho dos professores João Ernesto e Rodrigo Cathaerino, sublinhando que essa equipe deixa a Unicamp muito tranquila quanto ao futuro da FCF. “Essa faculdade não poderia estar em melhores mãos para esses quatro anos de desafios. Sempre terão o nosso apoio”, concluiu.
Célia Garlipp e João Alexandre da Rocha Pereira foram homenageados na cerimônia, em reconhecimento ao papel que desempenharam. Rodrigo Catharino enfatizou o espírito conciliador da professora Célia em diferentes momentos e o professor João Ernesto agradeceu o professor Pereira pela proposição e empenho para a criação do curso de Farmácia e na construção dos fundamentos para a FCF. A solenidade encerrou com boa música.