Escultura feita pelo professor
Marco do Valle é restaurada

03/10/2016 - 07:00


O professor do Instituto de Artes (IA) da Unicamp Marco do Valle acaba de coordenar o restauro de uma escultura de sua autoria chamada “Eixo paralelo ao da rotação da terra”, que está localizada na praça do Ciclo Básico, em frente ao Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). A obra havia sido inaugurada na Universidade em 1987, na gestão do reitor Paulo Renato Costa Souza. Integrava o Projeto de Arte no Campus Unicamp, então tocado pelo professor Bernardo Caro (que faleceu em 2007).

O restauro foi feito em aço corten, um tipo de material que em sua composição contém elementos que melhoram suas propriedades anticorrosivas. Foi contratada para o restauro uma firma especializada – a Casa do Corten, de São Paulo, trabalho apoiado pela Reitoria, Prefeitura do Campus e Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp). 

Como sugere o seu título, a escultura tem seu eixo paralelo ao da rotação da terra e aponta para o centro de rotação das estrelas no céu. A este trabalho a professora da USP Marilena Chauí deu o nome de “Talismã” em um texto de 1987, como meditação entre o terrestre e o celeste.  

Marco do Valle relatou que, para criar a direção do eixo paralelo à rotação da Terra, ele colocou uma estaca no chão plano, aonde repousa a escultura, e a menor sombra é a direção que aponta para a direção norte-sul paralela ao eixo de rotação da Terra. “Quando olho na direção do eixo, ele fica no centro de rotação das estrelas do céu no hemisfério sul. Tem uma ciência por detrás disso. É fruto de uma instalação astronômica”, descreveu. “Acredito que, com isso, estamos prolongando a vida dessa escultura.” 

O professor é um artista contemporâneo e essa é a sua única escultura pública. Ele tem esculturas no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), na Pinacoteca do Estado de São Paulo, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Marco do Valle representou o Brasil na 20ª Bienal Internacional de São Paulo. Além disso, na Unicamp, instituição na qual chegou nos anos de 1980, foi fundador do curso de Artes a convite do professor Bernardo Caro. Atualmente é professor de escultura contemporânea. Também ministra aulas de Desenho para os alunos do curso de Arquitetura, o que também ajudou a criar. 

Marco do Valle lamenta que, com o passar do tempo, o conceito de patrimônio público esteja se perdendo. “No século 19, havia uma forte relação com a cidade: o historicismo, as esculturas da cidade de Campinas. Elas não eram pichadas. Havia um respeito e uma compreensão sobre aquela produção. Hoje o centro da cidade está quase completamente pichado por algumas pessoas que não se reconhecem naquele lugar como espaço deles. Não vou dizer que aquilo não seja arte, mas é uma arte não ética”, criticou.