Na noite fria da sexta-feira, 10, a sala do Auditório do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) ficou cheia de curiosos. Desta vez o tema foi “Ondas Gravitacionais - Prêmio Nobel da Física de 2017”. O físico Alberto Saa, professor do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc) da Unicamp trouxe para a plateia até mesmo o som de um buraco negro, captado por cientistas.
O evento “Fisica para Curiosos” é realizado uma vez por mês pelo IFGW e tem como objetivo apresentar temas da física numa linguagem acessível para o público em geral. As conversas são com especialistas em diferentes áreas e no final da palestra há uma sessão de perguntas.
O Prêmio Nobel da Física de 2017 foi dado para a equipe de cientistas que fez a primeira detecção direta das ondas gravitacionais. Rainer Weiss, Barry C. Barish e Kip S.Thorne foram os responsáveis pelo experimento LIGO - Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser.
“As ondas gravitacionais são uma previsão centenária de Einstein que foi detectada diretamente agora”, explicou o professor. O experimento começou nos anos 60 e envolveu muito desenvolvimento tecnológico. “Só agora temos a tecnologia para fazer os instrumentos com a precisão necessária”, destacou Saa.
Ele explicou que as ondas gravitacionais são como ondas sonoras com a diferença que as sonoras “são perturbações no ar que causam pequenas variações de pressão que nosso ouvido consegue captar. Já as ondas gravitacionais são perturbações no espaço/tempo ‘ouvidas’ pelos interferômetros de laser que tem 10 quilômetros”.
O professor comentou ainda como são formadas as ondas gravitacionais, a partir da fusão de buracos negros. E que no caso, as ondas detectadas pelo LIGO foram geradas por um evento há milhares de anos viajando por todo esse tempo “alheias à nossa história”. Saa também explicou avanços que a descoberta propiciou como na observação astronômica que passou a não depender mais apenas de se apontar um telescópio para o céu. Com os sinais das ondas gravitacionais é possível detectar os fenômenos.
Para o professor falar de ciência dessa forma, para um público leigo, é um desafio e uma necessidade. “Você vai a uma festa e ninguém admite que você não conheça Shakespeare. No entanto se você diz não conhecer Einstein ninguém se assusta. Isso é analfabetismo científico. Acho que esse tipo de evento funciona quando o público se sente motivado a aprender mais”.