Carro a hidrogênio
deve circular ainda este mês
CRISTIANE PERES BERGAMINI
FABIANA GAMA VIANA
Especial para o JU
A Unicamp acaba de receber a maior célula a combustível comercial tipo PEM do Brasil. Este é o equipamento mais esperado para a finalização do projeto de veículo hidrogênio/elétrico, conhecido como Vega II, intitulado “Desenvolvimento de plataforma de teste para veículos elétricos com células a combustível”. A célula a combustível é um dispositivo que converte diretamente a energia química de um combustível (hidrogênio neste caso) em energia elétrica, utilizada no projeto para o acionamento do motor elétrico do veículo.
O objetivo da pesquisa é disponibilizar uma plataforma de testes para veículos elétricos que utilizam células a combustível e dotar o país de conhecimento técnico e mão-de-obra especializada nesta área. A célula a combustível da Unicamp, com potência nominal de 5 kW é do tipo PEM (Próton Exchange Membrane), o mais indicado para aplicação veicular. O hidrogênio a ser utilizado na célula será fornecido por dois cilindros pressurizados, semelhantes aos utilizados nos carros com gás natural.
O projeto, desenvolvido graças à parceria firmada entre o Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), o Laboratório de Hidrogênio do Instituto de Física “Gleb Wataghin”, ambos da Unicamp, e o Centro Nacional de Referência em Energia do Hidrogênio (Ceneh), só foi possível em função de um financiamento de R$ 400 mil do Ministério de Minas e Energia (MME). Manoel Nogueira, coordenador geral de Tecnologias da Energia do MME, ressalta a importância de um projeto como este para o país: “O MME acredita que o hidrogênio, dentro das particularidades da matriz energética brasileira, possui aplicação comercial no futuro no Brasil. Neste contexto, estamos fazendo esforços para estruturar uma economia para o hidrogênio e temos algumas ações nesse sentido, as quais são articulação com o Ministério de Ciência e Tecnologia e com o Iphe (International Partnership for the Hydrogen Economy), além da criação de um comitê multiinstitucional para definição de políticas governamentais para a economia do hidrogênio, e o projeto de ônibus a hidrogênio”.
Segundo Nogueira, o projeto ”Plataforma” é mais uma atuação visando aglutinar essas ações e instituições no contexto da formação de uma economia do hidrogênio. “Com a conclusão deste projeto teremos um produto de penetração para informar ao grande público que existe uma opção de geração de energia que pode combinar as qualidades das fontes renováveis e do gás natural como energético, com um fornecimento de grandes quantidades de energia de maneira regular e com um mínimo de impacto ambiental”.
Entre os principais resultados esperados deste trabalho estão o dimensionamento, teste e operação de todo o sistema de propulsão de um veículo elétrico com células a combustível, além de pesquisas para o uso de células a combustível em aplicações estacionárias. “Estaremos colocando o Brasil entre os países que dominam a tecnologia dos veículos com células a combustível, abrindo amplas possibilidades para o uso veicular de fontes renováveis de energia, por meio da geração de hidrogênio, seja a energia hidroelétrica ou a eólica, através da eletrólise da água, seja o uso do etanol em reformadores a bordo dos veículos”, afirma o professor. Ennio Peres da Silva, coordenador do projeto e do Laboratório de Hidrogênio da Unicamp.
O projeto conta ainda com a colaboração de empresas do setor privado, como a WEG Motores e a WEG Automação, Acumuladores Moura e a Sabbó, que forneceram equipamentos e/ou serviços utilizados no VEGA II. A previsão, segundo o professor Ennio, é de que o carro esteja realizando os primeiros testes de pista ao final deste mês, devendo estar exposto ao público durante o Seminário sobre Veículo Elétrico Híbrido, a ser realizado nos dias 27 e 28 de abril, no Blue Tree Convention, em São Paulo, evento que será organizado pelo Instituto Nacional de Eficiência Energética (Inee). (C.P.B. e F.G.V.)