Empresas juniores pedem empreendedorismo nos currículos
As empresas juniores querem que o ensino de empreendedorismo faça parte do currículo universitário brasileiro. "Não que todos graduados se tornem necessariamente empresários, reivindicamos apenas a aceitação institucional do empreendedorismo como uma opção legítima de carreira, assim como existe a acadêmica", explica Victor Queiroz, aluno do quinto ano de engenharia elétrica da Unicamp e presidente da Federação das Empresas Juniores do Estado de São Paulo (Fejesp). Em sua opinião, as universidades hoje estimulam a carreira acadêmica a partir dos trabalhos de iniciação científica realizados durante a graduação. "Também somos preparados para atuar no mercado profissional. Portanto, falta mudar a mentalidade e fazer com que o estudante pense em seu potencial para gerar emprego e renda para o país", argumenta Queiroz. Esta bandeira juntamente com um pacote de estratégias denominado Economia Jovem será lançada em julho durante a Conferência Mundial das Empresas-Juniores (Comej), em Fortaleza.
Uma cerimônia realizada simultaneamente em sete Estados brasileiros, no último dia 15, marcou o início da mobilização para a Comej. Na Unicamp, o evento aconteceu no auditório da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) e contou com a presença do reitor Carlos Henrique de Brito Cruz que, diante do auditório lotado de graduandos, discorreu sobre sua "aventura" como empresário júnior, quando universitário. "Naquela época nem existia o movimento no Brasil, mas tive minha primeira experiência, que qualifico como excepcional".
Segundo Victor Queiroz, os estudantes têm consciência do impacto social e econômico do movimento das empresas juniores no país. "O que falta é mensurar este impacto e fazer a diferença na formação de opiniões. No Brasil há perto de 600 empresas juniores, que envolvem 25 mil alunos de graduação. São números significativos", analisa. Ele lembra que na Unicamp, diferentemente do que ocorre em outras instituições, existe um apoio grande a esse tipo de iniciativa. Cita o Fórum Permanente de Empreendedorismo e as discussões junto à Reitoria como sinais de aceitação da cultura pela Universidade.
Bruno Sepúlveda Villela, do segundo ano de engenharia mecatrônica, concorda com o colega e confessa que optou pela Unicamp justamente por conta desta característica de "criar coisas novas". Com 21 anos, Villela é do Rio de Janeiro, onde chegou a freqüentar cursos de jornalismo e letras em universidades públicas, mas acabou atraído pelo "ambiente criativo" em Campinas. "O nível produtivo, intelectual e a infra-estrutura muito boa superaram as minhas expectativas", comemora.
Estratégias A Confederação Brasileira de Empresas Juniores, batizada de Brasil Júnior, já trabalha há alguns anos para imprimir uma cultura de empreendedorismo nas universidades. Dentro do pacote de estratégias que se pretende lançar, está um banco de dados com todos os projetos realizados pelas empresas-juniores. Um portal na Internet traria todas as informações do movimento, inclusive resgatando a história desde a sua criação no Brasil, há 15 anos.
Este portal de gestão do conhecimento permitirá, por exemplo, que um trabalho desenvolvido no Nordeste seja conhecido por empresários juniores paulistas e adaptado à realidade do interior do Estado. Estratégias à parte, busca-se também melhorar a qualidade dos projetos, estando em desenvolvimento um sistema de dados para avaliar esses trabalhos. "Queremos dar um salto na qualidade", destaca Daniel Lago, diretor da Brasil Júnior.
Na cerimônia para mobilização ao Comej, houve espaço para o depoimento de Juliano Pastorelli, ex-aluno que traz experiências como empresário júnior e diretor da Fejesp. Pastorelli é sócio-fundador de uma das "filhas" da Unicamp, a BrainWeb, incubada no Núcleo Softex. A empresa desenvolve tecnologia para internet em Java e já possui clientes como Chevrolet, Universo das Flores, Inpe e Tribunal Regional do Trabalho. Aos 24 anos, o jovem empresário aconselha aos estudantes que aprendam com os exemplos de sucesso, demonstrem segurança para empreender e pensem em retorno financeiro em médio e longo prazos.