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De acordo com o reitor Brito Cruz, nova configuração espacial estabelece padrão ideal de sala de aula
Reforma do Básico
valoriza ensino de graduação
MARIA ALICE DA CRUZ
Salas de última geração, alunos e professores conectados com o mundo, infra-estrutura de ensino e aprendizagem a mais atual possível. "E, o que é importante, com tecnologia brasileira", diz o coordenador do projeto de reforma do Ciclo Básico I da Unicamp, professor Marco Aurélio Pinheiro de Lima. Ao ser reinaugurado no último dia 19, com seus seis anfiteatros e 12 salas de aula inteiramente redimensionados, foi como se renovasse o "coração do campus", para onde convergem todos os alunos de graduação nos primeiros semestres de seus cursos.
Os ambientes foram totalmente reestruturados. Em vez da velha estrutura física, do calor e da iluminação precária, as classes têm agora cadeiras fixas e ergonômicas com pranchetas retráteis, sistema sobe-desce de quadros-negros, ar-condicionado, telas-retrato, projetor de originais, retroprojetor, datashow e microfone de lapela. Os microcomputadores estão conectados à internet, à rede da Unicamp e ao sistema TelEduc. A mesa do professor também já não é a mesma: foi transformada em uma larga bancada apropriada para experiências e demonstrações, com controle de iluminação.
O projeto, iniciado há um ano e meio, foi desenvolvido de forma planejada e integrada para atender à nova demanda de alunos por sala. As aulas ministradas em salas que acomodam de 70 a 180 estudantes ganharão mais eficiência uma vez enriquecidas com os recursos multimídia disponíveis, acredita Lima. O professor Amir Ordacgi Caldeira, do Instituto de Física, ressalta que agora é "possível realizar aulas magnas reunindo duas turmas em um mesmo horário".
A demanda era justamente a preocupação da Universidade, que, em 2004, criou 360 novas vagas e de 1987 a 2004 duplicou o número de alunos de graduação. Com a reforma, o prédio do Básico I obteve capacidade para acomodar 2 mil estudantes de primeiro e segundo ano. A expansão de vagas, de acordo com informação dada pelo reitor da Unicamp, Carlos Henrique de Brito Cruz, durante a reinauguração, viabilizou a reforma, feita com verbas provenientes da Assembléia Legislativa - R$ 17,5 milhões em 2002 e R$ 3,5 milhões em 2003 - destinadas também a reformas em laboratórios de outras áreas da Universidade e ao pagamento de monitores de apoio para as salas de aula.
Para o reitor, o investimento marca um esforço importante da administração em valorizar o ensino de graduação. A idéia, de acordo com Brito Cruz, não foi só fazer reforma, mas estabelecer um padrão ideal de sala de aula. "As salas passaram de um nível básico para um nível mais alto de exigência". Brito enfatizou que todas as discussões e testes feitos durante a realização e a finalização do projeto permitiram a geração de propriedade intelectual, na universidade, para adequação de salas de aula. "O trabalho da equipe será utilizado como exemplo para outras iniciativas deste tipo". Durante a cerimônia do último dia 19, o reitor abriu a outras unidades do campus a possibilidade de procurar a equipe para discutir projetos de reestruturação de salas, desde que haja recursos.
A reforma inspirou a criação de um órgão direcionado para logística e infra-estrutura de ensino na Unicamp. Um inventário de salas, a partir do qual será possível localizar todas as salas de aula e conhecer sua infra-estrutura, está sendo agilizado pela Pró-Reitoria de Graduação. "O objetivo é diminuir a ociosidade desses espaços. Muitas vezes existe uma sala disponível e ninguém sabe", enfatiza o reitor.
Para o físico Marco Aurélio Pinheiro Lima, a infra-estrutura propõe um desafio a universitários e professores, pois trata-se da reunião de recursos e acomodações novos. "A boa universidade é a que desafia seus alunos. Conectar uma sala de aula com o mundo amplia os desafios", conclui.
Imecc é maior usuário
Os maiores usuários do ciclo básico são os docentes dos Institutos de Física e de Matemática, Estatística e Ciência Computacional. Disciplina básica de diversas áreas do conhecimento, a matemática ocupa a maior parte da agenda no prédio, pois é ministrada a dois terços dos cursos da Unicamp, de acordo com informações fornecidas pelo professor Renato Pedrosa, professor do Imecc.
Segundo Pedrosa, todos os profissionais do quadro docente do Imecc - exatamente uma centena - passam pelo Ciclo Básico em algum momento de sua carreira acadêmica. Além de futuros matemáticos e estatísticos, eles ajudam a formar cientistas sociais, engenheiros, biólogos, engenheiros, geógrafos e profissionais da área de saúde. Os professores utilizam o prédio às segundas, quartas e sextas-feiras, das 8 às 10 horas.
Segurança - Nenhum aluno vai mais precisar esperar o professor trazer a chave do auditório para entrar, pois as portas ficarão abertas. O projeto também previu tecnologia especial para segurança do prédio. Os aparelhos estão automaticamente presos a uma central de segurança. Além dos racks trancados, os equipamentos possuem um sistema de alarme que permite que a central seja informada sobre possíveis violações. "Não é um alarme que pode ser ouvido pela Universidade, mas trata-se de um aparato que avisa a Segurança", explica Marco Aurélio.
Acessibilidade - Toda instituição que se propõe a realizar um projeto de inclusão social tem de pensar em meios de acessibilidade. Desta forma, a nova construção inclui uma rampa de acesso ao prédio, duas torres de elevador para acesso ao piso superior e outras duas para os sanitários. Na sala de aula, os alunos contam com uma carteira desenvolvida especialmente para usuários de cadeira de rodas.
"Por lei, os candidatos com necessidades especiais têm direito de conhecer o lugar onde vão prestar vestibular. Muitos acabam desistindo por causa da falta de adaptação dos prédios. Para compor as salas, ouvimos profissionais do Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação Gabriel Porto (Cepre) e trouxemos usuários de cadeira de rodas para testar as carteiras", explica Marco Aurélio.
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Depoimentos |
"As novas salas são confortáveis, aclimatadas e com plenas condições de utilização de recursos audiovisuais. Os alunos refletem esta sensação. Eles brincam, dizendo que parece coisa de primeiro mundo. Não há o que criticar nas novas salas. O aluno tem predisposição para ficar atento, pois não tem de se preocupar com condições físicas adversas. A disponibilização de recursos computacionais, como a Internet, só vem enriquecer o trabalho do professor." Luiz Marco Brescansin, professor do Departamento de Física da Matéria Condensada, do IFGW |
"As novas salas do Ciclo Básico 1 têm sido essenciais para o início do curso de midialogia, pois podemos usar simultaneamente, em sala de aula, imagens em movimento - vídeo ou DVD - e imagens estáticas, principalmente fotografias, além do acesso à Internet. A nova estrutura permite a utilização de multimídia para apresentação de trabalhos.Estou na Unicamp há 20 anos e pela primeira vez temos plenas condições de trabalho em sala de aula, utilizando meios audiovisuais." Fernando de Tacca, professor do Departamento de Multimeios do Instituto de Artes da Unicamp. |
"O que tínhamos antes é incomparável com o que é oferecido agora. As salas são realmente bem-estruturadas e confortáveis. A sala CB1, por exemplo, pode acomodar até 180 alunos e, dentro dessa nova realidade, é preciso oferecer algo mais, como conforto para o estudante e nova tecnologia de fácil acesso para o professor. A infra-estrutura nos permite realizar aulas magnas, pois, com os novos recursos para passar as informações, é possível atender duas turmas na mesma sala de aula. O mais importante é que isto pode ser feito com melhoria na qualidade da aula. Os resultados serão mostrados com o tempo, mas qualquer falha que se descubra será detalhe para que o processo fique mais eficiente do que já está." Amir Caldeira, professor do Departamento de Física dos Sistemas de Muitos Corpos e coordenador de graduação do Instituto de Física da Unicamp.
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