Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 249 - de 26 de abril a 2 de maio de 2004
Leia nessa edição
Capa
Artigo: estatização de vagas
Cartas
Soja: perigo nos novos fronts
FEA: melhoria de alimentos
Autonomia dos enfermeiros
Bambu: tratamento de esgoto
Empresas juniores
FEM: "cadeira" para crianças
Unibanda: acesso à música
Básico: valoriza graduação
Painel da semana
Unicamp na mídia
Oportunidades
Teses da semana
O quitandeiro
Geoprocessamento
 

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Tese avalia grau de
autonomia dos enfermeiros



ISABEL GARDENAL



A enfermeira Flora Marta Giglio Bueno: Flora Marta Giglio Bueno sempre considerou o ato de cuidar um desdobramento da educação que recebeu em casa. Parte desses princípios foi incorporada à sua prática profissional, quando optou pela enfermagem. Ela divide seu tempo há 23 anos com o trabalho no HC da Unicamp. "Percebi que a missão de cuidar não se desvincula dos valores sociais", afirma. Mais tarde, compreendeu melhor o assunto no mes-trado "A construção da autonomia profissional: o trabalho do enfermeiro no contexto hospitalar". Muitas constatações confirmaram suas suspeitas: enfermeiros ainda confundem autonomia com autoridade e poder, "omitindo" aspectos da humanização e restringindo a assistência, sem uma visão holística do paciente. "Adquirimos poder com o conhecimento e aplicabilidade de referenciais teóricos específicos da enfermagem à medida que construímos esse saber", esclarece. Um dos conceitos adotados hoje define "autonomia" como um valor assumido pelo enfermeiro consciente, para escolher a melhor forma de atuar junto ao paciente.

Autora colheu depoimentos de 59 profissionais

A investigação de Flora envolveu análise do depoimento de 59 enfermeiros assistenciais, entrevistados aleatoriamente nos três turnos de trabalho do HC. Segundo ela, os enfermeiros, em geral, relatam que têm autonomia quando relacionam suas atividades com o processo de cuidar, mas não na esfera burocrática e administrativa. Um dos entrevistados afirmou que o profissional de enfermagem acaba desenvolvendo várias atividades ao mesmo tempo. "Tudo aquilo que ninguém sabe a quem cabe atribuir, sobra para o enfermeiro. São tarefas simples que não exigem formação especial como a do enfermeiro. Ele poderia ficar liberado para se ocupar do cuidado", sugere.

Outros relatos - destaca Flora - deixam claro que o enfermeiro deveria ter mais contato com o paciente (com apuração mais criteriosa de suas queixas) e ter mais autonomia para conhecer o processo de cuidar. Os centros formadores, prossegue a enfermeira, moldam a visão do profissional sobre seu papel na sociedade e na instituição de saúde. Na sua opinião, no entanto, o enfoque da promoção de saúde e o seu caráter preventivo deveriam ser mais estimulados. "Já tivemos uma reforma curricular e esperamos que mais valores sejam agregados porque, além da valorização profissional, uma visibilidade social poderá se juntar aos valores éticos e legais da profissão", acredita.

Nível de satisfação - A enfermeira Flora conta que sua pesquisa, orientada pelo antropólogo e sociólogo em saúde Marcos Souza Queiroz, do Centro de Memória da Unicamp (CMU), apontou que a faixa etária média dos enfermeiros do HC é de 37,3 anos, o sexo predominante é o feminino (em 88% dos entrevistados), 67% residem em Campinas (com percentual elevado de população flutuante), 33,9% têm mais de um emprego, 78,5% tiveram formação universitária em instituições particulares (nem todas ligadas a hospitais-escolas e universidades), mais de 90% têm no mínimo uma especialização e 84,7% estão satisfeitos com o seu trabalho.

Na entrevista, Flora avaliou ainda outras categorias de investigação, como a visão do profissional em relação à promoção da saúde, a liderança na equipe de saúde, a qualificação do saber em enfermagem, a competência profissional, as atividades inespecíficas da profissão, a visão atual do trabalho do enfermeiro e as atitudes para mudança do modelo em vigência. "Este conhecimento poderá ser aplicado ao meu cotidiano, porque o material foi colhido na própria Universidade. Sua aplicação poderá ser conduzida, inclusive, pelo planejamento estratégico proposto pela Unicamp", sugere.

Flora presidiu, por nove anos, a Comissão de Ética de Enfermagem do HC. É graduada em enfermagem pela PUC-Campinas, especialista em administração hospitalar pela Faculdade "São Camilo" e habilitada em saúde pública pela PUC-Campinas e em cuidados intensivos pela Universidade de São Paulo (USP). Foi enfermeira assistencial por muitos anos e, atualmente, como enfermeira gerencial, atua como assistente técnico do Departamento de Enfermagem do HC.

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