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Espaço, que terá circo itinerante sobre nanociência
e nanotecnologia, vai ser inaugurado no dia 4

Mostra interativa abre programação do Museu Exploratório de Ciências



SABINE RIGHETTI
Especial para o Jornal da Unicamp

Tenda onde funcionará o Museu Exploratório de Ciências de Campinas, erguida no Parque Portugal: conceitos apresentados de forma atraente (Foto: Neldo Cantanti)Se os primeiros museus de ciência eram baseados apenas em exposições, a busca agora é pela interatividade com o público. Baseado no conceito de participação dos visitantes, foi idealizado o Museu Exploratório de Ciências de Campinas, que terá seu primeiro grande projeto – um circo itinerante sobre nanociência e nanotecnologia – inaugurado oficialmente no dia 4 de abril no Parque Portugal (Taquaral), em Campinas. A NanoAventura, como ficou conhecida, é uma experiência desenvolvida por professores e pesquisadores da Unicamp e do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em parceria com a Prefeitura Municipal de Campinas e com o Instituto Sangari, e que conta com o apoio da Fundação Vitae e da Fapesp.

O objetivo da NanoAventura é apresentar conceitos aparentemente difíceis da nanotecnologia de forma atraente e diversificada. De acordo com o reitor da Unicamp, Carlos Henrique Brito Cruz, o tema nanotecnologia foi escolhido por ser atual. “Trata-se de uma área do conhecimento que vai ainda modificar muito nossas vidas, de um modo semelhante àquele que resultou da revolução da microeletrônicaO presidente da Comissão de Implantação do Museu, Marcelo Knobel: "Queremos que as crianças venham com a escola e depois voltem com os pais" (Foto: Neldo Cantanti)”, afirma.

O circo itinerante mistura diversas técnicas de comunicação e imersão, que integram elementos reais e virtuais, animações, filmes, teatro e jogos eletrônicos. De acordo com o presidente da Comissão de Implantação do Museu, Marcelo Knobel, objetiva-se com a experiência atingir uma maior compreensão e familiaridade sobre a nanociência e nanotecnologia. “Os participantes da NanoAventura terão novos elementos para entender e discutir a importância deste campo científico-tecnológico para a sociedade, além de conhecer algumas iniciativas de pesquisa e desenvolvimento em nanociência e nanotecnologia realizadas no Brasil”, afirma.

Após a inauguração oficial em Campinas, a NanoAventura segue para o Rio de Janeiro, onde será apresentada pela primeira vez ao público durante a “Expo Interativa Ciências para Todos”, que acontece entre os dias 11 e 17 de abril. A Expo reunirá produtos, serviços e tecnologias para museus e centros de ciências, exposições e instituições de divulgação e educação de ciência. O evento faz parte do IV Congresso Mundial de Centros de Ciência, que acontecerá na mesma semana.

Espaços para educação científica


Os Museus de Ciências, de acordo com reitor da Unicamp Carlos Henrique Brito Cruz, são essenciais para que a população tenha acesso ao conhecimento científico de uma maneira agradável e educativa. “Museus de Ciências, especialmente os do tipo Exploratório como o que estamos desenvolvendo, são muito importantes para que as crianças tenham uma interação agradável com as idéias da ciência, que parecem às vezes complexas quando formalizadas. Ao mesmo tempo são extremamente atraentes”, afirma o reitor.

Uma experiência interessante de Museu de Ciências no Brasil existe no Museu de Ciências e Tecnologia (MCT) da Pontifica Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Cada setor da exposição possui uma identidade visual própria e conta com um monitor, que é estudante da PUC-RS. As exposições são compostas por oficinas, o que garante interatividade com os participantes.

Em Campinas, o projeto de implantação do Museu Exploratório de Ciências começou há três anos. A Unicamp iniciou a discussão e a mobilização de recursos materiais e humanos para definir um projeto. Brito Cruz, no entanto, deixa claro que não se trata de um Museu da Unicamp. “Nossa estratégia foi iniciar as discussões. O Grupo de Trabalho da Unicamp organizou workshops, trouxemos especialistas do Brasil e do exterior e pouco a pouco se montou um projeto”, conta.

Para Marcelo Knobel, o fato de o primeiro grande projeto do Museu Exploratório de Ciências de Campinas ser itinerante torna a idéia ainda mais inovadora. Ele destaca que o museu itinerante permite, principalmente para um país grande como o Brasil, que uma mesma exposição percorra diversas partes, incluindo regiões que estão distantes dos grandes centros urbanos onde os museus costumam estar instalados.

Outra atividade do Museu Exploratório de Ciências de Campinas em preparação é o TecnoDesafio, que está sendo preparado em parceria com o Instituto Sangari, uma organização não-governamental dedicada a promover educação básica com qualidade e inclusão social. O TecnoDesafio visa atingir jovens, motivando-os a construir soluções para desafios científicos e tecnológicos, usando materiais e engenhosidade. “Trata-se de estimular o trabalho em equipe e o desenvolvimento de novas idéias através de desafios intelectuais e inovações tecnológicas”, afirma Brito Cruz. As atividades deverão ser desenvolvidas por grupos de crianças em escolas, através de mini-desafios (espécie de gincanas de um dia de duração) e de um grande desafio, com uma complexidade maior, onde grupos poderão trabalhar durante meses na solução do problema prático proposto.


Por dentro da exposição

Os visitantes da NanoAventura participam da experiência do início ao fim, e estima-se que a visita completa dure cerca de 1h e 10 minutos. Ao entrarem, são recebidos por um ator que encena um cientista e os convida a participar de uma experiência em seu laboratório. Em seguida, assistem a um vídeo com imagens e depoimentos de cerca de 20 minutos, durante o qual o ator interage com o público. Os visitantes se dividem então em quatro grupos e participam de quatro jogos eletrônicos, que duram aproximadamente 10 minutos cada. A aventura termina com um vídeo em 3D (3 minutos). Cada sessão conta com quatro monitores treinados.

A perspectiva é que a exposição esteja de volta em Campinas na primeira semana de maio, onde ficará até julho. Depois, deve seguir para Fortaleza, durante o encontro anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e para Recife, no Espaço Ciência. A segunda temporada em Campinas está prevista para outubro. De acordo com Knobel, as viagens da NanoAventura dependem dos recursos que estiverem disponíveis. “Ainda estamos em busca de parceiros”.

A entrada será gratuita para as escolas da rede pública, mas o valor da entrada para as demais ainda não foi definido. “Não temos fins lucrativos. Queremos que as crianças venham com a escola e depois voltem com os pais”, sugere. O pré-agendamento das visitas das escolas será feito pelo site www.nanoaventura.org.br


Os jogos da NanoAventura

Laboratório Virtual

O jogo simula a exploração, através de um trem fictício num pólo de alta tecnologia de Campinas, de laboratórios de nanociência, incluindo o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) e a Unicamp.

NanoCircuito

Neste jogo, os participantes poderão mexer em átomos e moléculas e construir um novo produto com microscópios de alta tecnologia e, assim, manipular partículas nanoscópicas, além de construir novos materiais usados para fabricar roupas que não molham, chips para computadores, carros e até aviões.

NanoMedicamentos

O objetivo aqui é curar uma célula microscópica e, através da nanotecnologia, produzir novos medicamentos ou para conseguir injetar os remédios diretamente em cada célula.

Preparação de amostra

Com um poderoso microscópio virtual, neste jogo os participantes poderão limpar uma superfície nanoscópica, manipulando átomo por átomo, como fazem os cientistas em pesquisas para obter materiais melhores, mais puros e resistentes. Para realizar a tarefa, o microscópio é de força atômica, que permite visualizar e retirar as impurezas presentes na amostra.


Entenda a nanociência
O prefixo nano é usado na ciência para designar um bilionésimo - o nanometro (símbolo nm) é um bilionésimo de metro. A nanociência e a nanotecnologia visam a compreensão e o controle da matéria na escala nanométrica, ou seja, desde a escala do átomo até cerca de 100 nanometros. Essa é, coincidentemente, a escala típica de um vírus. Apesar de ser uma área nova, ainda em fase exploratória, as pesquisas em nanociência se intensificam principalmente nas áreas da física, química, biologia e da medicina. O avanço das nanotecnologias já permitiram bons resultados, como o desenvolvimento de instrumentos de visualização e manipulação na escala atômica. No Brasil, as pesquisas em nano estão em crescimento, tanto que o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) criou o Programa “Desenvolvimento da Nanociência e Nanotecnologia”, que faz parte do Plano Plurianual (PPA) de 2004-2007.

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