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Programa faz inclusão
e preserva o mérito



Sala de aula depois da ampla reforma feita no Ciclo Básico 1: investimento de R$ 21,1 milhões (Foto: Antoninho Perri)Diante do debate em torno do sistema de cotas nas universidades públicas, a Unicamp contribui com um programa inédito que alia inclusão social e mérito acadêmico, atenuando a polêmica sobre a questão da etnia. Aprovado pelo Conselho Universitário em maio de 2004, o Programa de Inclusão Social concedeu aos estudantes que cursaram todo o ensino médio na rede pública, já a partir do Vestibular 2005, 30 pontos a mais na nota final da segunda fase – quando a média entre os aprovados é de 535 pontos. Os candidatos que se declararam pretos, pardos ou indígenas tiveram, além dos 30 pontos por virem da rede pública, outros 10 pontos acrescidos à nota final.

Como efeito imediato do programa, a Comissão dos Vestibulares (Comvest) anuncia que a taxa de inscritos provenientes da escola pública subiu de 31,4% em 2004 para 34,1% em 2005, enquanto o número de inscritos que se declararam pretos, pardos e indígenas cresceu de 14% para 19%. No último ano, houve o recorde de 53.756 candidatos para 2.934 vagas. Ainda de acordo com a Comvest, o efeito maior foi registrado nos cursos de alta demanda, como medicina, que praticamente quadruplicou o número de aprovados convocados na primeira chamada do vestibular. A expectativa é de que o índice de estudantes provenientes da escola pública chegue a 38% nos próximos anos.

O Programa de Inclusão Social nasceu de um estudo realizado pela Comvest, relacionando aspectos da situação sócio-econômica dos vestibulandos com o desempenho nos cursos de graduação. Os dados revelaram que entre estudantes com notas semelhantes no vestibular, aqueles que vieram do ensino público apresentaram desempenho superior ao longo dos cursos. Este indicativo de que o mérito pessoal pode levar à superação do desnível entre ensino público e particular, justificou a implantação da medida que visa incentivar a participação no concurso de candidatos das camadas mais baixas e de etnias minoritárias na Universidade.

Segundo a Comvest, não ocorre discriminação por renda familiar no Vestibular da Unicamp, visto que a proporção dos candidatos em cada faixa de renda é a mesma que se verifica entre os aprovados. Da mesma forma, um primeiro levantamento realizado em 2003 comprova que o exame não é afetado por características étnicas, observando-se um perfil entre os candidatos e o mesmo perfil entre os aprovados. Na avaliação da Comissão, a presença de pretos, pardos, amarelos e indígenas tende a aumentar na mesma medida da participação dessas etnias nos vestibulares. Esta mudança de composição já vem sendo percebida: em 2003, eram brancos 81% dos candidatos e 82% dos ingressantes, enquanto pretos e pardos somavam 10,5% dos candidatos e 10,1% dos ingressantes; em 2005, eram brancos 71,3% dos candidatos e 73,9% dos ingressantes, enquanto pretos e pardos somavam 18,5% dos candidatos e 15,1% dos ingressantes.

Ricos e pobres – Nesse contexto, uma análise das faixas de renda familiar dos inscritos e dos ingressantes desmistifica a idéia dominante de que seus alunos da Unicamp são privilegiados em termos socioeconômicos. No conjunto de estudantes matriculados, 44% vêm de famílias com renda per capita inferior a três salários mínimos mensais. Se considerados apenas os alunos dos cursos noturnos (preferenciais para aqueles que precisam trabalhar), o percentual na mesma faixa de renda chega a 57%.

Quando se toma como base a renda familiar, os dados de 2004 apontam que 24,5% dos ingressantes pertencem a famílias cujo rendimento mensal não ultrapassa 10 salários mínimos e, mais marcante, é que 17% deles estão na faixa até cinco salários mínimos. Apenas 27,4% provinham de famílias com renda acima de 20 salários. Embora o perfil sócio-econômico apresente uma constante ao longo dos anos, a Comvest registra aumentos sazonais dos matriculados cuja renda familiar vai de 1 a 10 salários mínimos, como no período entre 1999 e 2002. No outro extremo, há um decréscimo significativo de estudantes cujas famílias percebem mais de 30 salários mínimos: de 29% em 1999 para 17% em 2002.



Outros fatos

Noturno
Dentro do programa de melhorias para os cursos noturnos, um projeto de incentivo aos funcionários permitiu a criação de 256 postos de trabalho para o período das 14h às 23h. Um acordo com a Prefeitura de Campinas estendeu o horário do transporte urbano até as 23h10, com o acréscimo de novas viagens. Foram instalados postes de iluminação em locais estratégicos e abertos mais 14 postos para atender aos estudantes da noite.

Portas Abertas
Foi retomado em 2003 o programa “Unicamp Portas Abertas”. Por dois dias, estudantes do ensino médio público de todo o país têm acesso a laboratórios, bibliotecas e unidades de ensino e pesquisa, com o propósito de derrubar o mito do vestibular difícil e a imagem de instituição inatingível. A Universidade recebeu a visita de 30 mil alunos em 2003 e de 35 mil em 2004.

Bolsas
Dentre os 16.313 alunos regulares de graduação em 2004, 20% contavam com algum tipo de ajuda para se manter na universidade. O Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) opera os programas de bolsa-trabalho, pesquisa-empresa, auxílio-emergência, auxílio-alimentação e auxílio-transporte. Somando-se aquelas concedidas por critérios acadêmicos, a verba para bolsas fica próxima a R$ 14 milhões por ano.

Saúde
O atendimento médico-odontológico, disponibilizado ao estudante no Centro de Saúde da Comunicade (Cecom), realizou no triênio 2003-2005 mais de 110 mil atendimentos a alunos de graduação e de pós-graduação, um terço do total geral. O custo, integralmente financiamento pelo orçamento da Universidade, é de R$ 3 milhões por ano.

Alimentação
O investimento em alimentação foi R$ 8,5 milhões no período 2002-2004, ou R$ 2,8 milhões por ano, destinados a cobrir as bolsas desta modalidade e o custo subsidiado das refeições servidas nos restaurantes de Campinas, Piracicaba e Limeira. A oferta é de 1 milhão de refeições por ano.

Moradia
Durante o período 2002-2004, a Moradia Estudantil recebeu R$ 3,2 milhões para manutenção de sua infra-estrutura, o que inclui serviços como vigilância, taxas de energia elétrica, água, esgoto e recolhimento de lixo.

Subvenções
A assistência estudantil pede outros investimentos como as subvenções para os diretórios acadêmicos e o DCE (R$ 435 mil) e as isenções de taxa aos vestibulandos carentes (R$ 200 mil). O SAE oferece, além das bolsas, serviços de assistência social, facilitação de estágios e empregos, e orientação jurídica, psicológica e educacional.

Teia do Saber
Numa ação conjunta com a Secretaria de Estado da Educação, a Unicamp envolveu-se fortemente na capacitação de professores do ensino fundamental, dentro do programa “Teia do Saber”. Mais de 60 docentes da Universidade espalham-se por uma região onde lecionam aproximadamente 1.600 professores da rede.

Investimento na graduação
é o maior em três décadas

A Unicamp destinou R$ 26,1 milhões para a graduação durante o período de 2003 a 2005, no maior investimento feito em três décadas na expansão e aprimoramento das condições de ensino e de infra-estrutura das unidades, além dos programas de bolsas. O projeto teve apoio do governo do Estado e da Assembléia Legislativa, que aprovaram suplementação de verbas para o aumento do número de vagas nas três universidades estaduais paulistas. A Unicamp criou 360 novas vagas: 240 implementadas em 2003 e distribuídas por cursos já existentes, e 120 para os novos cursos de Comunicação Social (habilitação em Midialogia), Farmácia e Tecnologia em Telecomunicações, implantados no ano passado.

Em comparação a 1987, ano em que adotou seu próprio sistema de acesso, a Universidade passou a oferecer o dobro do número de vagas, recebendo agora 2.855 alunos ingressantes. A esses números da graduação devem ser somadas as 400 vagas do Curso Especial de Pedagogia (em nível superior) para professores da rede de educação municipal da Região Metropolitana de Campinas, ministrado pela Faculdade de Educação. Implantado em 2002 e com duração de três anos, o programa (denominado Proesf) é a contribuição da Unicamp ao aprimoramento do ensino fundamental do Estado, sendo avaliado como bom ou muito bom por 98,4% dos professores da rede que participaram de suas atividades.

Ciclo Básico – A Unicamp utilizou parte dos recursos enviados pelo governo do Estado e Assembléia Legislativa, além de verbas extra-orçamentárias, para ampla reforma do Ciclo Básico I, seu principal conjunto de anfiteatros e salas de aula. Com investimento de R$ 21,1 milhões, o prédio passou a contar com seis amplos anfiteatros – dois deles para 180 alunos – e oito salas de aula com capacidade total para 1000 estudantes. Microcomputadores, projetores multimídia, telas retráteis, lousas deslizantes e bancadas especiais equipam todos os espaços. As salas trazem sistema de ar-condicionado central, cadeiras ergonômicas, forros acústicos e sistemas de som. Pessoas com necessidades especiais têm acesso a todos os pontos. Iniciada em 2003, a obra foi entregue à comunidade em abril de 2004.

Computadores – A Universidade realizou vários outros investimentos na infra-estrutura de ensino, como a instalação de três novos laboratórios de informática no prédio do Ciclo Básico II, equipados com 94 microcomputadores, gravador de CD e conexão de rede wireless para apoio didático. Na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), novas salas computacionais contam com 138 máquinas para atividades de ensino e pesquisa na graduação. A Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) inaugurou um prédio capaz de abrigar sete laboratórios discentes para desenvolvimento de projetos. No laboratório wireless instalado no Instituto de Computação, graças a um convênio com a Symbol Technologies, os alunos podem realizar ou aprimorar pesquisas em tecnologia sem fio. Do Portal Universia (Grupo Santander/Banespa) a Unicamp recebeu duas novas salas de acesso à Internet com 27 equipamentos conectados à rede Linux de alta velocidade.



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Fotos: Antoninho PerriFoto: Divulgação(Foto: Antoninho Perri)(Foto: Antoninho Perri)