RAQUEL DO CARMO SANTOS
Um produto feito à base de mistura composta de farinha de milho e farelo de maracujá acaba de ser desenvolvido nos laboratórios da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA). O objetivo da pesquisa é a obtenção de um alimento funcional matinal com elevado teor de fibra alimentar. Não há previsão para o lançamento do produto no mercado.
Matérias-primas usadas para a obtenção do produto são orgânicas
Segundo as pesquisadoras Maria Gabriela Vernaza Leoro e Caroline Joy Steel, a proposta é introduzir, no cardápio do brasileiro, opções mais saudáveis. O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá, sendo que a maior utilização da fruta ocorre na confecção de polpas e sucos. O uso de seu farelo consiste, justamente, no aproveitamento do resíduo resultante deste processo.
De acordo com a professora Caroline, orientadora do trabalho de mestrado de Maria Gabriela, a base para o cereal matinal foi produzida a partir de matérias-primas orgânicas. “Queríamos produtos de fornecedores certificados e com concentrações mínimas de defensivos agrícolas”, esclarece. Outra vantagem seria com relação ao tipo de fibras oferecido pelo farelo de maracujá. As fibras solúveis são mais facilmente encontradas em frutas, enquanto nos cereais como trigo, milho e arroz que constituem base dos cereais matinais industrializados , o tipo mais comum é o das insolúveis.
Maria Gabriela explica que cada fração de fibra tem a sua função: as fibras insolúveis, por exemplo, são necessárias para o bom funcionamento do intestino, enquanto as fibras solúveis são benéficas para reduzir os teores de colesterol e de glicose no sangue, além de serem fermentadas pelas bactérias do colón, produzindo ácidos graxos de cadeia curta.
“As duas formas de fibras trazem benefícios para o organismo, mas possuem características diferentes. Como a fibra insolúvel é mais fácil de ser encontrada nos cereais matinais industrializados, trabalhamos com uma matéria-prima que traria também a outra opção”, argumenta Maria Gabriela.
A idéia das pesquisadoras é prosseguir no projeto para a obtenção de um produto final. Segundo elas, o alimento tem potencial para ser bem-aceito no mercado. Entretanto, o farelo de maracujá precisaria de um processamento específico para reduzir ou eliminar os teores de compostos cianogênicos, maléficos para o organismo humano. “Mesmo processando o cereal a altas temperaturas, compostos cianogênicos foram identificados no produto. Do ponto de vista tecnológico, a base está pronta. Porém, são necessários novos testes para garantir um produto seguro para o consumo humano”, observa Caroline.