| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 356 - 23 de abril a 6 de maio de 2007
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O grito de alerta da arara-azul
RAQUEL DO CARMO SANTOS

O biólogo Fábio Yoshikazu Cristófoli Ueno: estudos de bioacústica foram usados como ferramenta no estudo do grito da arara-azul (abaixo, uma adulta) (Foto: Antoninho Perri/Dário Crispim)O grito de alerta da arara-azul-grande detém a função de reconhecimento específico da espécie. Isto significa que o som emitido pela ave, para defender o seu ninho em épocas de reprodução, seria um sinal fundamental para a interação entre os pares. O achado científico só foi possível a partir de estudos de bioacústica realizados pelo biólogo Fábio Yoshikazu Cristófoli Ueno para obtenção do título de mestre em multimeios no Instituto de Artes (IA).

Ueno, que foi orientado pelo professor Jacques Vielliard, acredita que as conclusões de seu trabalho poderão originar outras discussões em torno do tema. Segundo o biólogo, pode-se investigar, por exemplo, a transformação e desenvolvimento da vocalização do filhote até a fase adulta.

Arara-azulA arara-azul-grande é uma espécie ameaçada de extinção, embora estejam em andamento diversas campanhas para evitar o seu desaparecimento. Fábio Ueno quis encontrar pistas sobre o reconhecimento individual da ave. Em geral, o método adotado para identificar um indivíduo de determinada espécie é a colocação de anilhas no pé do animal para que o reconhecimento posterior permita uma contagem do número de exemplares. As aves são todas iguais e, ao migrarem para outras localidades, fica difícil saber ao certo quando tratam de indivíduos diferentes.

“No caso da arara-azul-grande este processo é dificultado pelo tamanho da ave – ela tem cerca de um metro de altura –, e também por sua inteligência. Ela não cairia duas vezes na mesma armadilha”, explica o biólogo.

Em seu estudo, Ueno observou que as amostras do som emitido pela ave seguiram padrões semelhantes, representando que o grito de alerta não consiste em um padrão para o reconhecimento individual, mas sim específico. As pesquisas, no entanto, apontam que a variação da articulação dos sons ocorre de acordo com a proximidade do perigo, indicando temerosidade e/ou hostilidade.

“O grito pode se tornar mais agudo ou grave. Sua modulação varia conforme a aproximação ou afastamento do perigo e de acordo com o estado emocional da ave. Isso merece um estudo mais aprofundado ”, esclarece o pesquisador.

O autor do estudo explica que, ao contrário do que ocorre em humanos, os animais possuem comportamentos específicos, com padrões diferentes de comunicação. Por isso, encontrar as características peculiares a partir da vocalização do grito é algo complexo. O biólogo também possui formação na área de Comunicação. Espera agora prosseguir nos estudos aliando seus conhecimentos em biologia ao estudo da comunicação sonora entre os animais. Para o projeto, ele teve o apoio do Programa Arara-Azul do Pantanal, cujo objetivo é implementar ações que visem evitar a extinção da ave.

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