Segundo Patricia Magalhães de Toledo, coordenadora do projeto, o diferencial do Curso de Gestão Estratégica são as discussões em torno de políticas científicas e tecnológicas, que irão permitir um maior entendimento das questões relacionadas ao assunto. “O programa oferece uma visão mais conceitual e histórica das políticas para ciência, tecnologia e inovação”, aponta Patricia. Nesse contexto, também serão abordados aspectos da proteção ao conhecimento, fontes de financiamento e incentivo ao empreendedorismo.
Com a obrigatoriedade trazida pelo artigo 16 da Lei Nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, conhecida como Lei da Inovação, as instituições de ciência e tecnologia estão implantando seus núcleos de inovação tecnológica, cuja finalidade é a gestão da política de inovação dessas instituições. “Essa obrigatoriedade é muito interessante. É uma tentativa importante para dar mais dinamismo e mais densidade ao sistema de inovação”, avalia Maria Beatriz Bonacelli, uma das professoras do corpo docente do curso e assessora técnica da Inova.
No entanto, ressalta a docente, no Brasil há uma carência de profissionais que atuem nos núcleos de inovação tecnológica, da forma como devem ser constituídos. “Existiam escritórios de transferência de tecnologia, mas o papel do NIT vai além disso. Eles precisam ser mais pró-ativos na passagem do conhecimento, que é formado nas instituições, para a sociedade. Eles têm um caráter mais amplo, atuando na questão da proteção ao conhecimento, na elaboração de contratos e convênios, incubadoras, parques tecnológicos e se relacionando com os demais atores do sistema”, exemplifica.
O Curso de Gestão Estratégica tem a proposta de suprir essa carência e contribuir para a formação de profissionais preparados para atuar nesse ambiente, que tem como desafio promover um maior estreitamento entre a universidade e a sociedade. “Os atores envolvidos no sistema de inovação estão, ainda, muito afastados um do outro. As relações, infelizmente, são tênues, pontuais”.
Negociação Uma das ações para melhorar a relação universidade-empresa é a profissionalização das negociações de contratos. Nesse sentido, o InovaNIT firmou uma parceria com a LES Brasil, que faz parte da LESI (Licensing Executives Society International), uma sociedade voltada à área de licenciamento de direitos de propriedade intelectual. Estão previstos três cursos seqüenciais que irão enfocar conceitos de bens de propriedade intelectual, tipos de proteção do conhecimento, processos de comercialização desses bens e treinamentos para negociação de contratos de comercialização.
Patricia Toledo ressalta que o sistema de inovação é composto por uma série de atores. Além do governo, sistemas de financiamento, empresas e NIT, é fundamental a participação dos pesquisadores. Diante disso, estão previstas ações para a difusão da importância da proteção ao conhecimento para a comunidade interna da Unicamp e para incentivar o hábito da consulta a bancos de patentes. A Unicamp possui uma parceria com o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que agora é operacionalizada pelo InovaNIT, por meio da qual são oferecidos cursos de propriedade intelectual em dezembro de 2007 foi realizado o básico; em julho ocorre o intermediário, em novembro, o avançado e, em dezembro, a Oficina de Patentes e Informação Tecnológica.
A novidade é a parceria feita com a Biblioteca Central (BC), no oferecimento de treinamentos de busca em bancos de patentes. “As patentes são fontes de informação, assim como papers e teses, que fornecem dados sobre pesquisas e tecnologias desenvolvidas. No entanto, esse conceito ainda é pouco disseminado para os alunos de graduação e de pós”, comenta Patricia. Na avaliação de Valéria dos Santos Martins, coordenadora associada do Sistema de Bibliotecas da Unicamp, essa possibilidade de trabalho conjunto, entre NIT e biblioteca, deve ser mais explorada.
“Constatei que a maior parte dos NIT tem uma estrutura pequena. Eles podem aproveitar a estrutura que já existe nas bibliotecas, para sistematizar a busca de patentes”, analisa Valéria, que participou do 5º Curso de Estruturação de NIT, em Campinas. Segundo explica, as bibliotecas têm a matéria-prima das pesquisas e grande contato com o público pesquisador, seja na graduação ou na pós. “E, no caso da Unicamp, a Biblioteca Central oferece todas as fontes de informação, inclusive acesso a banco de patentes. Pode ser feito um trabalho conjunto com o objetivo de oferecer treinamento e orientações ao pesquisador, para que ele possa fazer a busca”, reforça.
A equipe da Inova está desenvolvendo o curso com a BC e a previsão é que o primeiro seja oferecido de 26 de maio a 20 de junho. Ele acontecerá no ambiente a distância, através do TelEduc, com um encontro presencial, agendado para o dia 16 de junho.
Todas essas iniciativas pretendem contribuir com a atuação dos núcleos e fortalecer o sistema de inovação. “A Lei de Inovação estimula e regula a parceria entre universidades, institutos de pesquisa e empresas. Contudo, universidades e institutos de pesquisa ainda enfrentam entraves para estruturar seus NIT. Ciente dessas dificuldades e da relevância da consolidação dos núcleos de inovação para o sistema de C,T&I nacional, o MCT tem direcionado medidas de auxílio a criação desses núcleos, como o projeto InovaNIT,” conclui Patricia Toledo.
Demanda Nos sete primeiros meses de atuação do InovaNIT, cerca de 300 pessoas passaram pelas atividades desenvolvidas. Foram mais de 200 participantes nos cursos de Estruturação de NIT, oferecidos nas cinco regiões do País. Pelo convênio firmado com a Finep, seriam oferecidas seis edições e a definição do local que receberia o sexto curso foi feita através de uma Chamada Pública. No entanto, diante da expressiva demanda apresentada pelas instituições que responderam à Chamada, foram programadas mais quatro edições extras, além da sexta, realizada no final de março, em Salvador.
“Essa resposta das instituições demonstra a necessidade que existe, a dificuldade que as instituições encontram para implantar seus NIT, além da limitação que existia de treinamentos específicos para seus profissionais, e a importância dessa iniciativa, de auxiliar nessa estruturação. Estamos acompanhando a evolução do processo de implantação de NIT em várias instituições”, comenta Patricia. Um dos depoimentos que ela destaca é o do coordenador da Agência de Inovação da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Jair Scarmínio.
O Núcleo acaba de ter sua implantação aprovada pelo reitor da UEL e pelo Conselho de Administração e, agora, o processo deverá passar, nos próximos dias, pelo Conselho Universitário. Scarmínio conta que a previsão inicial para a criação da agência era o fim do ano passado. No entanto, o prazo foi adiado devido a alterações feitas no projeto inicial.
De acordo com ele, as mudanças foram efetuadas após sua participação no 4º Curso de Estruturação de NIT, realizado em Florianópolis. As alterações mais significativas, conforme relata, são em relação à constituição da equipe e a necessidade da agência estar diretamente ligada à reitoria. “Foram discussões que surgiram durante o curso. Vimos que eram questões muito importantes e que deveriam ser revistas no projeto”, explica.
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