| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 393 - 21 de abril a 4 de maio de 2008
Leia nesta edição
Capa
Suco de cupuaçu
Monitoramento de doenças
Ivaldo Bertazzo
Células animais
Tarsila do Amaral
Distúrbios de aprendizagem
Ensino fundamental
Amamentação
Investimento
Uroginecologia Ilustrada
Painel da semana
Teses
Livro da semana
Portal Unicamp
O futuro do sensível
Poesia reunida
 


8





Estudo sugere práticas pedagógicas
no
combate a distúrbios de aprendizagem

RAQUEL DO CARMO SANTOS

A educadora Ynayah Souza de Araújo Teixeira, autora da dissertação: experiência pessoal vira pesquisa (Foto: Antoniho Perri)Criança inquieta, hiperativa, disléxica ou com distúrbios de aprendizagem no ensino fundamental é um problema cada vez mais comum. Começa com queixas de professores e de coordenadores escolares e, depois de o problema chegar à família, vem o diagnóstico médico: dislexia, hiperatividade ou outro problema relacionado. A educadora Ynayah Souza de Araújo Teixeira sentiu na pele o problema: teve quatro filhos com distúrbios de aprendizagem na fase escolar.

Dislexia e hiperatividade
estão entre os problemas

“Foi um processo longo e traumático, com encaminhamentos a neurologistas, fonoaudiólogos, pedagogas, psicólogos e foniatras. Todos indicavam a necessidade de terapias, exames e medicamentos para tentar contornar a situação. Eu indagava se os problemas eram dos meus filhos ou se era a escola que os criava”, conta.

Ynayah decidiu então buscar no curso de Pedagogia elementos que esclarecessem o dilema. Ela não só conseguiu mudar a própria história – todos os filhos cursaram universidade pública – como também relatou, em sua dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Ciências Médicas (FCM), junto ao Programa de Saúde da Criança e do Adolescente, histórias de crianças que sofreram e sofrem esse processo.

A pesquisa aborda as possibilidades de essas crianças superarem histórias de fracasso escolar por meio da adoção de práticas pedagógicas adequadas por parte da escola. Atualmente, Ynayah é professora de uma instituição particular de ensino, transformando em pesquisa o que vivenciou na sua experiência como mãe e professora.

“Acredito no enfrentamento da medicalização pelo trabalho pedagógico. Sei que os relatos podem ajudar muitas pessoas que estão passando pela mesma situação”, observa. Orientada pela professora Maria Aparecida Affonso Moyses, ela entrevistou professores, pais e alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental do colégio em que leciona. Todas as crianças entrevistadas sofriam um processo de medicalização, ou seja, tratava-se de alunos diagnosticados e rotulados como portadores de algum distúrbio ou doença que impediam a aprendizagem e que foram encaminhadas para profissionais da área da saúde.

Segundo Ynayah, há uma transferência de responsabilidades, pois o problema passa a ser da criança e, conseqüentemente, da família. “A escola transfere sua responsabilidade e à criança não resta alternativa a não ser incorporar a doença . A criança é estigmatizada, o que acarreta muitos outros problemas, inclusive de auto-estima, pois acredita que suas dificuldades de aprendizagem são conseqüência de suas limitações pessoais”, alerta.

Os diagnósticos e rótulos na escola, explica a professora, muitas vezes estão ligados ao fato de o aluno possuir letra ilegível, erros de português, não parar quieto ou ser indisciplinado. A pesquisadora não ignora o fato de que existam crianças que precisem de acompanhamento, mas questiona os modismos criados em torno da situação. “Qualquer problema detectado na escola é encarado como distúrbio, como doença da criança. Já se cristalizaram algumas “verdades” que precisam ser revistas. É preciso abrir novos caminhos para as soluções”, acredita.

Um exemplo é que nas entrevistas com os professores, ela identificou olhares diferentes em relação ao mesmo problema. Muitos enxergavam as possibilidades do aluno e não, apenas, seus impedimentos. “A postura desses professores foi determinante para a resposta da criança”, destaca. Nos três casos analisados pela pedagoga, ela acredita que esta postura foi importante para as crianças vivenciarem histórias de sucesso, inclusive passar em processo seletivo para o ensino médio, o chamado vestibulinho.

SALA DE IMPRENSA - © 1994-2008 Universidade Estadual de Campinas / Assessoria de Imprensa
E-mail: imprensa@unicamp.br - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP