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O pioneirismo e excelência do Cepre
Unidades da Unicamp se mobilizam para melhor atender
a procura de jovens portadores de deficiências

AUnicamp tem no Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação “Prof. Gabril Porto” (Cepre) um dos maiores exemplos de acolhida aos portadores de necessidades especiais. Exemplar e pioneiro. “Temos estado tradicionalmente envolvidos com o ensino, pesquisa e assistência na área da deficiência visual (cegueira e baixa visão) e surdez”, assinala a coordenadora, Cecília Guarnieri Batista. Só para se ter uma idéia da excelência das atividades do centro, o seu Programa de Apoio à Escolaridade para Surdos, criado há dez anos, ganhou, em 1999, o Prêmio Telecurso 2000, concedido conjuntamente por várias entidades, entre elas o Canal Futura de TV a Cabo, Fiesp, Fundação Roberto Marinho e Fundação de Amparo ao Trabalhador.

“A Comvest tem nos convidado, desde 1991, para assessorá-la no que tange aos alunos com deficiência visual”, lembra Cecília. “A partir de 1995, passamos a oferecer a possibilidade de candidatos com baixa visão usarem o Closed Circuit Television, que permite a ampliação de um texto em até 60 vezes. Quando o candidato faz opção por esse equipamento, lhe é oferecido um período de treinamento, para familiarização”.
O investimento mais recente se deu em 1997, quando o Cepre recebeu um novo prédio, com 27 salas totalmente adaptadas. Devido a suas características de acessibilidade, tem sido utilizado, desde 99, para o vestibular de candidatos com necessidades especiais e mesmo para aqueles que estão temporariamente imobilizados ou em isolamento.

“Além disso, a comissão nos tem solicitado a indicação de intérpretes de Libras, quando há inscrição de candidatos surdos”, acrescenta. O Cepre realiza há muitos anos cursos de Língua de Sinais, tanto para a comunidade interna como para a externa (professores da rede de ensino, funcionários da área de saúde etc.).
A coordenadora salienta que, dentre as linhas de pesquisa do Cepre, destacam-se estudos e projetos relativos ao processo de inclusão/exclusão de alunos com deficiência visual ou surdez na escola regular, “tema candente, tendo em vista a atual legislação educacional”.

Visão subnormal – Mais re-centemente, coube ao Serviço de Visão Subnormal reforçar a filosofia de inclusão que vem se consolidando na Unicamp. Em 23 de junho, a unidade promoveu o 8º Simpósio de Visão Subnormal – Diagnóstico, Tratamento e Reabilitação, destinado a orientar médicos oftalmologistas, reabilitadores (terapeutas ocu-pacionais, fisio-terapeutas etc.) e profissionais de educação no trabalho com portadores de deficiências visuais.

“O conceito atual em relação à conduta frente ao paciente com visão subnormal é que, paralelamente ao tratamento clínico ou cirúrgico, se realizem condutas óptica e reabilitacional”, afirma a médica Keila Monteiro de Carvalho. Dentro desse conceito é importante a participação de profissionais em educação especial e reabilitadores que acompanhem o desenvolvimento dos pacientes. Aceitar e adaptar-se à visão subnormal não é coisa fácil para pessoas que sofrem o problema, em especial para aquelas que antes enxergavam.

A partir da constatação da perda visual, iniciam-se as ações de reabilitação. A primeira é ajudar o paciente a usar a visão residual, com auxílios óticos (lupas, telescópios, lentes de aumento) e não óticos (iluminação, postura etc.). A seguir, vem o treinamento para as atividades de vida diária, de orientação e mobilidade, inclusive a atuação sobre o meio familiar e social do indivíduo.


‘Palma’ para as boas idéias

 

A “febre da inclusão” não poupa nem mesmo a área de exatas,
incluindo cientistas que atuam com tecnologias de ponta, como a robótica. Ao mesmo tempo em que integra o pool de pesquisadores de instituições da América Latina e Península Ibérica que desenvolve um veículo autônomo com características dedicadas ao ensino de crianças com paralisia (inclusive cerebral), José Raimundo de Oliveira, chefe do Departamento de Computação e Automação Industrial da FEEC, é membro da comissão encarregada pela Pró-Reitoria de Extensão para o estabelecimento do Prêmio de Acessibilidade.

O projeto que Oliveira ajuda a aperfeiçoar é uma credencial perfeita para atuar nessa comissão. A denominação técnica de Plataforma de Apoio Lúdico à Mobilidade Alternativa foi pensada de modo a resultar, numa escolha feliz, na sigla Palma. Ou seja: uma saudação agradavelmente jovial a um equipamento que, sob a carcaça de um colorido carrinho de brinquedo, desses a que nenhuma criança resiste ao desejo de pular a bordo, abriga, taticamente disfarçados, circuitos eletrônicos integrados em módulos bem reduzidos.

“O veículo tem cinco níveis de atuação. No primeiro, funciona sozinho, desviando-se de obstáculos, mediante sensores. Os outros níveis podem ser comandados pela criança usuária, de acordo com suas possibilidades e fases de familiarização com o sistema”, explica o pesquisador. “Além de auxiliar na mobilidade do deficiente, o equipamento pode ser, em si, um vetor de inclusão da criança no ambiente escolar, pois, afinal, é um brinquedo, em que pese a sofisticação”, defende. O projeto já passou por testes em Barcelona, que continuam em Lisboa. “Agora, precisamos de parceiros para a industrialização”, torce o engenheiro.

Prêmio de Acessibilidade – O Prêmio de Acessibilidade foi proposto durante o 2º Encontro de Comunicação e Mobilidade Alternativa/Aumentativa e visa contemplar projetos que apresentem idéias para tornar os campi da Unicamp acessíveis a todos, alunos, professores, funcionários e visitantes. Os dez trabalhos selecionados receberão uma bolsa de R$ 500,00 mensais para desenvolvimento e o grande ganhador levará R$ 5 mil. Os recursos são do Banco Real ABN Amro Bank e somam também as bolsas da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários. As inscrições foram fechadas no mês passado e os resultados serão conhecidos até o final do ano. Foram recebidas 18 propostas.

“Pensamos a Unicamp como o locus privilegiado para o desenvolvimento das idéias, por termos detectado necessidades específicas nos campi; essa é uma ‘faxina’ que deve começar em casa”, diz Oliveira. “O que mais nos gratifica é a constatação de que, mais do que a mera pretensão de bolar inventos geniais, a questão passou a fazer parte do cotidiano da comunidade universitária e até fora dela, como uma necessidade social”, frisa Antonio Augusto Quevedo, professor do Departamento de Engenharia Biomédica da FEEC e membro da comissão.
O júri do prêmio contará com três usuários dos serviços propostos. “Queremos que as pessoas que eventualmente venham a se valer dos projetos avaliem sua funcionalidade”, explica Afonso Celso von Zuben, do Serviço de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do HC, outro membro da comissão. Também faz parte dela a professora Maria Teresa Eglér, da Educação.

 


 

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