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Participantes de conferência da IAU discutem o
papel da universidade na promoção do desenvolvimento

Educação, a ponte
para um mundo menos desigual

MANUEL ALVES FILHO


A 12ª Conferência Geral da Associação Internacional de Universidades reuniu, em São Paulo, representantes de cerca de 200 instituições de ensino superior (Fotos: Antoninho Perri)Dirigentes e pesquisadores de aproximadamente 200 instituições de ensino superior de todo o mundo estiveram reunidos em São Paulo, entre os dias 25 e 29 de julho, durante a 12ª Conferência Geral da Associação Internacional de Universidades (IAU, em inglês), entidade vinculada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Ao longo de cinco dias, os participantes promoveram uma série de reflexões sobre o tema “A riqueza da diversidade: o papel das universidades na promoção do diálogo e do desenvolvimento”. De maneira geral, as intervenções apontaram para a necessidade de reduzir as distâncias entre os países industrializados e as nações em desenvolvimento, por meio de ações cooperadas na área da educação. O desafio, conforme destacado em vários discursos, está em fazer das diferenças – econômicas, culturais, religiosas etc – a ponte para a aproximação e a troca de experiências, tendo por meta a construção de um mundo melhor para todos.

IAU reúne 600 instituições de ensino superior

Representando o reitor Carlos Henrique de Brito Cruz, o pró-reitor de Pesquisa da Unicamp, professor Fernando Costa, afirmou aos participantes da conferência que a principal função de uma universidade é formar pessoas que possam contribuir para o desenvolvimento da sociedade e a difusão do conhecimento. Nesse sentido, prosseguiu o dirigente, a Unicamp tem buscado, de forma continuada, o aprimoramento das suas atividades nos segmentos do ensino, pesquisa e extensão. Os resultados alcançados até aqui, conforme o pró-reitor, são altamente significativos. Um dado apresentado por ele que chamou a atenção da platéia foi o número de empresas criadas por ex-professores e ex-alunos da Unicamp. Nas últimas duas décadas, foram cerca de 90 empreendimentos, nos mais variados ramos de negócio.

O pró-reitor de Pesquisa da Unicamp, professor Fernando Costa: aproximando universidades com realidades diferentesJuntas, informou o professor Fernando Costa, as “filhas da Unicamp”, como essas empresas passaram a ser conhecidas, respondem por um faturamento da ordem de R$ 700 milhões, o que representa perto de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) gerado em Campinas, de acordo com dados da Associação Comercial e Industrial local. O pró-reitor de Pesquisa considerou o evento da IAU, que pela primeira vez foi realizado no Brasil, de extrema importância para aproximar universidades que enfrentam realidades diferentes. A troca de experiência, disse, é fundamental para a construção do saber. “Como foi dito durante a conferência, essa aproximação entre as escolas de ensino superior deve ser a mais ampla possível. As universidades sul-americanas, por exemplo, não devem buscar cooperação apenas com as instituições européias e norte-americanas, mas também com as do próprio continente”, afirmou.

A Unicamp, lembrou o pró-reitor de Pesquisa, tem feito variados esforços nesse sentido. “Estamos buscando, cada vez mais, parcerias com instituições de países vizinhos, com o intuito de oferecer uma formação mais ampla para nossos professores e alunos. O conhecimento gerado por esse tipo de intercâmbio tende a ser revertido para o benefício da sociedade, gerando, por exemplo, novas tecnologias e processos”, explicou. Para o reitor da Universidade de São Paulo (USP), instituição organizadora do evento, professor Adolpho José Melfi, o tema central da conferência não poderia ter sido mais oportuno. Ele ressaltou que, com a globalização, as diversidades entre os países normalmente se acentuam, o que requer que sejam tratadas com a devida profundidade. “Nesse aspecto, penso que a universidade é o local ideal para o avanço desse diálogo”.

O reitor da USP, professor Adolpho José Melfi: compartilhamento de experiências promove o crescimento mútuoAntes de se constituírem em razões para o distanciamento, as diferenças, na opinião do reitor da USP, devem ser entendidas como fatores que favorecem o compartilhamento de experiências, de modo a promover o crescimento mútuo. “Essa troca é essencial para a busca de um mundo mais equânime. Acredito que, a partir das discussões aqui travadas, teremos boas oportunidades para estabelecer novas cooperações entre universidades de realidades muito diferentes”, previu o professor Adolpho José Melfi. Presidente da IAU, Hans van Ginkel afirmou durante a abertura do evento que o principal desafio da sociedade atual é justamente utilizar a diversidade para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Citando o Brasil, país que, no seu entendimento, sabe respeitar as diversidades internas, transformando-as num diferencial produtivo, Van Ginkel salientou que uma das missões da IAU tem sido justamente a de promover a aproximação entre as universidades, estimulando-as a trabalhar as diferenças de maneira construtiva. “Para nossas instituições, há um desafio principal que é o de preparar nossos estudantes para a diversidade”, analisou, para completar em seguida: “A melhor forma de enxergarmos a diversidade é ver o mundo como se vê a Terra do espaço, notando seus diferentes níveis de cor e brilho”.

Hans van Ginkel, presidente da IAU: “Desafio principal é o de preparar nossos estudantes para a diversidade”De acordo com o professor Umberto Cordani, docente da USP e presidente do Comitê de Organização da 12ª Conferência Geral da IAU, a expectativa é que o evento possa estimular a definição de projetos cooperados entre várias das cerca de 600 instituições associadas à entidade. Para a IAU, o ensino superior contribui para o desenvolvimento sustentável, adicionando dimensões sociais, culturais e ambientais ao avanço econômico. Cordani adiantou que os debates e workshops serão registrados em relatórios e reunidos em uma publicação que ficará disponível em todas as universidades, podendo também ser adquirida por meio da internet (www.unesco.org/iau).

A IAU – A Associação Internacional de Universidades (IAU) é uma organização que reúne aproximadamente 600 instituições de ensino superior de 150 países. Sua missão é fomentar a aproximação entre essas escolas, tendo por objetivos o fortalecimento do ensino superior em escala mundial e a colaboração com organismos regionais, nacionais e internacionais ligados à área. O Brasil está representado na IAU por 11 instituições: Unicamp, UFSCar, Unifesp, USP, Unimep, Universidade de Mogi das Cruzes, Universidade do Estado de Santa Catarina, Unesp, Universidade Estácio de Sá, Universidade José do Rosário Vellano e Universidade São Marcos. A IAU, que mantém vínculo com a Unesco, busca ainda incentivar a troca de informações, experiências e idéias entre as universidades, bem como facilitar a mobilidade acadêmica.

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