Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 262 - de 16 a 22 de agosto de 2004
Leia nessa edição
Capa
Artigo: Inovação nas
   multinacionais
Cartas
Fapesp: sucessor de Perez
Sabor mais brasileiro
Reestruturação de banco
Software em sala de aula
Novos indicadores da economia
Sensores químicos
Compostos canceríginos
Painel da semana
Teses da semana
Unicamp na mídia
Consumo abusivo de drogas
Fórum: área da saúde
Tela angelical
 

11

Fórum debate interdisciplinaridade na área da Saúde



RAQUEL DO CARMO SANTOS


O professor José Antonio Rocha Gontijo: “A pesquisa interdisciplinar integra o conhecimento e os aspectos metodológicos e analíticos”A produção do conhecimento em saúde, por suas próprias características, tem sido bastante beneficiada com a interação entre as disciplinas. Na Unicamp, a questão é cada vez mais evidente. Para mostrar algumas experiências bem-sucedidas, a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e a Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) organizaram para o próximo dia 19, o seminário “Metodologia Interdisciplinar de Pesquisa Aplicada à Produção de Conhecimento em Saúde”. Em entrevista ao Jornal da Unicamp, o diretor associado da FCM, José Antonio Rocha Gontijo fala sobre o evento que reunirá especialistas da área médica e odontológica, dentro da programação dos “Fóruns Permanentes” – iniciativa conjunta da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) e Coordenaria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori).

Jornal da Unicamp – Atualmente muito se tem discutido a questão da interdisciplinaridade em ciências humanas. Por que a idéia de se abordar o tema na área de saúde?

José Antonio Rocha Gontijo – A expansão do conhecimento e, em particular, a pesquisa e formação na área da saúde têm sido acompanhadas por uma clara indefinição de limites entre as distintas áreas do saber, mostrando atualmente uma íntima intersecção de conteúdos, práticas e metodologias. A produção de conhecimento em Saúde, por suas próprias características, seja na sua vertente básica ou aplicada talvez tenha sido a mais beneficiada com esta enorme interação. Assim, em face desta relação multidisciplinar foram incorporadas à pesquisa médica complexidades que tornaram impossível a pesquisadores desta área analisar e estabelecer protocolos e desenhos experimentais sem o auxílio de pesquisadores de outros campos de atuação. Sem a apropriação deste conhecimento é possível que o desenvolvimento científico em ciências da saúde não tivesse avançado tanto.

Jornal da Unicamp – Esta interação tem a ver com os novos desafios impostos pela bioengenharia ou engenharia genética?

Gontijo – Esta interação interdisciplinar na área da saúde não é recente embora atualmente ela tenha estado muito mais intensa. Descobertas em física (radioatividade, eletromagnetismo, RX, ressonância magnética), em engenharia de materiais (próteses), em arquitetura (novas técnicas de construção e dimensionamento de ambientes), química fina (síntese de produtos e novos materiais, farmacoquímica, fitoquímica), matemática (estudos populacionais, epidemiológicos e estatísticos) e abordagens e conhecimentos das ciências sociais têm contribuído efetivamente para a evolução do conhecimento básico ou aplicado principalmente nas áreas médica e odontológica.

JU – Então, entende-se que os estudos nestas áreas têm a ver com o estágio alcançado com a interdisciplinaridade?

Gontijo – A pesquisa interdisciplinar integra o conhecimento e os aspectos metodológicos e analíticos consolidados de duas ou mais disciplinas com o objetivo de propor soluções para um problema médico ou biológico. Neste sentido, não há qualquer dúvida que o desenvolvimento biotecnológico é um reflexo desta interação disciplinar. Por exemplo, em outras áreas que infelizmente não serão abordadas neste Fórum, cientistas neuro-comportamentais, biologistas moleculares e matemáticos devem compartilhar suas ferramentas metodológicas e tecnologias para destrinchar intrincados e complexos problemas de saúde, tais como a fisiopatogênia da dor e da obesidade. Por este engajamento de disciplinas não-relacionadas, gaps tradicionais relacionados à terminologia e aspectos metodológicos serão gradualmente eliminados.

JU – E quanto ao futuro da Pós-Graduação em Ciências da Saúde, o senhor tem alguma previsão?

Gontijo – Há uma clara disposição dos Comitês de Medicina da Capes de estimular a implementação de Programas de Pós-graduação stricto sensu interdisciplinares, ou como são chamados grandes “guarda-chuvas” com três aspectos fundamentais: a vinculação dos docentes em linhas de pesquisa comuns, o estímulo à implementação de disciplinas de caráter metodológico e a valorização do binômio aluno-orientador. Neste sentido, os programas de pós-graduação em Medicina deverão se constituir em núcleos de difusão de idéias e integração de pesquisa de forma abrangente e interinstitucional, implementando e discutindo questões fundamentais e estratégicas no campo das ciências da saúde através de parcerias científicas. Esta preocupação com a interdisciplinaridade em medicina é básica e fundamental para estabelecer um claro limite entre os cursos lato sensu ou de especialização daqueles direcionados à formação de docentes-pesquisadores.

JU – Quais temas serão abordados no Fórum e como foram priorizados os assuntos?

Gontijo – O Fórum da próxima quinta-feira oferecerá um pequeno exemplo, mas efetivo, face às limitações de tempo que teremos e ao grande número de parcerias que ocorrem na Unicamp, de interação produtiva de experiências e compartilhamento de conhecimento. Não existem áreas do conhecimento hoje em saúde vinculadas a aplicação ou geração de conhecimento novo que prescinda desta interação. O que será apresentado reflete o que tem ocorrido em várias outras instituições brasileiras e estrangeiras com grupos consolidados de pesquisa. Assim, como exemplo, procuramos mostrar os resultados e experiências de interação científica de grupos em cinco áreas específicas tais como Matemática e Estatística, Física, Ciências Humanas, Química e Biologia Celular e a grande contribuição destas para o desenvolvimento comum e a construção de novos paradigmas científicos.

PROGRAMA

Data: 19 de agosto
Local: Auditório da Biblioteca Central
Horário: das 9 às 17 horas
Inscrições: até 18 de agosto no site www.cori.rei.unicamp.br/foruns/foruns-saude.htm

MANHÃ

9 horas – Abertura
Prof. José Tadeu Jorge – vice-reitor
Prof. Luis Augusto B. Cortez – coordenador de Relações Institucionais e Internacionais

9h20 – Estudos Volumétricos e Reconstrução Multiplanar de Imagens de Ressonância Magnética na Pesquisa Clínica – Fernando Cendes (FCM)

9h50 – Aplicações da Pinça Óptica na Avaliação de Hemácias Armazenadas para fins Transfucionais – Maria de Lourdes Barjas-Castro (Hemocentro)

10h30 – Evolução da Engenharia Biomédica e sua Contribuição para Pesquisas em Saúde – Alberto Cliquet Junior (Centro de Engenharia Biomédica)

10h50 – A Teoria do Caos Aplicada à Medicina – Moacyr Godoy (Famerp)

11h20 – Métodos Estatísticos Aplicados à Área de Saúde – Gláucia Maria Bovi Ambrosano (FOP)

TARDE

14h – Neuropsicologia da Linguagem e Plasticidade – Benito Pereira Damasceno (FCM)

14h30 – A perspectiva Sócio-Cognitiva e a Reabilitação – Edwiges Maria Morato (IEL)

15h10 – Processos de Nitrolisação – Marcelo Ganzarolli (IQ)

15h40 – Nitrosilação Protéica e Função Biológica – Mário José Abdalla Saad (FCM)

SALA DE IMPRENSA - © 1994-2003 Universidade Estadual de Campinas / Assessoria de Imprensa
E-mail: imprensa@unicamp.br - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP