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Softwares auxiliam
professores em sala de aula

Mesmo em laboratórios dotados de recursos para experimentos, seria pouco provável que fossem compreendidos, claramente, alguns dos conceitos biológicos encontrados nos livros didáticos. No ensino superior, a situação não é diferente. Vários assuntos na área de Bioquímica possuem grau significativo de complexidade. Neste sentido, há quatro anos, a equipe do Laboratório de Tecnologia Educacional, do Instituto de Biologia da Unicamp (IB), se dedica ao desenvolvimento de programas de computadores que auxiliam o professor em sala de aula. “O conjunto de CDs, idealizados e produzidos no próprio Laboratório, tem se notabilizado como ferramenta educacional pela diversidade de metodologias adotadas”, avalia o professor Eduardo Galembeck, do Instituto de Biologia, um dos autores dos programas.

Primeira versão tem conteúdos de Bioquímica

A primeira versão foi desenvolvida com conteúdos de Bioquímica – estudo das reações químicas que acontecem em um organismo –, voltados para o ensino superior. Foram vendidas cerca de mil cópias, desde que foi lançada, em 2000. Só em licenças para universidades, foram vendidas perto de 15, sem contar as disponibilizadas gratuitamente para universidades públicas. Até mesmo para o exterior foram comercializadas licenças de uso dos softwares. Agora, a versão mais atualizada da série conta com um assunto a mais e foi feito com uso do programa Flash, por oferecer maior grau de compatibilidade com outros programas de computadores.

A nova edição do CD Bioquímica já vendeu perto de 200 cópias. Nestes números não estão incluídos os acessos via internet, pois além da opção de compra do CD, todos os programas estão disponíveis on line. Para Galembeck, a idéia é disponibilizar conteúdos de temas complexos e que, em geral, levariam muito tempo para ser testados em bancada. Um exemplo emblemático são os experimentos com enzimas, comuns em biologia. Os programas permitem simular as propriedades sem precisar utilizar um laboratório.

Galembeck garante que a intenção não é substituir a aula prática pelo computador. “O que ocorre é que a compreensão fica facilitada quando se tem a possibilidade de simular. No caso de sua utilização no Instituto de Biologia, os programas são bastante úteis e, em algumas vezes, são usados antes que o aluno vá para o laboratório”. Mesmo com o volume de cópias vendidas, Galembeck assegura que a iniciativa não tem fins lucrativos. “O valor que recebemos é empregado no sustento do laboratório, e é revertido em bolsas para estudantes de graduação”.

Ensino médio – Os programas criados para os professores de ensino médio constituem a série “Biologia em Multimeios”. O kit é formado por um CD e manual. A versão contém animações, simulações e conteúdos detalhados sobre cinco temas. Neles são dissecados temas sobre o movimento das plantas, ciclo da vida em vegetais, estômatos, embriologia e nutrição. A série é resultado dos melhores projetos realizados na disciplina sobre desenvolvimento de software para ensino de biologia, ministrada por Galembeck.

Para os professores que possuem acesso pela internet, os programas podem ser copiados para o computador e até alterados, pois são distribuídos nos termos de software livre. Além do aspecto positivo de melhor visualização dos conteúdos, Eduardo Galembeck acredita que os detalhes dos temas acabam despertando interesse maior sobre o assunto e motivam o aluno a querer aprender ainda mais sobre biologia. “A partir das experiências com os projetos ‘Teia do Saber’ e ‘Universidade de Portas Abertas’, nos quais os programas ficaram disponibilizados, observamos o uso dos softwares por alunos de diferentes perfis. A resposta foi bastante significativa”.

As variações das metodologias utilizadas são outro ponto importante da iniciativa. Gabriel Hornink, um dos autores do CD “Guia Prático e Teórico de Parasitas Intestinais Humanos”, acredita que os softwares atingem uma maior gama de alunos, pois possuem conteúdos para leitura, esquemas, imagens e animação. Ele explica que a utilização dos programas por parte do professor pode variar de acordo com o perfil do aluno. “Há alunos que gostam mais de aprender através da leitura. Outros, porém, preferem as simulações e os programas contemplam várias metodologias”.

Bioquímica – Os programas para o ensino de Bioquímica foram os primeiros a serem idealizados. Como parte de seu trabalho de doutorado, Galembeck desenvolveu os primeiros programas. Segundo ele, o conteúdo foi selecionado pela vasta experiência do professor Bayardo Torres na área de ensino da disciplina. “Fizemos uma coletânea de assuntos complexos, que seriam interessantes se abordados com recursos multimídia”. Na nova versão do CD “Bioquímica” constam os seguintes conteúdos: COM (Consumo de oxigênio por mitocôndrias isoladas), CTE (Cadeia de transporte de elétrons), Contração muscular, Cinética Enzimática, Nutrição, Radicais Livres e AMP Cíclico.