Um experimento de laboratório relaciona a dieta rica em açúcar com o desenvolvimento da hipertensão arterial. O trabalho foi realizado pela fisioterapeuta Tatiana de Sousa da Cunha para seu doutoramento na Faculdade de Odontologia de Piracicaba, sob orientação da professora Fernanda Klein Marcondes.
Instituto do Coração ajudou na pesquisa
De acordo com Tatiana Cunha, a ingestão de frutose por animais de laboratório durante 12 semanas causou disfunção renal e prejuízo no controle da concentração sanguínea de glicose. A fisioterapeuta explica que, mesmo não tendo observado elevação da pressão arterial e diabetes nos animais, eles apresentaram menor eficiência no controle da pressão arterial e se mantiveram em um estado denominado de pré-diabetes.
Neste sentido, a autora, que no estudo buscou entender as complicações decorrentes de diabetes mellitus, sugere que a associação entre a dieta rica em carboidratos e os problemas cardiovasculares pode estar relacionada com lesões renais em estágios iniciais da hipertensão ou diabetes.
O estudo foi realizado em colaboração com pesquisadores do Instituto do Coração, em São Paulo, e da Universidade Wright State, em Ohio (EUA), tendo obtido a devida aprovação pelos comitês de ética institucionais.
Tatiana Cunha avaliou também os efeitos do exercício físico em animais hipertensos e diabéticos. Ela explica que, embora seja conhecido o benefício da atividade física nos portadores de hipertensão arterial, não há dados sobre seus efeitos em indivíduos simultaneamente hipertensos e diabéticos. “Conhecer esses mecanismos é importante para aprimorar as opções terapêuticas”, observa.
O treinamento físico aeróbio moderado atenuou os malefícios da associação entre hipertensão e diabetes. Também melhorou a eficiência do sistema de controle da pressão arterial e da atividade do músculo cardíaco, o que resultou em aumento significativo na sobrevida dos animais.
A professora Fernanda Marcondes pondera que essas experimentações ainda são necessárias para se conhecer mecanismos fisiopatológicos relacionados com doenças de diferentes espécies animais e do homem. “Infelizmente, os métodos alternativos ainda são insuficientes e algumas metodologias, por questões éticas, não podem ser utilizadas em seres humanos”.