A dança contemporânea vem, desde os anos 1970, ganhando cada vez mais adeptos, atraindo o público para os teatros. “É um rompimento com a mecanização dos movimentos. Ao contrário do que ocorre com o balé clássico, eles não são prontos e fechados. São mais soltos e exigem um olhar mais apurado para o próprio corpo”, destaca Jussara Miller, coreógrafa e doutoranda em Dança do Instituto de Artes da Unicamp. Ela lança no dia 5 de setembro, às 19 horas, o livro “A escuta do corpo: sistematização da técnica Klauss Vianna”, na livraria Fnac, em Campinas.
A publicação, editada pela Summus Editorial, traz uma abordagem inédita de Klauss Vianna, um dos precursores da dança contemporânea no Brasil. O diferencial no trabalho de Jussara é abordar uma sistematização dos princípios do coreógrafo e, até mesmo, propor procedimentos para quem deseja iniciar neste conceito. “O enfoque é para a prática corporal em sala de aula”, destaca. Segundo a pesquisadora, a figura de Vianna é muito estudada no meio acadêmico nas questões de semiótica. Sobre os princípios da técnica, no entanto, há uma grande carência de bibliografia.
“Vianna influenciou várias gerações e, na última década, até mesmo o ensino do balé clássico sofreu transformações”, explica Jussara que teve aulas com Klauss, na década de 1990.
A doutoranda destaca que não foi só na dança que o coreógrafo marcou época. “Também o teatro e a música observam sua técnica para uma reeducação postural e expressão do movimento. A técnica, no entanto, não exclui outros estilos de dança. Pelo contrário, ela deixa o corpo disponível para performance, para a dança e para o canto. Os profissionais de dança têm percebido nos movimentos da dança contemporânea uma maneira mais orgânica de trabalhar o corpo”, acredita Jussara. Ela destaca ainda que as oportunidades para a produção artística da dança contemporânea têm aumentado, facilitando, com isso, o acesso e formação de público.