RAQUEL DO CARMO SANTOS
Um sachê absorvedor de oxigênio, próprio para conservar os alimentos em temperatura ambiente, foi desenvolvido pela química Lilian Rodrigues Braga nos laboratórios da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) e do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital). Os sachês são recomendados para o armazenamento junto com produtos de umidade intermediária, como por exemplo os cárneos do tipo “Jerked beef”, semelhantes à carne seca. Sua função é absorver o oxigênio da parte interna da embalagem e, com isso, prolongar a vida de prateleira e manter a qualidade microbiológica e as propriedades sensoriais do alimento.
Segundo Lilian, que foi orientada pela professora da FEQ Leila Peres, em colaboração com a pesquisadora Claire Sarantópoulos, este tipo de tecnologia é conhecida como embalagem ativa e é largamente utilizada em países como Japão, Austrália, Estados Unidos e em parte da Europa. No Brasil, os estudos para o desenvolvimento são recentes e podem ser considerados uma inovação tecnológica.
A química explica que muitos produtos alimentícios são sensíveis ao oxigênio, o que pode levar à deterioração , reduzindo a sua vida útil. “Muitos são os alimentos que podem sofrer com este efeito, tais como massa fresca e pré-cozida, carnes processadas, produtos de panificação, queijo, café, nozes e batata frita. Por isso, o oxigênio é um fator extrínseco, de importância significativa”, esclarece. Entre outros prejuízos aos alimentos, podem ocorrer a oxidação de óleos, gorduras e vitaminas, a descoloração de pigmentos, o escurecimento enzimático e o desenvolvimento de insetos e de microorganismos.
Por todos esses fatores, em grande parte dos produtos é desejável que o oxigênio seja eliminado ou mantido sob controle na embalagem. Neste sentido, os estudos iniciais foram conduzidos nos laboratórios da FEQ e do Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea) do Ital, e tiveram o objetivo de caracterizar dois tipos de sachês comerciais importados, além do desenvolvimento de um terceiro.
Lilian revela que os resultados demonstraram que o novo sachê teve melhor desempenho que os comerciais para possível aplicação em alimentos armazenados em temperatura ambiente, e que possuem uma umidade intermediária como o “Jerked beef”, produto de exportação do Brasil.